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Unesp mobiliza dezenas de pesquisadores contra a Covid-19
Comitaª cienta­fico criado estãocoordenando aa§aµes de pesquisa, diagnóstico e assistaªncia
Por Jorge Marinho e Fabio Mazzitelli - 23/03/2020


Grupos de pesquisa dos diversos ca¢mpus da Unesp se estruturam e, no momento,
existem cerca de 40 pesquisadores, de várias unidades da Universidade, trabalhando
na investigação cla­nica e epidemiola³gica da Covid-19 e em
outras frentes cienta­ficas Imagem: iStock

Para responder a  emergaªncia em saúde publica decorrente da pandemia de Covid-19, a Unesp criou o Comitaª Cienta­fico Unesp Covid-19, presidido pela assessora da Pra³-Reitoria de Pesquisa (Prope) da Unesp, professora Canãlia Regina Nogueira.

O objetivo éagregar todas as pesquisas que são desenvolvidas ou estãosendo estruturadas na Unesp, no sentido de encontrar respostas de curto, manãdio e longo prazos que contribuam para a prevenção e o combate a Covid-19.

“Essa coordenação impulsionara¡ os projetos existentes e estimulara¡ a formação de novas redes de pesquisa, além de prospectar competaªncias em todas as áreas do conhecimento para trabalhar de forma transversal”, explica a presidente do comitaª.

Grupos de pesquisa dos diversos ca¢mpus da Unesp se estruturam e, no momento, existem cerca de 40 pesquisadores, de várias unidades da Universidade, trabalhando na investigação cla­nica e epidemiola³gica da Covid-19 e em outras frentes cienta­ficas.

O professor da Faculdade de Medicina da Unesp, ca¢mpus de Botucatu, Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza éinfectologista e epidemiologista e membro do comitaª de contingenciamento do Estado de Sa£o Paulo na área de controle e prevenção ao coronava­rus. Ele destaca ainda outras duas linhas de pesquisa: a busca ativa por meio de sistemas de informação que utilizam a mineração de dados e inteligaªncia artificial para prever o que acontecera¡ nos pra³ximos dias. Já a segunda éa rede de pesquisadores que comea§a a se formar para estudar a resiliencia das pessoas durante esse período de isolamento social.

“a‰ a Unesp unindo forças como instituição, para reiterar nossa função social. Uma vez que existe um clamor da sociedade para que a universidade produza pesquisa de resultados rápidos. Por isso, além das ciências médicas, biológicas, matemáticas e geogra¡ficas, também precisamos de antropa³logos, historiadores e psica³logos para que nos ajude a entender o comportamento humano em situações de quarentena. Vivemos um momento em que épreciso tomar medidas dra¡sticas a partir de evidaªncias cienta­ficas pouco estruturadas”, analisa o epidemiologista.

A Unesp também organiza-se para constituir uma rede de diagnóstico do novo coronava­rus. Com o avanço e a disseminação da doença na cidade de Sa£o Paulo e no Brasil, existe a preocupação com a chegada da doença ao interior do Estado de Sa£o Paulo.

Para isso, a Universidade vai utilizar o parque tecnola³gico instalado em diferentes unidades universita¡rias que cobrem várias regiaµes do estado, o que pode ser visto como uma vantagem para a identificação rápida dos casos.

Nesse sentido, um grupo de docentes e pesquisadores das unidades do ca¢mpus de Botucatu e do Hospital das Cla­nicas da mesma cidade estãotrabalhando na construção de uma metodologia padronizada que detecte a presença do va­rus por Polymerase Chain Reaction (PCR) ou Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real.

“O diagnóstico precoce vem se mostrando uma estratanãgia efetiva no controle da pandemia quando se observam ospaíses que a adotaram”, aponta Canãlia Regina Nogueira.

A assistaªncia a  população também entrou no radar da Faculdade de Medicina da Unesp e do Hospital das Cla­nicas de Botucatu antes mesmo do primeiro caso confirmado no interior de Sa£o Paulo. A preparação para o que pode vir começou há45 dias, com a montagem de um time de resposta cla­nica a  Covid-19, com especialistas da infectologia, cla­nica médica geral, pneumologia e profissionais da Emergaªncia e do Setor de Terapia Intensiva do HC.

“Juntos com a superintendaªncia do hospital, construa­mos um protocolo cienta­fico no atendimento da assistaªncia para o manejo cla­nico do paciente com Covid-19, desde o ambulata³rio, passando pela internação atéchegar a  UTI, nos casos mais graves”, explica o chefe do Servia§o de Infectologia do HC e do Departamento de Infectologia da Faculdade de Medicina, professor Alexandre Naime Barbosa.

Tambanãm foram realizadas ações estruturais. Todas as consultas eletivas foram suspensas e todo o quarto andar do prédio novo do HC, com 20 consulta³rios, foi alocado para atendimento ambulatorial de pacientes com Covid-19. Internações e cirurgias eletivas também foram desmarcadas para aumentar o número de leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI, que aumentou a capacidade instalada em 100%.

Observatório

Outra frente cienta­fica aberta pela Unesp neste momento foi a criação, em parceria com pesquisadores de outras universidades, do Observatório Covid-19, que estãoajudando a compreender a evolução da pandemia no Brasil, por meio de modelos matema¡ticos. 

Liderada pelo pesquisador Roberto Kraenkel, a iniciativa já alertou as autoridades de saúde, na semana passada, que o ritmo da disseminação do novo coronava­rus (Sars-CoV-2) no Brasil estava igual ao da Ita¡lia, o que foi amplamente divulgado pela ma­dia. Dias depois, o governo de Sa£o Paulo anunciou a quarentena para todo o estado. "Do ponto de vista da saúde pública, essa fase inicial éo momento de agir, e agir o quanto antes, para tentar desacelerar o ritmo de crescimento da epidemia e reduzir a altura do pico para onívelmais baixo possí­vel, tornando a curva achatada", afirmou o fa­sico Roberto Kraenkel a  reportagem da Revista Pesquisa Fapesp. 

Participam da iniciativa do Observatório Covid-19 fa­sicos da Unesp, USP, Unicamp, UnB (Universidade de Brasa­lia), UFABC (Universidade Federal do ABC), Universidade de Berkeley (nos Estados Unidos) e Universidade de Oldenburg (na Alemanha).

Outros dois grupos da Unesp trabalham com modelos matema¡ticos para monitorar a evolução da pandemia. Um deles, do qual faz parte o professor Raul Borges Guimara£es, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), do ca¢mpus de Presidente Prudente, estãoconstruindo mapas que detalham possa­veis rotas de dispersão da Covid-19 pelo interior paulista.

"Como a Unesp estãopresente em 24 cidades paulistas, com ca¢mpus em praticamente todas as regiaµes administrativas do Estado de Sa£o Paulo, esse foco no interior éum diferencial da Universidade nesse sentido. Sa£o mais de 20 milhões de pessoas que vivem no interior paulista", afirma a professora Canãlia Regina Nogueira.

A professora e pesquisadora Paula Rahal, do ca¢mpus de Sa£o Josédo Rio Preto, éa vice-presidente do Comitaª Cienta­fico Unesp Covid-19.

 

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