A pandemia destruiu muito e revelou desigualdades e injustia§as. Mas também lançou alguma luz sobre o caminho para a transformação.

Ilustração de Julie Winegard
Isso faz parte de uma  sanãrie do Columbia News , intitulada Lessons Learned, que convida a comunidade da Columbia a refletir sobre a pandemia e as percepções que obtiveram com sua experiência no COVID-19. Esses ensaios falam sobre a inovação, criatividade e desenvoltura que testemunhamos durante este período de desafio sem precedentes, bem como alguns dos aspectos positivos nas ações que tivemos que tomar por necessidade.
Ha¡ cinco meses, recanãm-chegado a Ama£, escrevi a colegas e amigos para compartilhar minhas observações iniciais sobre a crise global causada pela pandemia. Eu não poderia ter previsto que em agosto eu ainda estaria escrevendo da Jorda¢nia, e que este pequenopaís do Oriente Manãdio teria controlado a disseminação da COVID muito melhor do que minha segunda casa, os Estados Unidos.
Como muitos neste momento de incerteza, perdi alguém com esta doença e fiquei frustrado por não ser capaz de fazer mais pelos outros, incluindo amigos e um membro da equipe, que estãolutando para se recuperar do COVID-19. a‰ natural que muitos de nosnos sintamos desanimados com as notacias dia¡rias sobre o aumento das taxas de infecção.
Mas descobri nesta pandemia uma possibilidade de gratida£o e transformação. Com a fronteira da Jorda¢nia selada e o toque de recolher imposto nas primeiras seis semanas na primavera, o ritmo de vida em Ama£ parou e o barulho da vida urbana cessou. No silaªncio, comecei um ritual dia¡rio: passeios de uma hora pela manha£, antes do pico do calor, para explorar vielas, colinas onduladas, ruas sinuosas e para admirar a arquitetura de pedra de Jerica³ das casas únicas com sacadas jardins na minha vizinhana§a. Em 15 anos tendo uma casa aqui, eu nunca tinha realmente visto esses detalhes - as linhas, curvas e a¢ngulos que moldam nossos dias.
Minhas novas caminhadas rituais não sucumbiram a rotina. Sou levado a descobertas, das quais a mais preciosa são os jardins da minha vizinhana§a, repletos de perfumados eucaliptos, aris negras e arbustos de buganvalias, que caem em cascata sobre as paredes, os ramos carregados de flores de jasmim. Em a¡rabe, as buganvalias são chamadas de Majnouneh, "a louca". Nãosera¡ contido. Como eu não tinha visto isso antes? Agora, quando faa§o uma pausa para absorver e admirar, os proprieta¡rios que cuidam desses jardins aparecem e me convidam para sentar, compartilhar um cafanã, trocar histórias.Â
Essas caminhadas foram um portal para o Ama£ da minha infa¢ncia. Menores, pitorescos, amiga¡veis, uma era e um modo de vida perdidos por décadas de rápido desenvolvimento. Mesmo as chamadas dia¡rias para a oração, uma trilha sonora repetida de todos ospaíses mua§ulmanos, são um retrocesso a minha juventude. Com tantas mesquitas agora fechadas por causa do COVID, as chamadas habituais para orações em alto-falantes cheios de esta¡tica cessaram. Em seu lugar, apenas um muezim, com uma voz requintada e pura. Escolhido, sem daºvida, porque éo melhor. O som parece elementar e atemporal, mas ainda me liga a este mundo, a s nossas histórias e memórias, esperanças e sonhos, bem como a s nossas tristezas e perdas.
Va¡rias vezes ao dia agora, meu novo mundo COVID conspira para me lembrar de agradecer - pelas pessoas, pela natureza, pela história, pelo momento. Esta éminha tranãgua e meu antadoto para a outra realidade com a qual todos vivemos, a devastação desta pandemia. Quero agora não apenas pensar no futuro como um tempo em que esta pandemia seráremetida com segurança para o passado, quero continuar a ver como fiz aqui em Ama£. COVID já destruiu muito e revelou desigualdades e injustia§as. Nossas vidas, nosso trabalho e nossas comunidades estãose transformando em seu rastro. Espero que escolhamos nos transformar na direção que tenho caminhado: valorização renovada, conexões, vizinhos, histórias, vida compartilhada.