Humanidades

Quedas na renda podem não apenas prejudicar a carteira, mas também prejudicar o cérebro
ovens adultos que experimentam queda de renda anual de 25% ou mais podem estar mais em risco de ter problemas de racioca­nio e reduzir a saúde cerebral na meia-idade, de acordo com estudo
Por Stephanie Berger - 19/10/2019

Pixabay

"A volatilidade da renda estãoem umnívelrecorde desde o ini­cio dos anos 80 e háevidaªncias crescentes de que ela pode ter efeitos difundidos na saúde", disse a autora Adina Zeki Al Hazzouri , PhD, professora assistente de epidemiologia na Columbia University Mailman School of Public Health.. “Nosso estudo acompanhou participantes nos Estados Unidos por mais de 30 anos, incluindo o período de recessão no final dos anos 2000, quando muitas pessoas experimentaram instabilidade financeira. Nossos resultados fornecem evidaªncias de que uma maior volatilidade da renda durante os anos de maior ganho estãoassociada a um pior envelhecimento cerebral na meia-idade. ”
 
O estudo envolveu 3.287 pessoas com idades entre 23 e 35 anos no ini­cio do estudo e que estavam matriculadas no Desenvolvimento de Risco da Artanãria Corona¡ria no estudo Jovens Adultos (CARDIA), que inclui uma população racialmente diversa. Os participantes relataram sua renda familiar anual antes dos impostos a cada três a cinco anos por 20 anos, de 1990 a 2010.
 

Os pesquisadores examinaram a frequência com que a renda caiu, bem como a porcentagem de variação na renda entre 1990 e 2010 para cada participante. Com base no número de quedas de renda, os participantes se dividiram em três grupos: 1.780 pessoas que não tiveram queda de renda; 1.108 que tiveram uma queda de 25% ou mais em relação a  renda anterior; e 399 pessoas que tiveram duas ou mais dessas gotas.

 
Os participantes receberam testes de pensamento e memória que mediram o quanto bem eles conclua­ram as tarefas e quanto tempo levou para conclua­-las. Para um teste, os participantes usaram uma tecla que emparelhava números 1 a 9 com sa­mbolos. Eles receberam uma lista de números e tiveram que escrever os sa­mbolos correspondentes.
 
Os pesquisadores descobriram que pessoas com duas ou mais quedas de renda tiveram desempenho pior ao concluir tarefas do que pessoas sem queda de renda. Em média, eles tiveram pior pontuação em 3,74 pontos ou 2,8%.
 
"Para referaªncia, esse desempenho ruim émaior do que o normalmente observado devido a um ano de envelhecimento, o que equivale a uma pontuação pior em apenas 0,71 pontos em média ou 0,53%", disse a primeira autora Leslie Grasset, PhD, da Inserm Research. Centro em Bordeaux, Frana§a.
 
Os participantes com mais quedas de renda também tiveram uma pontuação pior em quanto tempo levou para concluir algumas tarefas.
 
Os resultados foram os mesmos depois que os pesquisadores ajustaram outros fatores que poderiam afetar as habilidades de pensamento, como pressão alta,nívelde educação, atividade física e tabagismo.
 
Nãohouve diferença entre os grupos nos testes que mediram a memória verbal.
 
Do grupo de estudo, 707 participantes também tiveram exames cerebrais com ressonância magnanãtica (RM) no ini­cio do estudo e 20 anos depois para medir o volume total do cérebro e os volumes de várias áreas do cérebro.
 

Os pesquisadores descobriram que, quando comparadas a pessoas sem queda de renda, pessoas com duas ou mais quedas de renda apresentaram menor volume cerebral total. Pessoas com uma ou mais quedas de renda também tiveram conectividade reduzida no cérebro, o que significa que havia menos conexões entre diferentes áreas do cérebro.

 
De acordo com os pesquisadores, pode haver várias explicações sobre por que uma renda insta¡vel pode influenciar a saúde do cérebro, incluindo pessoas com renda inferior ou insta¡vel podem ter acesso reduzido a cuidados de saúde de alta qualidade, o que pode resultar em pior gerenciamento de doenças como diabetes ou gerenciamento de comportamentos prejudiciais, como fumar e beber. Embora o estudo não prove que quedas na renda causam saúde cerebral reduzida, ele reforça a necessidade de estudos adicionais que examinem o papel que os fatores sociais e financeiros desempenham no envelhecimento cerebral.
 
O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde, Instituto Nacional de Envelhecimento e Instituto Nacional de Coração, Pulma£o e Sangue.

 

.
.

Leia mais a seguir