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Unicamp divulga nota sobre uso de cloroquina e hidroxicloroquina
O uso da cloroquina e seus derivados na COVID-19 éprematuro e potencialmente prejudicial devido a efeitos colaterais amplamente conhecidos pela comunidade médica.
Por Unicamp - 09/04/2020



Nota da Unicamp

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reitera o seu compromisso com a anãtica e com a ciência na busca por soluções que atendam o adequado acolhimento do paciente, o diagnóstico preciso e a melhor terapaªutica, visando minimizar os efeitos da pandemia COVID-19. Ha¡ em todo o mundo, inclusive no Brasil, uma busca incansa¡vel por medicamentos eficazes para o tratamento dos doentes. Essa busca deve ser pautada exclusivamente pela pesquisa conduzida seguindo manãtodos cienta­ficos bem estabelecidos, com protocolos claros e subordinados a valores anãticos. Assim, no que diz respeito a declarações sobre o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina (HCQ) para o tratamento da COVID-19, isoladamente ou em associação com azitromicina (HCQ + AZT), a Unicamp, ouvindo especialistas na área, de dentro e de fora da instituição, e amplamente amparada por estudos cienta­ficos sobre o tema, corrobora as recomendações dos órgãos sanita¡rios e da comunidade médico-cienta­fica mundial de que não ha¡, atéo momento, evidência cienta­fica suficiente baseada em ensaios clínicos com humanos sobre a eficácia desses medicamentos para o tratamento da doença causada pelo novo coronava­rus.

Como reiterado em editorial de 08 de abril de 2020 da British Medical Journal, uma das publicações cienta­ficas da área médica mais respeitadas do mundo, o uso da cloroquina e seus derivados na COVID-19 éprematuro e potencialmente prejudicial devido a efeitos colaterais amplamente conhecidos pela comunidade médica.

Medicamentos como a HCQ tem efetivamente sido usados para pacientes portadores de mala¡ria ou doenças autoimunes. No momento, a cloroquina e seus derivados podem ser empregados em situações controladas para essas enfermidades, em pacientes internados sob supervisão médica restrita e intensiva. Nãoha¡, portanto, indicação formal dos mais respeitados órgãos de saúde pública do Brasil e do exterior para o uso profila¡tico ou domanãstico desses fa¡rmacos sem a estrita supervisão, responsabilidade médica e concorda¢ncia expla­cita dos pacientes.

As manifestações de apoio ao uso da HCQ para COVID-19 se baseiam em evidaªncias fra¡geis, não apoiadas por investigações sãolidas que devem ser fundamentadas em ensaios clínicos controlados. A universidade, como centro do conhecimento, deve sempre recomendar indicações e propostas que valorizem a razãocienta­fica em lugar de soluções intuitivas e crena§as, que apesar de geralmente bem intencionadas podem estar eventualmente equivocadas.

 

 Reitoria
 Campinas, 09 de abril de 2020.

 

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