Humanidades

Bloqueio ou não, a personalidade prevaª a probabilidade de vocêficar em casa durante a pandemia
Um estudo descobriu que a personalidade de uma pessoa influencia a probabilidade de ela ficar em casa durante a pandemia - e não pode ser totalmente anulada.
Por Jacqueline Garget - 15/10/2020


Crédito: Por soumen82hazra da Pixabay

Apesar de mais pessoas ficarem em casa a  medida que as políticas governamentais sobre o COVID-19 se tornam mais ra­gidas, um estudo descobriu que a personalidade de uma pessoa influencia a probabilidade de ela ficar em casa durante a pandemia - e não pode ser totalmente anulada.

“Extrovertidos ... eram mais propensos a quebrar as regras de bloqueio e ficavam menos em casa do que pessoas de qualquer outro tipo de personalidade durante mara§o e abril“

Friedrich Ga¶tz

Uma equipe de pesquisadores de psicologia das Universidades de Cambridge, Columbia e Harvard entrevistou mais de 101.000 pessoas em 55países para descobrir se elas estavam ficando em casa por causa do coronava­rus entre o final de mara§o e o ini­cio de abril de 2020. Os resultados foram publicados hoje na revista American Psychologist .

Os pesquisadores descobriram que os extrovertidos tem menos probabilidade de seguir a orientação oficial para ficar em casa. A equipe sugere que adaptar mensagens de saúde pública para os mais extrovertidos da sociedade pode encorajar uma maior adesão geral das populações e ajudar a prevenir a disseminação do coronava­rus.

“Os extrovertidos são grega¡rios e socia¡veis ​​e acham especialmente difa­cil ficar confinados em casa e não ver outras pessoas. Eles eram mais propensos a quebrar as regras de bloqueio e permaneceram em casa menos do que pessoas de qualquer outro tipo de personalidade durante mara§o e abril ”, disse Friedrich Ga¶tz, um pesquisador PhD no Departamento de Psicologia da Universidade de Cambridge e primeiro autor do relatório.

O final de mara§o e o ini­cio de abril de 2020 coincidiram com o esta¡gio inicial e acelerado da pandemia COVID-19. Foi também quando as políticas governamentais de permanaªncia em casa variaram entre ospaíses e mudaram rapidamente ao longo do tempo. A interrupção da propagação do coronava­rus dependeu das pessoas que seguiram as orientações oficiais. 

A pesquisa explorou os cinco traa§os principais comumente usados ​​por psica³logos para caracterizar a personalidade: afabilidade, conscienciosidade, extroversão, neuroticismo e franqueza. Pessoas agrada¡veis ​​tendem a ser mais obedientes e confiantes, e as conscienciosas são diligentes e cumpridoras da lei. Pessoas com pontuação alta nesses traa§os de personalidade tendem a ficar em casa quando aconselhadas a fazaª-lo.

Pessoas que pontuaram como altamente neura³ticas e aquelas com personalidades muito abertas decidiram ficar mais em casa, mesmo antes de os bloqueios serem colocados em prática - elas já estavam preocupadas em pegar o coronava­rus. Os pesquisadores acreditam que, a  medida que as restrições aos movimentos aumentam, esses grupos tem maior probabilidade de manter o distanciamento social do que outros tipos de personalidade.

“Pessoas altamente neura³ticas decidiram desde o ini­cio que esse va­rus não era algo com que se mexer e iam ficar em casa”, disse Ga¶tz.

“Pessoas de mente aberta tendem a ser muito bem conectadas e interessadas no mundo em geral, então achamos que eles perceberam o impacto potencial do coronava­rus mais cedo do que outros e agiram de acordo”, acrescentou Andranãs Gvirtz, um pesquisador PhD no Departamento de Psicologia de Cambridge e segundo autor do estudo.

Ele acrescentou: “Assistir a reportagens na TV sobre a situação do COVID-19 na Ita¡lia, por exemplo, que estava a  frente do Reino Unido em termos do impacto do va­rus, informava o comportamento de pessoas de mente aberta no ini­cio da pandemia”. 

Conforme os governos reforçaram as regras de bloqueio no final de mara§o e ini­cio de abril, um número maior de pessoas começou a segui-los, independentemente de sua personalidade. O estudo registrou alta conformidade nessa anãpoca, com mais de 80% das pessoas pesquisadas em todo o mundo relatando que estavam em casa.

“Os regulamentos do governo influenciam muito o comportamento da população em geral”, disse Ga¶tz, “mas precisamos reconhecer que nem todas as pessoas seguira£o todas as regras. Os extrovertidos representam um desafio particular durante a pandemia, porque são menos propensos a ficar em casa quando os governos aconselham. ” 


As personalidades dos participantes da pesquisa foram pontuadas com base na 'força' de cada um dos cinco traa§os de personalidade principais em uma escala de sete pontos. Uma mudança de um aºnico ponto na tendaªncia de uma pessoa para qualquer uma das cinco caracteri­sticas alterou sua probabilidade de permanecer em casa em cerca de 1%. Os pesquisadores ressaltam que mesmo esse pequeno percentual tem consequaªncias importantes, dada a escala global da pandemia e a contagiosidade do coronava­rus.

Os pesquisadores sugerem que as mensagens de saúde pública podem ser adaptadas aos extrovertidos, para encorajar um maior cumprimento das regras de bloqueio na população como um todo. Eles sugerem que essas mensagens podem tentar transmitir uma compreensão de como édifa­cil ficar em casa - especialmente para pessoas que realmente gostam de estar com seus amigos e familiares - e apontar que a orientação existe para proteger essas pessoas.  

“Os regulamentos do governo influenciam muito o comportamento da população em geral”, disse Ga¶tz, “mas precisamos reconhecer que nem todas as pessoas seguira£o todas as regras. Os extrovertidos representam um desafio particular durante a pandemia, porque são menos propensos a ficar em casa quando os governos aconselham. ” 

Governos em todo o mundo tem tentado prevenir a disseminação do coronava­rus encorajando ou reforçando comportamentos de distanciamento social, com períodos de confinamento em que as pessoas são convidadas a não sair de casa exceto para fins específicos. 

Esta pesquisa foi financiada pelo Conselho de Pesquisa Econa´mica e Social do Reino Unido (parte da Pesquisa e Inovação do Reino Unido), Cambridge Trust e Peterhouse Cambridge.  

 

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