Humanidades

Cientistas do sexo masculino elogiam sua própria pesquisa Mais
De acordo com um estudo em co-autoria de Olav Sorenson, da Yale SOM, os cientistas do sexo masculino tem mais probabilidade do que suas colegas de usar palavras como
Por Anupam Jena - 05/03/2020



De acordo com um estudo em co-autoria de Olav Sorenson, da Yale SOM, os cientistas do sexo masculino tem mais probabilidade do que suas colegas de usar palavras como "romance", "excelente" e "aºnico" para descrever seu pra³prio trabalho nos ta­tulos e resumos da pesquisa artigos. Em um comenta¡rio do New York Times , ele e seus co-autores escrevem que esse enquadramento parece levar a mais citações e poderia contribuir para disparidades de gaªnero na contratação, promoção, pagamento e financiamento.

As mulheres estãosub-representadas em ciaªncia, tecnologia, engenharia e matemática nos na­veis mais altos. Apenas um em cada quatro professores titulares de instituições de pesquisa americanas émulher, apesar do número igual de homens e mulheres obter doutorado em ciências a cada ano. Nas ciências da vida, émenos prova¡vel que as mulheres recebam grandes verbas ou sejam promovidas a professor titular - e são pagas menos mesmo quando produzem a mesma quantidade de produção acadaªmica que os homens.

Identificamos outro componente, muito menos discutido, da disparidade de gaªnero na ciaªncia: os homens tem muito mais probabilidade do que as mulheres de elogiar suas próprias pesquisas e enfatizar sua importa¢ncia.

Em um estudo publicado no British Medical Journal , analisamos os ta­tulos e resumos de mais de seis milhões de artigos sobre ciências da vida. Suspeitamos que as equipes cienta­ficas lideradas por homens possam enquadrar suas descobertas de pesquisa de maneira mais lisonjeira, usando termos como "romance", "excelente" e "aºnico" para descrever seus resultados.

De fato, eles fazem. Nas revistas cienta­ficas mais citadas, as equipes cienta­ficas lideradas por homens tiveram 21% mais chances do que as equipes lideradas por mulheres que publicam estudos compara¡veis ​​para usar adjetivos positivos para enquadrar suas descobertas de pesquisa.

Aquilo importa. Os cientistas usam ta­tulos e resumos para exibir artigos e decidir o que ler. A apresentação positiva dos resultados da pesquisa por cientistas do sexo masculino pode atrair mais atenção de outros na comunidade cienta­fica. Com certeza, descobrimos que o maior uso de rotação positiva por equipes lideradas por homens estava ligado a mais citações.

Como as citações de pesquisas cienta­ficas costumam servir como uma manãtrica chave nas decisaµes de contratação, promoção, pagamento e financiamento, essas diferenças na autopromoção também podem se traduzir em disparidades de gaªnero em muitos na­veis.

Nossa análise foi responsável por vários fatores que poderiam justificar razoavelmente o enquadramento positivo dos resultados de pesquisas de cientistas do sexo masculino. Por exemplo, se os cientistas do sexo masculino fizeram pesquisas desproporcionais em áreas cienta­ficas mais recentes, o maior uso de termos positivos para descrever suas pesquisas pode fazer sentido.

Mas não encontramos evidaªncias de que o uso mais frequente de spin dos cientistas do sexo masculino se originasse de sua ciência ser mais nova ou inovadora.

a‰ bem reconhecido que homens e mulheres usam a linguagem de maneira diferente. Alguns estudos na população em geral sugerem que os homens usam uma linguagem mais assertiva e as mulheres uma linguagem mais tentadora ao se comunicar.

Os estudos nas ciências chegaram a conclusaµes semelhantes. Uma análise textual de aproximadamente 7.000 propostas de bolsas de pesquisa para a Fundação Gates constatou que, apesar dos revisores de bolsas não conhecerem a identidade da candidata, as mulheres receberam notas mais baixas. A lacuna poderia ser explicada inteiramente pelas diferenças de gaªnero na maneira como os candidatos estruturaram sua pesquisa.

Ainda existem perguntas não respondidas: as mulheres optam por não apresentar sua pesquisa de maneira mais positiva ou são mantidas em padraµes diferentes pelos revisores e editores que governam o processo de revisão cienta­fica por pares? Nossa pesquisa, éclaro, não pode determinar a melhor quantidade de enquadramento positivo para a pesquisa. Mas isso levanta questões sobre as quais a comunidade cienta­fica - homens e mulheres - pode precisar refletir.

Na maioria das ocupações, a maneira como os indivíduos “vendem” a si mesmos para os outros éum fator para o progresso. Embora tenhamos nos concentrado nos cientistas, nossas descobertas lana§am uma nova luz sobre como homens e mulheres discutem reivindicações sobre realizações, cienta­ficas ou não, e como essas diferenças podem se combinar com outras formas de desigualdade de gaªnero para influenciar os resultados da carreira.

 

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