Ao planejarem uma viagem, turistas atribuem uma série de critérios que definem seus possíveis destinos. De hospitalidade à comida, alguns fatores afetam diretamente a experiência individual de cada um durante uma viagem. Dentre esses aspectos, um que sobressai, e é fator fundante nesse quesito, é a segurança local.

De acordo com Alexandre Panosso Netto, professor de Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a relação entre turismo e violência é multifacetada. Mesmo destinos tidos como perigosos, muitas vezes, são locais de amplo interesse turístico para muitas pessoas. Países como Jamaica, Bahamas e África do Sul atraem diversos turistas anualmente, mesmo estando na lista dos dez países mais perigosos do mundo para turistas, segundo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

Outro contexto que comprova essa relação paradoxal entre turismo e violência é o aumento da criminalidade em locais com alta atração de turistas. O Vaticano, por exemplo, possui elevados índices de furtos a carteiras e lojas. O professor acredita que a grande circulação de pessoas, no menor país do mundo, é um fator que contribui para esses índices.

Para evitar possíveis contratempos em suas viagens, os turistas têm que adotar uma postura preventiva e estarem devidamente preparados para o contexto local. “Informar-se previamente sobre as áreas mais seguras e aquelas a serem evitadas, utilizar transportes confiáveis, evitar ostentar objetos de valor e manter-se atento aos arredores são atitudes básicas que podem reduzir riscos e garantir uma experiência tranquila”, exemplifica Panosso.

Além do preparo pessoal e conhecimento prévio, obedecer às orientações das autoridades locais é essencial. Contar com o apoio de guias e profissionais de turismo credenciados pode levar a uma melhor experiência e reduzir as chances de eventos indesejados. O professor ainda ressalta que respeitar o contexto local e viajar com prudência e senso de responsabilidade é fundamental.

A crescente violência em destinos turísticos não afeta apenas os visitantes, como também impacta diretamente a vida dos moradores locais. “Quando a violência se instala, o turismo retrai, o investimento escapa e as possibilidades de crescimento sustentável são comprometidas. Por isso, a construção de destinos turísticos seguros é uma demanda que vai muito além do interesse econômico — é uma questão de cidadania e de direitos humanos”, defende Panosso.

A atuação conjunta entre governos, setor privado e sociedade civil é fundamental para a construção de um turismo seguro. Políticas públicas voltadas à segurança e investimentos em infraestrutura urbana são medidas que podem guiar a um ambiente turístico que cumpra seu papel de desenvolvimento, de acordo com o docente.