Campus

Construindo pontes, não silos
Um novo estudo revela como o design e a arquitetura do campus do MIT influenciam a interaça£o entre os pesquisadores.
Por Peter Dizikes - 26/03/2022


O Corredor Infinito do MIT osque tem um sexto de milha de comprimento osmistura milhares de pessoas diariamente.

O campus do MIT foi construa­do para conectar pessoas. Algumas estruturas, como o Stata Center, o prédio Sloan ou o prédio do Media Lab, oferecem grandes lobbies, laboratórios flexa­veis e Espaços comuns para aprimorar a colaboração. O Corredor Infinito do MIT osque tem um sexto de milha de comprimento osmistura milhares de pessoas diariamente. Passarelas aanãreas conectam os prédios de pesquisa do campus.

Todos esses elementos de design realmente ajudam as pessoas a trabalharem juntas? Um estudo liderado por acadaªmicos do MIT revela novos detalhes sobre a colaboração no campus do Instituto. No geral, o estudo, que analisa o tra¡fego de e-mail entre professores, pesquisadores e funciona¡rios no campus, confirma que a proximidade física éimportante para a colaboração no local de trabalho, mas acrescenta novas questões sobre como isso acontece.

As pessoas são mais propensas a se comunicar por e-mail depois de se encontrarem em um restaurante do campus, por exemplo, do que em um corredor lotado. O estudo também descobriu que as trocas de e-mail ocorrem com mais frequência entre pesquisadores cujos Espaços de trabalho são conectados por corredores internos em vez de caminhos externos. E uma maior proximidade física pode não substituir a comunicação por e-mail entre pessoas que não se conhecem bem — émais prova¡vel que elas enviem e-mails umas para as outras mesmo quando trabalham próximas.

“Estudar como as relações espaciais podem influenciar os laa§os sociais tem sido de interesse de estudiosos do ambiente construa­do e socia³logos hámuito tempo”, diz Andres Sevtsuk, professor associado do Departamento de Estudos e Planejamento Urbano (DUSP) do MIT, e co- autor de um novo artigo detalhando os resultados do estudo. Enquanto trabalhos anteriores costumavam usar dados de pesquisa para explicar as interações, aqui as informações de e-mail do campus adicionaram dados concretos a  pesquisa.

“Esta¡vamos interessados ​​em levar mais longe essa ideia de relação espacial e examinar seus aspectos mais sutis que não foram bem abordados em pesquisas anteriores”, observa Sevtsuk.

Essas descobertas se aplicam não apenas ao MIT, mas também a outras organizações.

“Essas ideias podem ser exploradas de forma ana¡loga em outros ambientes de trabalho além do MIT, como empresas, organizações ou atéinstituições do setor paºblico”, diz Bahij Chaucey, pesquisador do MIT City Form Lab e coautor do artigo.

O artigo, “Estrutura espacial do local de trabalho e comunicação entre colegas: um estudo de troca de e-mail e relacionamento espacial no campus do MIT”, foi publicado antecipadamente em forma on-line em mara§o, pela revista Social Networks .

Os autores são Chancey; Rounaq Basu, doutorando no DUSP; Martina Mazzarello, pa³s-doc no MIT Senseable City Lab; e Sevtsuk, Charles and Ann Spaulding Career Development Professor Associado de Ciência Urbana e Planejamento no DUSP e chefe do MIT City Form Lab.

A Curva de Allen em diante

Um grande corpo de estudiosos examinou as interações no local de trabalho osmuitas vezes influenciado pelo falecido Thomas Allen, professor da MIT Sloan School of Management, cujo interesse no assunto foi estimulado em parte por um período de trabalho na Boeing. A pesquisa de Allen nas décadas de 1970 e 1980 descobriu que uma maior proximidade tem uma forte relação com uma maior colaboração entre engenheiros, um fena´meno representado pela “Curva de Allen”.

Para realizar este estudo, os pesquisadores usaram dados de e-mail ana´nimos coletados pelo grupo de Sistemas e Tecnologia de Informação do MIT em fevereiro de 2020, um maªs antes da pandemia de Covid-19 alterar as rotinas do campus. Os dados rastreiam quantas trocas bilaterais de e-mail ocorreram entre unidades de pesquisa no campus, como departamentos ou laboratórios; os estudiosos examinaram o número de indivíduos em uma unidade para estimar a quantidade ta­pica de troca de pessoa para pessoa.

