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Projeto da UnB adapta partituras para Braille
Realizado pelo PPNE, o Musicografia Braille transcreve material dida¡tico para ser usado no curso de Maºsica
Por Nair Rabelo - 07/01/2020

No dia 4 de janeiro, écelebrado o Dia Mundial do Braille, em homenagem ao criador do sistema de escrita ta¡til, o francaªs Louis Braille. O ca³digo éutilizado por pessoas com deficiência visual, como éo caso da estudante Carolina Lima, que estãono quarto semestre de licenciatura em Maºsica na Universidade de Brasa­lia.


Equipe do projeto do PPNE responsável pela adaptação do material
a ser usado por Carolina Lima (ao centro).
Foto: AndréGomes/Secom UnB

Atéo primeiro semestre de 2019, a graduanda recorria a  Escola de Maºsica de Brasa­lia (EBM), de onde éegressa, para trazer a transcrição do material usado no curso da UnB, e a Coordenação de Apoio a s Pessoas com Deficiência do Decanato de Assuntos Comunita¡rios (PPNE/DAC) realizava as impressaµes em Braille. Mas as coisas mudaram desde agosto, com a entrada em exerca­cio de projeto de adaptação de materiais acadaªmicos para o Musicografia Braille.

Realizada pelo PPNE, a iniciativa se da¡ em parceria com o Laborata³rio de Apoio a s Pessoas com Deficiência Visual da Faculdade de Educação (LDV/FE) e o Departamento de Maºsica do Instituto de Artes (MUS/IdA). O projeto também conta com o apoio da Escola de Maºsica de Brasa­lia (EMB).

Com equipe formada por seis estudantes bolsistas, dois voluntários e uma revisora de textos Braille do PPNE, o projeto adaptou os materiais a serem utilizados por Carolina Lima ao longo do segundo semestre de 2019. Foram produzidos: uma apostila de coral com dez partituras de canto; cinco ca¢nones para a disciplina Linguagem e Estruturação Musical; manãtodo de flauta; três partituras de piano; material e gra¡ficos de matrizes para regaªncia.

O projeto começou em agosto e seguiu atédezembro de 2019 e foi financiado com recursos do Plano Nacional de Assistaªncia Estudantil (PNAES). Para a empreitada foram usados softwares gratuitos desenvolvidos por universidades brasileiras: Braille Fa¡cil, MusiBraille e Monet.

Carolina Lima avalia que o material adaptado facilitou a jornada dela como estudante. “Tambanãm tornou mais a¡gil meu processo de aprendizado”, disse. A ideia éque o projeto produza materiais transcritos para outros estudantes que manifestem interesse. Cada adaptação éfeita de forma personalizada, de acordo com as limitações de cada estudante. Thaa­s Imperatori, coordenadora do PPNE, informa que a UnB tem, na atualidade, registro de 43 estudantes com deficiência visual.

O material para regaªncia, por exemplo, demandou soluções criativas da equipe, já que o foco écriar um conteaºdo acessa­vel para a pessoa com deficiência e com o mesmonívelde desafio do que a versão impressa tradicional. “A pessoa com a limitação visual deve ter as mesmas possibilidades que a pessoa sem limitação. O objetivo do Braille énão favorecer e também não prejudicar”, explica Carolina Pinheiro, revisora de textos em Braille do PPNE.

Tambanãm integraram o projeto os estudantes de Maºsica Lucas Pinheiro, Marcelino da Silva Cruz e Victor Hugo Queiroz, e os estudantes do Instituto de Letras (IL) Mariana Medina, Ana Karoline Versiane e Vanderval Lopes.

Para participar do projeto, énecessa¡rio ter conhecimentos sobre música e Braille. Quem explica éa revisora Carolina Pinheiro: “existem algumas codificações do Braille que énecessa¡rio conhecer”. E saber algo sobre programação também éum diferencial, detalha a servidora.

Carolina Pinheiro explica que a UnB pode produzir quatro tipos de materiais transcritos para estudantes com limitações na visão: transcrição em Braille osfeito pelo PPNE os, tamanho ampliado, formato digital acessa­vel e a¡udio com sintetizador de voz osos últimos três desenvolvidos pelo LDV.

A experiência com os materiais desenvolvidos para a estudante Carolina Lima fizeram o grupo perceber a necessidade de dominar técnicas de adaptação e de criar soluções inovadoras para alcana§ar o resultado esperado. Foi o caso, por exemplo, da criação de uma codificação para a partitura para flauta doce. A tarefa édescrita por Ana Karoline, do curso de La­ngua de Sinais Brasileira/Portuguaªs como Segunda La­ngua, como uma das mais difa­ceis realizadas pela equipe.

FORMAa‡aƒO osThaa­s Imperatori, coordenadora no PPNE, avalia que o projeto, além de gerar material necessa¡rio para os estudos de Carolina Lima, também foi bastante proveitoso para os bolsistas, que precisaram estudar bastante e desenvolver vários conhecimentos e habilidades. Foi o caso de Vanderval Lopes, no quarto semestre de Letras, e também estudante da EMB, que aprendeu Braille ao longo da execução do projeto. Ele conta que também foi necessa¡rio descobrir recursos de regaªncia e estudar coral e flauta.

Mariana Medina, de Letras, conta que as partituras tradicionais contem relativa liberdade de formatação de ca³digos, mas que, para a transcrição para o Braille, énecessa¡rio fazer adaptações. Além disso, Ana Karoline conta que o grupo precisou criar estratanãgias para a própria impressão do material, de forma que o conteaºdo impresso em uma folha fosse coerente e compreensa­vel para a leitura de Carolina Lima.

Alia¡s, a existaªncia de uma impressora de Braille no PPNE foi uma das ferramentas que possibilitou a realização do trabalho. “Quando comea§amos o projeto, não saba­amos o tamanho do desafio, nem o tanto que demoraria para conhecer cada partitura”, conta Carolina Pinheiro.

EDITAIS 2020 osPara dar continuidade aos trabalhos do projeto em 2020, sera£o selecionados dez bolsistas para desempenho de atividades de adaptação de materiais de notação musical para Musicografia Braille. O edital 03/2019 prevaª a possibilidade de formação de cadastro reserva. Os bolsistas devem cumprir carga hora¡ria de 12 horas semanais, com previsão de reuniaµes de acompanhamento e de avaliação com a equipe do PPNE/DAC. O projeto ocorrera¡ de janeiro a dezembro de 2020. As inscrições estara£o abertas de 6 a 15 de janeiro.

Outros dois editais estara£o abertos no ini­cio do ano. O edital 05/2019 selecionara¡ dez bolsistas, preferencialmente, dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Desenho Industrial e afins para projeto de levantamento das condições de acessibilidade arquiteta´nica e urbana­stica na UnB. As inscrições também va£o de 6 a 15 de janeiro.

E em fevereiro, o edital 04/2019 selecionara¡ 30 bolsistas para produção de materiais acadaªmicos em formato acessa­vel para estudantes com deficiência visual. O foco sera£o estudantes, preferencialmente, dos cursos de Pedagogia e Letras em quaisquer de suas habilitações e licenciaturas em quaisquer áreas.

 

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