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Um indivaduo imitando os passos de uma dança, um ator representando ou as massas sendo seduzidas por um governo autorita¡rio. Todos esses variados fena´menos envolvem a mimesis, um conceito presente nas obras dos fila³sofos gregos Arista³teles e Platão que éo ponto central de um projeto transdisciplinar financiado pelo European Research Council (ERC) e que tem a Unesp como um de seus colaboradores.
O professor de Filosofia do ca¢mpus de Assis, Hanãlio Rebello Cardoso Jaºnior, foi um dos contemplados em uma chamada promovida pela Fapesp em parceria com o ERC, cujo objetivo foi fortalecer a participação de pesquisadores do estado de Sa£o Paulo em equipes europeias com projetos financiados pelo a³rga£o.
O projeto em questãochama-se Homo Mimeticus - Theory and Criticism (HOM). A iniciativa estãosob coordenação do professor Nidesh Lawtoo, da Universidade Cata³lica de Leuven, na Banãlgica, e tem um apoio financeiro superior a um milha£o de euros até2021.
Engana-se quem pensa que, apesar de remeter a um conceito da Granãcia Antiga, o projeto esteja limitado ao estudo do passado. “Ha¡ alguns anos cientistas descobriram os neura´nios-espelho, que realizam imitação. Estes neura´nios podem ser uma das chaves da inteligaªncia porque o cérebro aprende atravanãs delesâ€, explica o docente de Assis, ao destacar que o projeto articula diferentes áreas como Filosofia, Sociologia, Ciências Polatica, Artes, assim como as chamadas Ciências Duras, principalmente as Neurociências, em torno da mimesis.
Rebello explica que, atualmente, os neurocientistas estãointeressados nas teorias dos fila³sofos sobre a mimesis para entender melhor o mecanismo de aprendizado do nosso cérebro. Esse entendimento éparte do subprojeto submetido pelo professor da Unesp intitulado “Dois problemas acerca da mimese representacional e não representacional - reconfiguração da mimese e mimese hista³rica como pragma¡tica do esquecimentoâ€.
Segundo Rebello, existem dois tipos de mimesis, a representacional e a mimesis não representacional e as duas não se excluem. A primeira mostra que aprendemos imitando um modelo, como se nosso cérebro fosse um espelho. A segunda diz que o aprendizado envolve distorção e simulação do modelo imitado.
O docente aponta que os cientistas já sabem que quando se aprende, por exemplo, uma dança, os neura´nios da visão imitam os movimentos, assim como os da audição imitam o ritmo da música. Esses neura´nios espelham os dados sensaveis. No entanto, a questãoéque, no cérebro, essas áreas dos sentidos se comunicam com centros que comandam o movimento do corpo. Atravanãs de imagens, observa-se que antes mesmos de alguém dançar, esses neura´nios motores já estão"dançando", quer dizer, aprendendo com o que os olhos e os ouvidos captam da dança. O cientistas querem descobrir como se da¡ essa relação entre ver/ouvir a dança e aprender simulando, mesmo antes de se dançar de fato.
A expectativa éque o dia¡logo com pesquisadores de diferentes áreas do projeto Homo Mimeticus intensifiquem a pesquisa realizada pelo grupo do professor de Assis, que atualmente éorientador de 16 projetos que envolvem desde alunos do Ensino Manãdio atéo Pa³s-Doutorado. Para ele, esses alunos também se beneficiara£o direta e indiretamente, inclusive com iniciativas de mobilidade prevista na parceria.