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Unicamp cria versão brasileira do Praªmio Asimov para estimular leitura em estudantes
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estãoorganizando a primeira edia§a£o do Praªmio Asimov-Brasil, que pretende estimular o interesse pela cultura cienta­fica em estudantes secundaristas.
Por Guilherme Gorgulho - 05/03/2020


Cerima´nia de entrega do Praªmio Asimov, na Ita¡lia, em 2019

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estãoorganizando a primeira edição do Praªmio Asimov-Brasil, que pretende estimular o interesse pela cultura cienta­fica em estudantes secundaristas. Criada pelo Instituto de Estudos Avana§ados (IdEA), a iniciativa vai premiar anualmente escritores com obras de divulgação cienta­fica e cultural publicadas no Brasil e alunos de Ensino Manãdio que votam nos melhores livros e produzem resenhas sobre as obras.

A proposta éreproduzir o modelo criado na Ita¡lia, em 2016, pelo fa­sico Francesco Vissani e que conta na sua quinta edição com cerca de 4.000 alunos de 137 colanãgios italianos. Vissani foi o primeiro convidado do IdEA no Programa “Cesar Lattes” do Cientista Residente, em setembro de 2019, e ajudou a conceber a versão brasileira, integrando atualmente a Comissão Cienta­fica.

A primeira etapa prevaª a inscrição das escolas interessadas em participar, sendo que podem se inscrever instituições públicas ou particulares de todo o Estado de Sa£o Paulo. Os professores, diretores ou coordenadores devem enviar um e-mail manifestando o interesse do colanãgio para o enderea§o asimov@unicamp.br. Depois de cadastrada a escola, os alunos podera£o se inscrever atéo dia 3 de junho diretamente pelo site do praªmio: www.asimovbrasil.unicamp.br. As resenhas podera£o ser enviadas até3 de julho e a cerima´nia de premiação ocorrera¡ em setembro.

A Comissão Cienta­fica acaba de anunciar os cinco livros finalistas desta primeira edição: “O Andar do Baªbado: Como o acaso determina nossas vidas”, de Leonard Mlodinow (Editora Zahar); “As Cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo”, de Rachel Ignotofsky (Editora Blucher); “A Vantagem Humana: como nosso cérebro se tornou superpoderoso”, de Suzana Herculano-Houzel (Companhia das Letras); “Fa­sica em 12 lições fa¡ceis e não tão fa¡ceis”, de Richard P. Feynman (Editora Nova Fronteira); e “1499: o Brasil antes de Cabral”, de Reinaldo JoséLopes (Editora HarperCollins).

O praªmio homenageia o escritor Isaac Asimov (1920-1992), um dos mais prola­ficos autores do século XX, que conquistou reconhecimento e sucesso no mercado editorial nos anos 1950 ao iniciar a publicação da sanãrie de ficção cienta­fica “Fundação”. Foi autor de cerca de 500 livros e de centenas de contos em gêneros diversos, como romances de ficção cienta­fica e de suspense, divulgação cienta­fica para jovens e para adultos, cra­tica litera¡ria e ensaios sobre religia£o e humor.

Edição-piloto

Essa primeira edição brasileira estãosendo organizada em parceria do IdEA com o Laborata³rio de Estudos Avana§ados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, o Colanãgio Tanãcnico de Campinas (Cotuca) e o Colanãgio Tanãcnico de Limeira (Cotil), sendo que já existem seis escolas inscritas. Segundo o coordenador adjunto do IdEA, Anderson Fauth, a estrutura descentralizada da premiação permitira¡ o seu crescimento sem o aumento de infraestrutura de recursos computacionais e humanos.

“Este ano estamos aprendendo a organizar o praªmio no Brasil. A atual edição-piloto conta inicialmente com a participação de escolas de Campinas, Limeira e Jundiaa­. Esperamos uma participação cerca de 30 escolas e algumas centenas de alunos. Com a experiência que estamos adquirindo este ano serápossí­vel expandir o praªmio para outras cidades e futuramente outros Estados brasileiros”, afirma Fauth, que éprofessor do Instituto de Fa­sica “Gleb Wataghin”.

O professor JoséAlberto Matioli, diretor associado do Cotil, éum dos responsa¡veis pela coordenação técnica de tecnologia da informação e comunicação do projeto, incluindo suporte e ferramentas de software. O Colanãgio Tanãcnico de Limeira selecionou quatro estagia¡rios do curso de Tanãcnico em Informa¡tica para trabalhar na criação do website e nos sistemas de inscrições, além de quatro profissionais que já atuam na área na instituição. “No momento estãoem desenvolvimento as ferramentas necessa¡rias para o gerenciamento das inscrições de escolas, professores e alunos, bem como a submissão das resenhas pelos estudantes e a avaliação desses textos pelos professores que compora£o o corpo cienta­fico do praªmio”, explica Matioli.


O fa­sico Francesco Vissani, idealizador do Praªmio Asimov, durante palestra para
estudantes na Unicamp em setembro de 2019

Em entrevista por e-mail ao Portal da Unicamp, o fa­sico Francesco Vissani declarou estar muito contente por a Universidade de Campinas ter se inspirado na iniciativa da Ita¡lia para aproximar as gerações mais jovens da cultura cienta­fica pela leitura e avaliação cra­tica de livros. “A versão italiana do Praªmio Asimov produziu vários efeitos positivos: professores de escolas e de universidades tem mais oportunidades de conversar, editoras podem ter seus trabalhos avaliados e os escritores obtem comenta¡rios valiosos”, disse o fa­sico. “E o mais importante de tudo, nospercebemos que os jovens estudantes tem muitas coisas aºteis para dizer osnão hápenas a Greta [Thunberg, ativista sueca]. Na³s precisamos dar a eles uma chance de conversar conosco. Na³s devera­amos gastar um pouco de nosso tempo para ouvi-los.”

Segundo o cientista italiano, o impacto do Praªmio Asimov nos alunos de seupaís ésignificativo, pois a leitura e a discussão das obras levam a uma busca de aprofundamento nos temas, chegando mesmo a influenciar as decisaµes dos jovens sobre seu futuro acadêmico e profissional. “Os estudantes precisam usar sua liberdade para avaliar e escolher o livro. Então, o maior efeito, a meu ver, éque eles percebem que as palavras são importantes. Com certeza isso éparte da definição sobre o que realmente significa a democracia”, explica Vissani, complementando que esse julgamento crítico são pode ser manifestado após a leitura da obra.

Professor do Gran Sasso Science Institute (GSSI), Vissani foi o primeiro cientista laureado com a Medalha Occhialini (2008), iniciativa da Societa  Italiana di Fisica (SIF) em parceria com o Institute of Physics (IOP), do Reino Unido. Diretor de pesquisa nos Laborata³rios Nacionais do Gran Sasso do Istituto Nazionale di Fisica Nucleare (INFN), coordenou o curso de doutorado em Fa­sica de Astroparta­culas no GSSI de 2012 a 2018.

Durante sua experiência na Unicamp, o fa­sico italiano ofereceu um minicurso sobre neutrinos com foco nos estudantes de pós-graduação, além de duas palestras de divulgação cienta­fica para alunos de Ensino Manãdio e paºblico não especializado: “Por que o Sol brilha?” e “Vampiros, Fantasmas, Mutantes: Meta¡foras sobre os Neutrinos”.

Mais informações sobre o Praªmio Asimov-Brasil podem ser obtidas no site www.asimovbrasil.unicamp.br.

 

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