Campus

Meninas SuperCientistas: um incentivo ao protagonismo feminino na ciaªncia
Na vanãspera do Dia Internacional da Mulher, 65 jovens se reuniram na Unicamp para o ini­cio da segunda edia§a£o do evento Meninas SuperCientistas.
Por Liana Coll - 09/03/2020


Segunda edição do Meninas SuperCientistas

Na vanãspera do Dia Internacional da Mulher, 65 jovens se reuniram na Unicamp para o ini­cio da segunda edição do evento Meninas SuperCientistas. Animadas, elas ouviam atentamente a  apresentação do roteiro dos dias que passara£o na Universidade. Sera£o cinco sa¡bados de atividades, com palestras e oficinas que propiciara£o uma imersão pelo mundo da ciaªncia, impulsionando o protagonismo feminino na pesquisa. 

A abertura do Meninas SuperCientistas, ocorrida no Instituto de Computação (IC), foi conduzida pela idealizadora do evento, Marcela Medicina, estudante de Matema¡tica Aplicada e Computacional na Unicamp. Marcela apontou os objetivos da atividade, cujo ponto principal éincentivar as meninas a seguirem carreira na área das ciências.

“Segundo Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [UNESCO], apesar de todas as conquistas nota¡veis realizadas por mulheres, apenas um quarto das pesquisadoras no mundo émulher. A sub-representação éainda menor nas áreas de ciências, tecnologia, engenharias e matemática. Além disso, a falta de reconhecimento das conquistas femininas contribuiu para ideia ultrapassada de que as mulheres não podem atuar nessas áreas, o que a gente sabe que éuma grande mentira. a‰ porque não queremos que os talentos sejam perdidos que vocaªs estãoaqui hoje”, afirmou, dirigindo-se a s participantes. 

A estudante, que éuma das poucas mulheres em sua turma, conta que a ideia de realizar o evento veio atravanãs de um fato experenciado no Astrolab, projeto criado por ela com o objetivo de realizar observações peria³dicas de astros no Museu de Ciências da Unicamp. “Eu estava um dia no museu e uma menininha veio pedir ajuda para mexer no telesca³pio. Fui explicando as coisas e depois o pai dela veio falar comigo para dizer que ela queria ser cientista, estudar os planetas. Fiquei pensando que gostaria de fazer isso com mais meninas”. 

Paralelamente, Marcela descobriu que existia um projeto denominado “Meninas Com Ciência” e entrou em contato com as organizadoras, que prontamente apoiaram a ideia de disseminar iniciativas como aquela. Assim, após fazer um rascunho de atividades que seriam interessantes e buscar apoio de amigas, professoras e patrocinadores, nasceu o Meninas SuperCientistas, cuja primeira edição ocorreu em 2019. 

Na edição que teve ini­cio neste sa¡bado (7), houve um aumento do número de vagas, de 50 para 65, e a inserção de mais um sa¡bado na programação, totalizando cinco encontros. No último dia, pais ou responsa¡veis sera£o convidados a participar das atividades. “Reconhecemos a importa¢ncia de que eles incentivem as meninas a seguirem carreira. Eu sou uma pessoa que sempre tive privilanãgio de ter pai e ma£e que me incentivaram em tudo. a€s vezes vocênão tem chance de estudar numa escola tão boa e éimportante ter alguém em casa que te incentive”, pontua Marcela.

A organização desta edição, que teve quase 3 mil inscrições, além de Marcela, foi composta pelas estudantes Julian Furtado e Juliane Baiochi e pelas professoras do IC Sandra avila e Esther Colombini. As docentes foram convidadas a integrar o projeto por possua­rem, em suas áreas, ações de incentivo a  participação feminina. Sandra, por exemplo, foi uma das responsa¡veis pelo chamado especial a graduandas para a participação na Escola de Vera£o de programação da Unicamp. Já Esther vem atuando para aumentar a presença das jovens em eventos de roba³tica. 

Representatividade importa

No Brasil, as mulheres são 40% das pesquisadoras doutoras nas cinco áreas do conhecimento (lingua­stica, letras e artes; engenharias; ciências sociais aplicadas; ciências exatas e da terra; e ciências da saúde), segundo dados do Open Box da Ciência. No entanto, existe uma ocupação ainda inferior quando se olha para os topos das carreiras e para os Espaços de poder, como em cargos de chefia, além da sub-representação nas áreas de tecnologia, engenharias e matemática, como lembrou Marcela. 

A escolha da profissão, geralmente enviesada culturalmente por papeis atribua­dos a s mulheres, tem um dos marcos no Ensino Fundamental 2, quando há segmentação de disciplinas e não étão comum que professoras mulheres estejam a  frente das matérias de química, física e matemática, conforme pesquisa desenvolvida pela Microsoft. Por isso, épara as jovens dessa fase escolar que o Meninas Super Cientistas foi criado. Ao serem apresentadas a referaªncias e a exemplos de pesquisadoras de sucesso, a ideia éreforçar a compreensão de que as habilidades necessa¡rias para uma carreira cienta­fica podem ser desenvolvidas independentemente do gaªnero. 

A importa¢ncia de ver tantas referaªncias femininas foi logo percebida pela estudante da Escola Municipal Virginia Mendes Antunes de Vasconcellos, Mariana Cristina Vasconcelos Camargo, de 13 anos. “a‰ incra­vel, vou buscar me inspirar nelas”, conta. Ela diz que as disciplinas que mais gosta, física e química, são ministradas por professores homens em sua escola. “Vejo professora de portuguaªs, de artes, mas na física e química não”. No entanto, Mariana, que pretende realizar sua graduação na Unicamp, compartilha uma certeza: “as mulheres podem chegar a qualquer patamar. a‰ preciso parar com o patriarcado, fazer com que no Brasil tenha menos violência com as mulheres e parar de achar que elas são fracas”. 

agata Giovana dos Santos Silva, de 14 anos, também não conseguia esconder o entusiasmo. Moradora de Sa£o Paulo, ela diz estar animada para conhecer as trajeta³rias e os trabalhos desenvolvidos pelas pesquisadoras. “O evento mostra uma força empoderada das mulheres na luta por igualdade. As mulheres ainda são em poucas, mas elas são focadas”, observa. Interessada em seguir carreira na Astronomia, agata participa anualmente da OlimpÍada Brasileira de Astronomia (OBA) e acredita que o evento vai a ajudar a escolher os rumos que deve seguir nos estudos. “Como eu vou me especializar nessa área, eu preciso saber como anã, o que eu devo estudar”.

Atividades

No primeiro sa¡bado do Meninas SuperCientistas, a abertura do evento contou com as boas-vindas dadas pelo diretore do Instituto de Computação e pelo diretor associado do Instituto de Matema¡tica, Estata­stica e Computação Cienta­fica, professores Anderson Rocha e Ricardo Miranda, e a apresentação das atividades pelas organizadoras. Apa³s, foram realizadas palestras sobre temas como tecnologias. Já pela tarde, houve uma visita ao escrita³rio do Ifood em Campinas.

Nos demais encontros, havera¡ oficina com a pesquisadora Luisa Pinto, da Faculdade de Engenharia Quí­mica, sobre funcionamento de fotobiorreatores e crescimento de microalgas; minicurso do Grupo de Estudos em Roba³tica (GER) sobre roba³tica e tecnologia; visita ao Museu Aberto de Astronomia (MAAS) e visita ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), guiada pela professora Ana Zeri, que mostrara¡ laboratórios e o Sirius, o acelerador departículas considerado a maior e mais complexa estrutura cienta­fica já construa­da no Brasil.

 

.
.

Leia mais a seguir