Novo estudo mede a desigualdade e a violência do bairro com base na mobilidade dia¡ria
As descobertas ressaltam que os bairros, mesmo aqueles distantes uns dos outros, não são ilhas isoladas, mas estãoinerentemente conectadas.

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Um novo estudo que analisa os padraµes de movimento de 400.000 pessoas oferece novos insights sobre como as condições econa´micas de um bairro, combinadas com os padraµes de mobilidade de seus residentes e visitantes, se relacionam com o bem-estar do bairro e podem servir como um indicador de violência.
A análise, publicada na American Sociological Review , desenvolve o conceito de bairros que tem uma "desvantagem tripla". Estes são bairros que pontuam alto em caracteristicas comuns que medem "desvantagem" - como pobreza concentrada, desemprego e quantos residentes recebem assistaªncia pública - mas também tem conexões profundas com bairros desfavorecidos por meio da própria mobilidade de seus residentes e da mobilidade para o bairro a partir de pela cidade. Os autores sugerem que essas redes são formadas por meio de movimentos cotidianos, como ir ao trabalho, atividades de lazer ou visitar amigos ou familiares. De modo geral, a teoria argumenta que o bem-estar de um bairro depende não apenas de suas próprias condições socioecona´micas, mas das condições dos bairros que seus residentes visitam e pelos quais são visitados.
As descobertas ressaltam que os bairros, mesmo aqueles distantes uns dos outros, não são ilhas isoladas, mas estãoinerentemente conectadas. Na verdade, as implicações de bairros em desvantagem tripla são amplas e potencialmente afetam uma ampla gama de questões, incluindo capacidade da comunidade, gentrificação, transmissão em uma pandemia e desigualdade racial.
"Estamos tentando fazer com que os pesquisadores, mas também os formuladores de políticas, pensem além das caracteristicas de um bairro isolado, o que gerou muitas pesquisas, incluindo a minha", disse Robert J. Sampson, professor do Instituto Social de Henry Ford II Ciências e autor do artigo. "O que estamos argumentando éque a tripla desvantagem essencialmente exacerba a segregação racial [e outros fatores relacionados]. ... [a‰] o agravamento da desigualdade por não apenas viver em bairros pobres , mas ter contato desproporcional com outros bairros pobres."
"Em certo sentido, esperamos que essas ideias possam ser usadas por outros pesquisadores para criar medidas para estudos em todo o mundo", disse Sampson. "Além disso, podemos imaginar que pesquisadores e atémesmo formuladores de políticas poderiam criar manãtricas para outros tipos de indicadores além do que comea§amos. ... [A teoria] tem possibilidades muito amplas em nossa visão."
Os autores baseiam-se em uma longa tradição de pesquisa que mostra que a violência estãoaltamente concentrada em certos bairros e que a taxa de pobreza de um bairro estãofortemente relacionada ao homicadio. Os pesquisadores va£o além desse foco tradicional em áreas residenciais e combinam-no com dados de mobilidade para estudar laa§os e redes entre bairros em cidades inteiras.
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Analisando cerca de 32.000 bairros e 9.700 homicidios em 37 das maiores cidades dos Estados Unidos, os autores mostram que as manãtricas de tripla desvantagem podem prever homicidios independentemente após o ajuste para ligações conhecidas de violência, como densidade, raça, idade e estabilidade residencial.
Os autores analisam bairros em cidades como Nova York, Houston, Chicago e muitas outras, incluindo cidades menores como Kansas City, Miami, Oakland e Tulsa. Os mapas estãodisponíveis para todas as cidades.
Os pesquisadores descobriram que a desvantagem baseada na mobilidade - ou seja, pessoas que entram e saem de bairros desfavorecidos - éresponsável por cerca de um quinto da relação entre desvantagem residencial e homicadio. Indo mais longe, eles viram que o uso de medidas de desvantagem tripla em vez de desvantagem residencial aumentou a capacidade dos autores de prever as contagens de homicidios na vizinhana§a em quase um tera§o.
“A chave éque levar em consideração a tripla desvantagem, ou levar em consideração esses padraµes de mobilidade cotidiana, nos da¡ valor agregado na previsão de padraµes de homicadioâ€, disse Sampson. "Em outras palavras, que vai além da pobreza residencial - mostramos que existe esse valor explicativo adicional com respeito a tripla desvantagem."
No estudo, os autores também mostram o que torna um bairro triplamente desfavorecido também pode oscilar no sentido oposto. Quando os de bairros já privilegiados visitam e são visitados por outros de outros bairros privilegiados, eles se tornam triplamente favorecidos. Isso isola e segrega bairros ricos.
Trabalhando no papel com Sampson estava Brian L. Levy, professor assistente da George Mason University, e Nolan E. Phillips, cientista de dados da Accenture. Ambos eram ex-bolsistas de pa³s-doutorado em Harvard.
Os pesquisadores dizem que seu trabalho representa apenas a ponta da lana§a e se baseia em trabalhos anteriores sobre a segregação. Eles esperam expandir sua teoria e fazer com que outros usem suas metodologias, dados e novas fontes de dados geogra¡ficos para executar suas próprias avaliações.
"Em certo sentido, esperamos que essas idanãias possam ser usadas por outros pesquisadores para criar medidas para estudos em todo o mundo", disse Sampson. "Além disso, podemos imaginar que pesquisadores e atémesmo formuladores de políticas poderiam criar manãtricas para outros tipos de indicadores além do que comea§amos. ... [A teoria] tem possibilidades muito amplas em nossa visão."