Humanidades

A tea³loga Teresa Berger fala sobre o poder da adoração digital em nossos tempos
Teresa Berger, da Yale Divinity School, estudava o poder do culto digital muito antes da pandemia do COVID-19 fechar as casas de culto e enviar celebridades on-line.
Por Anita Norman - 24/06/2020

Teresa Berger, da Yale Divinity School, estudava o poder do culto digital muito antes da pandemia do COVID-19 fechar as casas de culto e enviar celebridades on-line.

Em 2018, Berger publicou “ @ Adoração: Pra¡ticas Litaºrgicas nos Mundos Digitais ”, um estudo sobre como as prática s espirituais antigas e novas floresceram on-line e em seu livro de 2012, “ Liturgia na Migração: Do ​​Cena¡culo ao CiberEspaço ”, ela escreveu sobre o fena´meno digital, como transmissaµes de celebrações litaºrgicas, capelas virtuais de oração, locais memoriais e peregrinações. 

Teresa Berger

Berger, professora de estudos litaºrgicos e Thomas E. Golden Jr., professora de teologia cata³lica, conversou conosco sobre a comunidade e a saúde espiritual em uma anãpoca em que muitos não frequentavam seus rituais normais de fanã. Entrevista resumida e editada.

O que o levou a estudar o fena´meno da adoração digital?

As prática s crista£s começam a se transformar em formas de mediação digital em uma variedade de plataformas de ma­dia diferentes. Meu campo acadêmico ainda estava reagindo a essas migrações de prática s rituais para formas digitais, e as pessoas pensavam que o fena´meno era ruim. Mas não fiquei tão convencido, porque descobri que muitas dessas declarações nasceram de pessoas que nunca haviam experimentado prática s de culto mediadas digitalmente. Comecei a repensar como teorizar essas prática s. Ninguanãm poderia prever a incra­vel onda de prática s de culto que entrou on-line poucos dias após o surgimento do COVID 19.

Alguns anos atrás, o culto mediado digitalmente foi forçado a mim por causa de uma doena§a. Passei toda a Semana Santa e a Pa¡scoa comemorando com o Papa Francisco no meu sofa¡. Ele estava em Roma, éclaro, e eu estava doente como um cachorro em casa. Observando, pensei: 'Isso certamente émelhor que nada'. Quem gostaria de ficar enjaulado por não poder ir ao culto? Portanto, esse foi um elemento realmente intrigante para a mediação digital. Esse foi um exemplo de como fiquei surpresa com a riqueza de uma experiência como essa. 

Quais são alguns exemplos que vocêviu de como o mundo digital se expandiu para abranger a tradição cata³lica? 

No semestre passado, dei uma aula sobre ma­dia digital e "liturgia", que éa palavra para prática s rituais em algumas tradições crista£s. Os alunos receberam a tarefa de seguir algumas prática s crista£s atravanãs da mediação digital. Um dos alunos iniciou um projeto estudando um rosa¡rio mediado digitalmente por meio de um aplicativo. a‰ uma sanãrie de contas, mas, em vez de vocêter contas nas ma£os, o aplicativo o move pelas contas que vocêtoca na tela e elas acendem. Vocaª não precisa ter as contas na ma£o. Vocaª tem um aplicativo na sua ma£o. 

Além disso, as prática s de música sacra tem va­deos meditativos em abunda¢ncia. E agora estamos vendo um dilaºvio de prática s on-line, musicais e litaºrgicas. Ha¡ atéuma discussão vibrante em algumas comunidades crista£s agora sobre a Ceia do Senhor, a Eucaristia, mergulhada na mediação digital. E hávários anos, houve experimentos anteriores com o que chamamos de comunha£o no Twitter ou batismo na Internet. Agora estamos em um período de tempo em que essas discussaµes são cada vez mais relevantes, e os lideres espirituais e os fianãis individuais estãoolhando para a ma­dia digital para continuar a se envolver com o que poderia ter sido feito pessoalmente ou em uma comunidade. 

Como a ma­dia digital pode nos ajudar a pensar sobre a morte durante esse período? 

Sob COVID 19, um ritual que recebe muita atenção anã, éclaro, funerais. No semestre passado, também ministrei um curso chamado “Em face da morte: adoração, música, arte” com um colega musica³logo meu, Markus Rathey. Como classe, conversamos muito sobre a história por trás do desenvolvimento de tais prática s na tradição crista£, como acompanhar os moribundos, enterrar os mortos e relembrar aqueles que foram antes. Como comunidade, a COVID estãonos lana§ando a uma nova conversa sobre essas prática s. Entramos em um momento cultural inteiro, sendo este um ta³pico importante na vida das pessoas agora.

Enquanto estuda¡vamos o desenvolvimento hista³rico das prática s faºnebres, uma coisa que os alunos notaram desde o ini­cio foi o quanto orientado para a comunidade era o processo de morrer e acompanhar uma pessoa que estava morrendo ativamente. Por exemplo, uma comunidade pode se reunir para cantar ou ler, apenas para estar presente com uma pessoa que estãomorrendo além do momento da morte. Houve um ritual de lavar o cada¡ver e depois acompanhar a pessoa ao cemitanãrio, onde ocorreram rituais de lembrar os mortos. Essa era uma história comunita¡ria que não era comumente expressa nas prática s contempora¢neas antes do COVID 19. Como resultado do va­rus, estamos vendo um aumento da solida£o da morte que supera o que saba­amos antes do COVID. 

Nos Estados Unidos, a maioria das pessoas realmente morre em ambientes médicos ou sozinha. O COVID-19 certamente multiplicou esse número por causa do medo de conta¡gio e da necessidade de isolar os muito doentes. Agora, existem caminhos interessantes para conectar pessoas durante esse período, como massas de transmissão ao vivo. Outro exemplo écomo os padres podem fazer o Skype com alguém isolado no hospital para fazer check-in ou conduzir uma pessoa atravanãs da última oração de ritos. Durante esse período de COVID, a morte parece ainda mais solita¡ria. A tecnologia estãoencontrando uma maneira de nos conectar atravanãs do ciberEspaço, e estãoampliando as limitações das prática s de fanã, mesmo aquelas associadas a  morte.

 

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