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Projeto da Poli permite construir ventiladores pulmonares 15 vezes mais baratos em tempo recorde
Expectativa écomea§ar a produzir em três semanas e ter alguns milhares produzidos em cinco semanas para unidades hospitalares; custo estimado éde mil reais, em comparaça£o a  média de 15 mil para um ventilador no mercado hoje
Por Antonio Carlos Quinto - 28/03/2020

Foto: Stephane Mahe/ Reuters

Pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP estãodesenvolvendo o projeto de um ventilador pulmonar meca¢nico que podera¡ ser produzido por fabricantes autorizados, rapidamente e com menor custo, para atender a s emergaªncias em pacientes atingidos pela covid-19. A iniciativa atende a um pedido da diretoria da Poli e reaºne docentes, pesquisadores, alunos e representantes da iniciativa privada. Enquanto um respirador convencional no mercado tem um prea§o ma­nimo de cerca de R$ 15 mil, o projeto da Poli permitira¡ produzir o equipamento a um valor em torno de R$ 1 mil. “Por suas caracterí­sticas, o projeto ira¡ viabilizar a construção de alguns milhares de ventiladores a partir de três semanas e ter milhares produzidos em cinco semanas”, afirma o engenheiro Raul Gonzalez Lima, coordenador de um grupo de cerca de 40 pessoas que estãoenvolvidas na iniciativa, que teve ini­cio já na última sexta-feira, dia 20 de mara§o.

“Nosso projeto oferece as funcionalidades consideradas necessa¡rias ao tratamento da covid-19 aliadas a  simplicidade e a  velocidade de manufatura”, diz, ao explicar que as pea§as que constituem o equipamento, na sua maioria, podem ser adquiridas no mercado de fabricantes nacionais. Algumas se encontram em estoques e em distribuidores. “Este conjunto de medidas facilitara¡ a montagem dos ventiladores”, informa o engenheiro. “Procuramos no mercado um fabricante do componente ou quem tenha ele em estoque. Por exemplo, o componente chamado motor de passo foi encontrado em estoque e em quantidade significativa.”

Segundo Gonzalez, o projeto tem licena§a open source, ou seja, éaberto para utilização pelos interessados em produzir o ventilador. Ele diz que a Poli seráa responsável pelo projeto, mas não pela fabricação, que deve ser feita por empresas com autorização da Agência Nacional de Vigila¢ncia Sanita¡ria (Anvisa). A Anvisa inclusive já baixou uma portaria disciplinando quais empresas podem montar os ventiladores e exige que tenham certificação para manufatura de equipamentos médicos, odontola³gicos ou hospitalares. 

Equipamento emergencial

Para atender a  urgência que a situação demanda, os pesquisadores da Poli desenharam um projeto que eles consideram simples, mas que mantanãm, segundo testes de subsistemas, muitas funcionalidades em relação aos respiradores convencionais, normalmente usados nas unidades hospitalares no tratamento de sa­ndrome de angaºstia respirata³ria. Como exemplo, Gonzalez cita o controle de amplitude do pulma£o, a frequência do ciclo respirata³rio, o controle do tempo de inspiração e expiração, e a mistura de ar com oxigaªnio. O trabalho da Poli prevaª também o uso de softwares. “Inclusive podemos utilizar processadores que são fabricados aqui mesmo na Poli”, afirma.

Segundo o engenheiro, o subsistema meca¢nico de inspiração e expiração  já estãosendo testado com sucesso. E como a agilidade éa marca dessa iniciativa, Gonzalez adianta que o projeto já estãocom seus parametros ba¡sicos todos conclua­dos. Entre os colaboradores, um grupo estãoresponsável pela tecnologia e outro atua na busca de fornecedores, montadores e financiadores. “Estamos montando uma rede de auxa­lio que envolve atémesmo representantes da iniciativa privada”, relata. “Caso a necessidade de ventiladores seja maior do que o que os fabricantes dos equipamentos nacionais consigam manufaturar, estaremos prontos para produzir em poucas semanas. A expectativa éatender o pico da demanda provocado por esta pandemia”, avalia Gonzalez.

 

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