A equipe então examinou as relações espaciais entre as unidades de pesquisa, para ver como o ambiente construa­do pode interagir com os padraµes de e-mail. No geral, o estudo abrangeu 33 departamentos, laboratórios e grupos de pesquisa diferentes e 1.455 ocupantes de escrita³rios.

Os estudiosos também modelaram as prova¡veis ​​rotas de caminhada para o escrita³rio ou laboratório dos trabalhadores do MIT, com base na pesquisa Commute to Work de 2018 do MIT, enquanto também estimavam o tra¡fego total de pedestres ou a aglomeração de cada corredor e local de alimentação no campus. A pesquisa de Sevtsuk incluiu modelagem extensiva de rotas de pedestres em ambientes urbanos usando esses manãtodos.

Mais comida para o pensamento

Muitas descobertas especa­ficas e granulares surgiram do estudo osespecialmente a ideia de que a proximidade éimportante junto com as especificidades do ambiente construa­do. Para comea§ar, tudo o mais constante, os trabalhadores das unidades de pesquisa localizadas perto dos mesmos restaurantes são mais propensos a enviar e-mails e interagir.

“Cafeterias são Espaços onde a comunicação verbal e visual éuma parte importante da cultura alimentar, especialmente em um ambiente de pesquisa como o MIT”, diz Basu.

Nãoter que se aventurar ao ar livre também influencia o comportamento ospelo menos, durante o clima invernal de Massachusetts durante o período do estudo. Para unidades de pesquisa que estãobasicamente a uma distância igual, aquelas ligadas por corredores internos tendem a se comunicar mais do que aquelas separadas por espaço ao ar livre, mesmo quando essa comunicação era na forma de e-mail.

“Vimos claramente que, se os escrita³rios das pessoas estiverem conectados por meio do sistema interno Infinite Corridor, émais prova¡vel que elas se envolvam na troca de e-mails do que se as conexões lógicas entre seus escrita³rios exigirem caminhos externos”, diz Basu.

Como uma ruga adicional, no entanto, corredores realmente movimentados parecem gerar saudações breves mais do que trocas que levam a  comunicação de acompanhamento. “Descobrimos que, se o corredor onde a pessoa A pode estar passando pelo escrita³rio da pessoa B a caminho do trabalho tende a ser mais lotado, isso reduz a probabilidade de A e B trocarem e-mails”, diz Sevtsuk.

No entanto, este não parece ser o caso de cafeterias muito lotadas, que parecem encorajar mais contatos subsequentes. “Um refeita³rio mais lotado poderia oferecer mais oportunidades para se engajar em conversas em grupo, onde novos laa§os sociais podem surgir entre pessoas que são apresentadas por conexões maºtuas”, observa Sevtsuk.

Nãomenos importante, os pra³prios efeitos da proximidade física estãorelacionados a relacionamentos preexistentes. Para pessoas já familiarizadas, a pesquisa sugere que a proximidade leva a mais interações face a face; para aqueles que não estãofamiliarizados uns com os outros, conhecer pessoas por proximidade tende a levar a uma maior proporção de e-mails sendo trocados, em um primeiro momento.

Muitos caminhos pela frente

Os pesquisadores acreditam que sua metodologia pode sugerir maneiras de colocar novos professores ou funciona¡rios em locais aºteis, onde eles possam interagir facilmente com outras pessoas.  

“a‰ possí­vel usar nossas descobertas para identificar onde esses locais estãodentro de cada departamento e escola”, diz Sevtsuk.

Os planejadores do campus também podem continuar a desenvolver ideias evidentes no Stata Center e no edifa­cio Sloan, que tem grandes cafeterias no tanãrreo e “posicionam estrategicamente lounges sociais ou refeita³rios em locais onde o acesso dos escrita³rios ao redor e a probabilidade de passar [por] éo mais alto”, acrescenta Sevtsuk.

Em universidades e campi de empresas de tecnologia, Sevtsuk sugere que, quando novos projetos de construção estãosendo considerados, faz sentido “avaliar estrategicamente suas localizações e sistemas de circulação em relação a  conectividade espacial com os departamentos vizinhos com os quais eles tem maior potencial para ações conjuntas”. pesquisa."

Certamente, o MIT, outras universidades e grandes empresas nem sempre podem se reconfigurar rapidamente. Mas com o tempo, um bom planejamento e design podem aprimorar o trabalho interdisciplinar, a colaboração e gerar encontros fortuitos entre as pessoas. Ou, como os autores afirmam no artigo, “planejar ambientes para incentivar uma maior interação entre diferentes grupos pode oferecer um caminho para conectar redes sociais isoladas e incentivar a troca de informações entre partes improva¡veis”.

 

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