Humanidades

Pesquisa investiga ato de imitar em áreas que va£o desde a Filosofia atéa Neurociaªncia
Mimesis, um conceito presente nas obras dos fila³sofos gregos Arista³teles e Platão que éo ponto central de um projeto transdisciplinar financiado pelo European Research Council (ERC) e que tem a Unesp como um de seus colaboradores.
Por Marcos Jorge - 26/09/2019

Imagem Pixabay


Um indiva­duo imitando os passos de uma dança, um ator representando ou as massas sendo seduzidas por um governo autorita¡rio. Todos esses variados fena´menos envolvem a mimesis, um conceito presente nas obras dos fila³sofos gregos Arista³teles e Platão que éo ponto central de um projeto transdisciplinar financiado pelo European Research Council (ERC) e que tem a Unesp como um de seus colaboradores.

O professor de Filosofia do ca¢mpus de Assis, Hanãlio Rebello Cardoso Jaºnior, foi um dos contemplados em uma chamada promovida pela Fapesp em parceria com o ERC, cujo objetivo foi fortalecer a participação de pesquisadores do estado de Sa£o Paulo em equipes europeias com projetos financiados pelo a³rga£o.

O projeto em questãochama-se Homo Mimeticus - Theory and Criticism (HOM). A iniciativa estãosob coordenação do professor Nidesh Lawtoo, da Universidade Cata³lica de Leuven, na Banãlgica, e tem um apoio financeiro superior a um milha£o de euros até2021.

Engana-se quem pensa que, apesar de remeter a um conceito da Granãcia Antiga, o projeto esteja limitado ao estudo do passado. “Ha¡ alguns anos cientistas descobriram os neura´nios-espelho, que realizam imitação. Estes neura´nios podem ser uma das chaves da inteligaªncia porque o cérebro aprende atravanãs deles”, explica o docente de Assis, ao destacar que o projeto articula diferentes áreas como Filosofia, Sociologia, Ciências Pola­tica, Artes, assim como as chamadas Ciências Duras, principalmente as Neurociências, em torno da mimesis.

Rebello explica que, atualmente, os neurocientistas estãointeressados nas teorias dos fila³sofos sobre a mimesis para entender melhor o mecanismo de aprendizado do nosso cérebro. Esse entendimento éparte do subprojeto submetido pelo professor da Unesp intitulado “Dois problemas acerca da mimese representacional e não representacional - reconfiguração da mimese e mimese hista³rica como pragma¡tica do esquecimento”.

Segundo Rebello, existem dois tipos de mimesis, a representacional e a mimesis não representacional e as duas não se excluem. A primeira mostra que aprendemos imitando um modelo, como se nosso cérebro fosse um espelho. A segunda diz que o aprendizado envolve distorção e simulação do modelo imitado.

O docente aponta que os cientistas já sabem que quando se aprende, por exemplo, uma dança, os neura´nios da visão imitam os movimentos, assim como os da audição imitam o ritmo da música. Esses neura´nios espelham os dados sensa­veis. No entanto, a questãoéque, no cérebro, essas áreas dos sentidos se comunicam com centros que comandam o movimento do corpo. Atravanãs de imagens, observa-se que antes mesmos de alguém dançar, esses neura´nios motores já estão"dançando", quer dizer, aprendendo com o que os olhos e os ouvidos captam da dança. O cientistas querem descobrir como se da¡ essa relação entre ver/ouvir a dança e aprender simulando, mesmo antes de se dançar de fato.


“Essa éuma das relações entre mimesis representacional e não-representacional. Isso tem de ser estudado para que, por exemplo, matema¡ticos possam criar modelos para o funcionamento dos neura´nios que aprendem e para que os la³gicos sejam capazes então de criar linguagens para as ma¡quinas pensarem”

Hanãlio Rebello Jaºnior


A expectativa éque o dia¡logo com pesquisadores de diferentes áreas do projeto Homo Mimeticus intensifiquem a pesquisa realizada pelo grupo do professor de Assis, que atualmente éorientador de 16 projetos que envolvem desde alunos do Ensino Manãdio atéo Pa³s-Doutorado. Para ele, esses alunos também se beneficiara£o direta e indiretamente, inclusive com iniciativas de mobilidade prevista na parceria.

 

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