Oito dos principais filmes do cineasta espanhol, mestre do surrealismo, estara£o em cartaz atéo dia 26 de fevereiro
O Ca£o Andaluz, escrito em parceria com Salvador Dala, émanifesto
surrealista no cinema osFoto: via Flickr
A lâmina da navalha desce lentamente em direção a um olho, pronta para rasga¡-lo. A cena não éfa¡cil, nem digeravel. Mas éica´nica: naquele momento, O ca£o andaluz, de 1929, abria seu caminho como um dos filmes marcantes da história do cinema e paroxismo do surrealismo que fincava suas marcas em várias áreas da criação artastica. E chamava a atenção para seu diretor, o espanhol Luis Bua±uel (1900-1983) — que concebeu o roteiro daquele famoso ca£o em parceria com outro mestre surrealista, Salvador Dali.
Luis Bua±uel, pioneiro no cinema surrealista
osFoto via Flickr
A partir deste filme, fundamental para se compreender a poanãtica existente na obra de Bua±uel, o diretor espanhol pavimentou sua estanãtica criativa e sua visão irrequieta — e,muitas vezes, niilista — do mundo. Depois de sua fase inicial francesa — onde rodou O ca£o andaluz –, Bua±uel colocou o péna estrada: morou nos Estados Unidos, no Manãxico, voltou a sua Espanha natal e terminou seus dias na Frana§a, sempre produzindo muito, e bem: sua obra final, o inquietante e belo Esse obscuro objeto do desejo, éde 1977, quando o diretor já era quase octogena¡rio.Â
Justamente para homenagear os 120 anos que Luis Bua±uel completaria em 22 de fevereiro, o Petra Belas Artes programou uma mostra com oito dos mais importantes filmes do diretor espanhol. A mostra, que conta com os já citados Ca£o Andaluz e Esse obscuros objeto do desejo, apresenta ainda, entre outros, Viridiana — considerado por muitos craticos como sua obra-prima –, O anjo exterminador, O discreto charme da burguesia e A bela da tarde, este com uma Catherine Deneuve deslumbrante vivendo a mulher rica e casada que se prostitui a tarde em um bordel francaªs. Intrigante, o filme, de 1967, atéhoje inspira discussaµes e debates entre cinanãfilos. A mostra vai do dia 20 atéo dia 26, na Sala Oscar Niemeyer do Petra Belas Artes, com sessaµes dia¡rias sempre a s 18h50.
Esca¢ndalo e Almoda³var
A obra de Luis Bua±uel sempre foi cercada de um intenso teor autoral e de uma aura de esca¢ndalo — não a toa influenciou fortemente seu compatriota Pedro Almoda³var –, não escapando do olhar inquisidor da censura, principalmente em seupaís natal, a Espanha, que a anãpoca das principais realizações do cineasta ainda vivia sob a ditadura de Francisco Franco.Â
“Agradea§o a censura franquista por ter proporcionado um final melhor a Viridianaâ€, afirmou certa vez o cineasta, referindo-se ao veto que o final do filme sofreu — com fortes conotações a¡cidas sobre religia£o –, o que obrigou Bua±uel a refazer parte do filme. Para ele, ficou melhor do que a original. E o diretor reverenciou a censura franquista com uma ironia quase surrealista. Afinal, Viridiana acabaria por ganhar a Palma de Ouro em Cannes, em 1961.
Catherine Deneuve éuma mulher rica e casada que se prostitui num bordel parisiense
em A Bela da Tarde osFoto: Reprodução via Cinusp
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