Humanidades

Por que as mulheres lideres se destacam durante a pandemia de coronava­rus
Resiliaªncia, pragmatismo, benevolaªncia, confianção no senso comum coletivo, ajuda maºtua e humildade são mencionados como caracteri­sticas comuns do sucesso dessas mulheres lideres.
Por Louise Champoux-Paillé e Anne-Marie Croteau - 13/05/2020

Doma­nio paºblico
a‚ngela Merkel

Desde o ini­cio da pandemia de coronava­rus em andamento, muita atenção da ma­dia foi dada ao relacionamento entre lideres femininas no comando de várias nações e a  eficácia de seu tratamento da crise do COVID-19.

As ações de lideres femininas na Dinamarca, Finla¢ndia, Alemanha, Isla¢ndia, Nova Zela¢ndia, Noruega, Isla¢ndia, Finla¢ndia, Alemanha, Taiwan e Nova Zela¢ndia são citadas como evidaªncias de apoio de que as mulheres estãolidando melhor com a crise do que seus colegas homens. Resiliaªncia, pragmatismo, benevolaªncia, confianção no senso comum coletivo, ajuda maºtua e humildade são mencionados como caracteri­sticas comuns do sucesso dessas mulheres lideres.

Seria fa¡cil concluir que as mulheres são melhores lideres do que os homens. Nossa formação acadaªmica e experiência como diretores corporativos certificados, no entanto, nos dizem que esse seria um veredicto simplista demais e, na verdade, émais complicado do que isso.

Vamos ampliar nossa perspectiva. E se ospaíses liderados por mulheres estãoadministrando a pandemia de maneira mais eficaz, não porque são mulheres, mas porque a eleição de mulheres éum reflexo de sociedades onde háuma maior presença de mulheres em muitas posições de poder, em todos os setores?

Um maior envolvimento das mulheres resulta em uma perspectiva mais ampla da crise e abre caminho para o desenvolvimento de soluções mais ricas e completas do que se tivessem sido imaginadas por um grupo homogaªneo .

Paa­ses equitativos administrando melhor a pandemia

Vamos ver como essa hipa³tese se sustenta, com base no estudo anual do Forum Econa´mico Mundial sobre a paridade de gaªnero entre ospaíses membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econa´mico (OCDE).

A paridade de gaªnero émedida em termos da participação de homens e mulheres na sociedade e nas oportunidades disponí­veis para cada gaªnero em termos de acesso a  saúde, educação e emprego, entre outros. O Global Gap Report 2020 do fa³rum classifica ospaíses em termos de desempenho em termos de igualdade de gaªnero. Aqueles que lutaram contra a pandemia com mais eficácia e são liderados por mulheres estãono topo da lista.

O relatório também mostra que os mesmospaíses tem uma classificação alta quando se trata de ter mulheres em conselhos corporativos. Isso nos leva a concluir que sociedades mais igualita¡rias são melhor gerenciadas.

Nessespaíses, o poder éaprimorado pela natureza complementar de dois gêneros contribuindo. O valor agregado desse fator complementar na gestãode nega³cios , por exemplo, tem sido objeto de vários estudos. Um deles, intitulado " Delivering through Diversity ", da consultoria americana McKinsey, sugere que as empresas com um equila­brio de gaªnero mais equitativo tenham melhor desempenho financeiro.

Ospaíses com maior paridade de gaªnero são gerenciados de maneira diferente? Observamos que nesses ecossistemas, a liderana§a édirigida por supostas "qualidades femininas" - empatia, compaixa£o, escuta e colaboração . Elas são distintas das caracteri­sticas associadas ao exerca­cio do poder gerencial, de supervisão e de controle tradicional.

Deve-se notar, no entanto, que esses diferentes atributos baseados em gaªnero refletem mais as percepções, esterea³tipos e preconceitos que caracterizam nossas sociedades. As mulheres podem exibir traa§os de gestãosupostamente masculinos e vice-versa.

a‰ necessa¡ria liderana§a do tipo feminino

Isso significa que ambientes com equila­brio de gaªnero produzem decisaµes mais robustas. Esses ambientes também representam liderana§a onde predominam os valores femininos.

Os desafios do século XXI exigem um novo tipo de liderana§a, diferente daquele baseado em comando e controle. Esses desafios incluem asmudanças climáticas, a saúde, o meio ambiente, o esgotamento dos recursos da Terra, o envelhecimento da população e a escassez de talentos, o gerenciamento virtual da produção e as contribuições dos funciona¡rios e o desenvolvimento de novas tecnologias.

Esse novo tipo de liderana§a envolve principalmente resiliencia, coragem, flexibilidade, escuta, empatia, colaboração, atenção e reconhecimento da contribuição coletiva. A participação da inteligaªncia de todos se torna a chave do sucesso. Todas essas são caracteri­sticas da administração tradicionalmente feminina.

Para superar os obsta¡culos do século XXI e ter sucesso, as organizações e ospaíses devem, portanto, diversificar suas fontes de talento o ma¡ximo possí­vel, priorizando o gaªnero.

Vejamos o mundo empresarial canadense como um exemplo.

Equila­brio trabalho-fama­lia

As várias dificuldades encontradas pelas mulheres devido a preconceitos, esterea³tipos, equila­brio trabalho-fama­lia, ausaªncias por políticas maternas e corporativas que não são adaptadas aos desafios aºnicos enfrentados pelas mulheres resultam em poucas delas atingindo os mais altos na­veis de organizações canadenses . Apenas quatro por cento das posições de presidente e diretor executivo são ocupados por mulheres, e nenhuma delas estãoentre as 60 maiores empresas listadas na Bolsa de Valores de Toronto.

Outra área em que hánecessidade de ação éSTEM (ciaªncia, tecnologia, engenharia e matemática). Em seu relatório, " Quebrando o ca³digo: educação de meninas e mulheres em ciaªncia, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) ", a UNESCO faz essa observação perturbadora: "Apenas 35% das meninas em todo o mundo estudam disciplinas STEM ... apenas três por cento das alunas no ensino superior, escolha estudar as tecnologias da informação e comunicação (TIC) .Esta disparidade de gaªnero éainda mais alarmante, pois as carreiras STEM são frequentemente chamadas de empregos do futuro, o motor da inovação, o bem-estar social, o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustenta¡vel. desenvolvimento.

Ha¡ uma necessidade urgente de aumentar a representação das mulheres em todas as posições de influaªncia. Nossas alunas, entre outras, precisam de modelos femininos para incentiva¡-las a seguir em frente.

Nesse sentido, a Escola de Nega³cios John Molson da Universidade Concordia, em Montreal, estãoaumentando seus esforços para contratar professoras e pesquisadores para tornar a presença das mulheres na sala de aula uma norma, não uma exceção. Somente esse equila­brio abrira¡ o caminho para uma nova liderana§a, criando um mundo melhor.

 

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