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O desafio de obter reagentes para produzir testes
A enorme demanda mundial leva fornecedores a priorizar os mercados norte-americano e europeu. Rede USP para o Diagnóstico da Covid-19 se articula com governo estadual para contornar problema.
Por USP/MaisConhecer - 03/04/2020

foto: Taºlio Santos

A obtenção de reagentes ba¡sicos para fazer os testes de diagnóstico molecular da covid-19 éum dos desafios no combate a  epidemia no Brasil. “No momento, háuma enorme demanda mundial para a aquisição dos insumos necessa¡rios ao teste de PCR em tempo real para a detecção da covid-19. Existem poucos fornecedores, todos do exterior, que priorizam a entrega de insumos para os mercados americano e europeu. Espera-se que a negociação em bloco para a aquisição de insumos pela Secretaria de Saúde (do Estado de Sa£o Paulo) deva facilitar as negociações com os fornecedores”, disse.

A RUDIC éconstitua­da por cinco centros da USP voltados para a realização dos testes de diagnóstico molecular para covid-19 no Estado: dois na capital, um em Ribeira£o Preto, um em Bauru e outro em Pirassununga. Quem coordena a Rede éo professor Roger Chammas, titular da Faculdade de Medicina (FMUSP), com a vice-coordenação de Lua­s Carlos de Souza Ferreira, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Segundo o comunicado, “os testes moleculares se baseiam na detecção, por reação de PCR em tempo real, do material genanãtico do va­rus e, consequentemente, permitem a identificação de indivíduos portadores do va­rus”. Essa informação écrucial, particularmente neste momento, para o enfrentamento da epidemia, pois permite, de acordo com o comunicado:  

1. a identificação de indivíduos infectados sintoma¡ticos. Isso permite que eles recebam o tratamento adequado e as precauções necessa¡rias para evitar a disseminação da infecção, particularmente, no ambiente hospitalar;

2. a identificação de indivíduos infectados assintoma¡ticos. Desta maneira, pessoas que contraa­ram o va­rus, mas não apresentam sintomas, sejam identificadas e encaminhadas para isolamento evitando, dessa forma, o espalhamento da infecção;

3. o monitoramento da infecção em funciona¡rios de saúde em hospitais e unidades de pronto atendimento;

4. no caso de a³bito, o exame possibilita a confirmação da infecção pelo coronava­rus e, com isso, auxilia parentes nas precauções a serem tomadas para o enterro.

Ainda segundo comunicado da RUDIC, “foi feito o levantamento das condições para a realização de testes moleculares assim como levantamento das demandas para que os grupos possam atingir a meta proposta de um ma­nimo de 45 mil testes/maªs. No momento, as equipes tem condição reduzida para realizar os testes em função da falta de insumos necessa¡rios a  realização dos ensaios. A capacidade atual de resposta imediata dos grupos éinferior a 5 mil testes.  

Foram feitos contatos diretos com a Secretaria de Saúde do Estado de Sa£o Paulo para a obtenção de recursos para a rede e a compra centralizada dos insumos para a realização dos testes.

Ma¡quina de PCR e kit de reagentes para diagnóstico osFoto: SPPU

Testes rápidos

Os chamados “testes rápidos” que estãosendo comprados pelo Ministanãrio da Saúde, segundo Lua­s Carlos Ferreira, são importantes para monitorar o espalhamento do va­rus na população.

Apesar de serem de execução rápida — o resultado sai em apenas alguns minutos —, esses testes identificam apenas a presença de anticorpos no sangue do paciente, e não o pra³prio coronava­rus. Ou seja, eles detectam uma resposta imunola³gica que já foi montada pelo organismo da pessoa após a exposição ao va­rus. Essa resposta são surge alguns dias após a infecção (num período que pode variar de 7 a 10 dias após a infecção, dependendo do paciente e da sensibilidade do teste); o que significa que, para a maioria dos que tiverem resultado positivo, já não havera¡ mais riscos de transmissão do va­rus para outras pessoas.  

“A resposta imunola³gica éuma informação epidemiola³gica importante, mas que não ajuda a combater a epidemia”, explica Ferreira. “A grande maioria das pessoas que testarem como positivo já não tera£o mais o va­rus.”

Para Ferreira, a falta de reagentes para testes moleculares “mostra como o desenvolvimento de um parque tecnola³gico baseado em ciência éestratanãgico para qualquer nação”. Paa­ses que desenvolvem pesquisas que resultam em tecnologias incorporadas por empresas, como China e Coreia do Sul, que são auto-suficientes para esses insumos, sofreram bem menos com o gargalo de reagentes. “Precisamos de um parque industrial tecnola³gico que nos garanta autonomia em várias áreas; e a área da saúde éuma delas.”

 

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