Humanidades

A pesquisa éclara: os brancos não tem mais probabilidade do que os negros de serem mortos pela pola­cia
Um estudo recente de Miller descobriu que pessoas negras são baleadas e mortas pela pola­cia duas vezes mais do que as brancas.
Por Ian Thomsen - 18/07/2020

Doma­nio paºblico

Quando lhe perguntaram nesta semana por que os negros "ainda estãomorrendo nas ma£os da pola­cia" nos EUA, o presidente Donald Trump respondeu concentrando-se nos brancos que foram mortos pela pola­cia.

"Assim como as pessoas brancas . As pessoas brancas também. Que pergunta terra­vel para fazer. As pessoas brancas também", disse Trump a  CBS News em entrevista na tera§a-feira. "Mais pessoas brancas, a propa³sito. Mais pessoas brancas."

O professor nordestino Matt Miller diz que a resposta de Trump foi um direcionamento "grotesco" que não explica o fato de que os negros são mortos pela pola­cia em uma taxa mais alta do que os brancos. Um estudo recente de Miller descobriu que pessoas negras são baleadas e mortas pela pola­cia duas vezes mais do que as brancas.

"Ele estãousando a verdade para mentir", diz Miller sobre Trump. "Ou, no ma­nimo, para enganar, o que, em ambos os casos, mostra uma indiferença a  pergunta cra­tica: por que os negros ainda estãomorrendo nas ma£os da pola­cia?"

No geral, quase mil pessoas são mortas a tiros por policiais nos EUA todos os anos , segundo um banco de dados mantido pelo Washington Post. a‰ verdade que a maioria dessas vitimas ébranca.

"A pergunta foi feita por que os negros ainda estãomorrendo e foi uma oportunidade de lidar com o processo subjacente", diz Miller. "Se vocêacha que éum problema que a pola­cia estãoatirando e matando pessoas - sejam brancas ou negras -, então vocêquer entender por que isso estãoacontecendo, porque esse éo primeiro passo para tentar evita¡-lo. A falta de curiosidade de Trump sobre por que isso estãoacontecendo éum indicativo de que realmente não se importa em chegar ao fundo do problema. Vocaª não pode resolver um problema a menos que saiba qual éo problema. Seria bom responder a  pergunta dizendo: 'Nãosei, mas precisamos chegar ao fundo disso' - isso teria sido uma resposta honesta. Mas responder de uma maneira que crie divisaµes maiores e minimize o número de homens e mulheres negros éum uso obsceno das estata­sticas ".


"Isso éapenas porque hámuito mais pessoas brancas do que negros em nossopaís", diz Miller, professor de ciências da saúde e epidemiologia que estuda prevenção de lesões e violência háduas décadas.

Miller participou de um estudo conduzido por dados de Northeastern-Harvard que analisou mortes de policiais pela pola­cia em 27 estados em 2014-15, com base em detalhes extraa­dos de relatórios policiais e de médicos legistas do National Violent Death Reporting System . Constatou que os negros foram mortos a uma taxa superior a  sua proporção com a população nacional.

"Embora os negros representem 12% da população nos estados que estudamos, eles representaram 25% das mortes em tiroteios na pola­cia", diz Miller.
 
Em comparação, diz Miller, os brancos representavam 62% da população - e representavam 54% das mortes em encontros com a pola­cia.

Em vez de abordar o estudo com um ponto de vista a ser provado ou refutado, Miller e seus colegas pesquisadores iniciaram uma missão de investigação. Eles analisaram o banco de dados de dois anos de 603 homicidios por armas de fogo pela pola­cia. Eles marcaram e codificaram as narrativas para contextualizar cada filmagem e, em seguida, executaram os resultados detalhados atravanãs de um programa de computador - um processo meticuloso que levou dois anos para ser conclua­do.

O estudo constatou que a disparidade racial era ainda mais acentuada nos casos em que as vitimas estavam desarmadas e ofereciam uma ameaça ma­nima ou nenhuma a  pola­cia.

"Nos casos em que a va­tima parecia representar uma ameaça ma­nima ou menor para a pola­cia, com base nos dados que ta­nhamos, os negros tinham três vezes mais chances de serem mortos", diz Miller. "Isso não significa que a pola­cia não se sentiu ameaa§ada. Mas, com base nos relatórios que pudemos examinar, umnívelmuito baixo de ameaça foi direcionado a  pola­cia. E nesses casos específicos, os números aumentaram para Negros: eles representaram 36% das mortes ".

Miller acrescenta que seu estudo, que foi lana§ado em mara§o, não era um desvio para a questãoda corrida em tiroteios na pola­cia.

"Muitos outros estudos mostraram que os negros são mais propensos a serem mortos per capita pela pola­cia do que os brancos nos Estados Unidos", diz Miller. "Essa não éuma estata­stica contestada."

Miller classifica a declaração de Trump como uma tentativa "enganosa" de "descartar a questão".

"A pergunta foi feita por que os negros ainda estãomorrendo e foi uma oportunidade de lidar com o processo subjacente", diz Miller. "Se vocêacha que éum problema que a pola­cia estãoatirando e matando pessoas - sejam brancas ou negras -, então vocêquer entender por que isso estãoacontecendo, porque esse éo primeiro passo para tentar evita¡-lo. A falta de curiosidade de Trump sobre por que isso estãoacontecendo éum indicativo de que realmente não se importa em chegar ao fundo do problema. Vocaª não pode resolver um problema a menos que saiba qual éo problema. Seria bom responder a  pergunta dizendo: 'Nãosei, mas precisamos chegar ao fundo disso' - isso teria sido uma resposta honesta. Mas responder de uma maneira que crie divisaµes maiores e minimize o número de homens e mulheres negros éum uso obsceno das estata­sticas ".

 

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