Nota da Unicamp
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reitera o seu compromisso com a anãtica e com a ciência na busca por soluções que atendam o adequado acolhimento do paciente, o diagnóstico preciso e a melhor terapaªutica, visando minimizar os efeitos da pandemia COVID-19. Ha¡ em todo o mundo, inclusive no Brasil, uma busca incansa¡vel por medicamentos eficazes para o tratamento dos doentes. Essa busca deve ser pautada exclusivamente pela pesquisa conduzida seguindo manãtodos cientaficos bem estabelecidos, com protocolos claros e subordinados a valores anãticos. Assim, no que diz respeito a declarações sobre o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina (HCQ) para o tratamento da COVID-19, isoladamente ou em associação com azitromicina (HCQ + AZT), a Unicamp, ouvindo especialistas na área, de dentro e de fora da instituição, e amplamente amparada por estudos cientaficos sobre o tema, corrobora as recomendações dos órgãos sanita¡rios e da comunidade médico-cientafica mundial de que não ha¡, atéo momento, evidência cientafica suficiente baseada em ensaios clínicos com humanos sobre a eficácia desses medicamentos para o tratamento da doença causada pelo novo coronavarus.
Como reiterado em editorial de 08 de abril de 2020 da British Medical Journal, uma das publicações cientaficas da área médica mais respeitadas do mundo, o uso da cloroquina e seus derivados na COVID-19 éprematuro e potencialmente prejudicial devido a efeitos colaterais amplamente conhecidos pela comunidade médica.
Medicamentos como a HCQ tem efetivamente sido usados para pacientes portadores de mala¡ria ou doenças autoimunes. No momento, a cloroquina e seus derivados podem ser empregados em situações controladas para essas enfermidades, em pacientes internados sob supervisão médica restrita e intensiva. Nãoha¡, portanto, indicação formal dos mais respeitados órgãos de saúde pública do Brasil e do exterior para o uso profila¡tico ou domanãstico desses fa¡rmacos sem a estrita supervisão, responsabilidade médica e concorda¢ncia explacita dos pacientes.
As manifestações de apoio ao uso da HCQ para COVID-19 se baseiam em evidaªncias fra¡geis, não apoiadas por investigações sãolidas que devem ser fundamentadas em ensaios clínicos controlados. A universidade, como centro do conhecimento, deve sempre recomendar indicações e propostas que valorizem a razãocientafica em lugar de soluções intuitivas e crena§as, que apesar de geralmente bem intencionadas podem estar eventualmente equivocadas.
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 Reitoria
 Campinas, 09 de abril de 2020.