Humanidades

Criana§as pequenas são planejadores urbanos intuitivos - todos nosnos beneficiara­amos em viver em suas cidades cheias de cuidados
De acordo com a Convena§a£o da ONU sobre os Direitos da Criana§a e a iniciativa de cidades amigas da criana§a da UNICEF , criana§as de qualquer idade ou capacidade tem o direito de usar, criar, transformar e desenvolver seus ambientes urbanos .
Por Christina Ergler - 04/01/2021


A cidade 'cuidadora': como os pré-escolares construa­ram seus modelos. Autor fornecido

Em uma era de crise climática, moradias inacessa­veis e disparidades crescentes de riqueza, a habitabilidade e a funcionalidade de nossas cidades são mais importantes do que nunca. E, no entanto, vozes importantes estãofaltando nos debates sobre planejamento urbano - as vozes daqueles que um dia herdara£o essas cidades.

De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criana§a e a iniciativa de cidades amigas da criana§a da UNICEF , criana§as de qualquer idade ou capacidade tem o direito de usar, criar, transformar e desenvolver seus ambientes urbanos .

Apesar disso, a opinia£o comum éque as criana§as em idade pré-escolar não tem competaªncia para refletir sobre os ambientes além de seus parquinhos ou jardins de infa¢ncia. Criana§as pré-alfabetizadas não tem participação significativa no projeto da cidade .

Mas nosso trabalho - o estudo da pré-escola de Dunedin - mostra que precisamos incluir as vozes desses planejadores urbanos intuitivos que pensam holisticamente sobre o que uma cidade precisa para funcionar bem e ser segura, sauda¡vel e divertida.

Planejadores atenciosos e atenciosos

O projeto envolveu 27 criana§as entre dois e cinco anos de três jardins de infa¢ncia em Dunedin. As criana§as se envolveram em uma variedade de exerca­cios, incluindo mapeamento de sua cidade ideal usando blocos de imagens e discussaµes em grupo com pesquisadores.

As criana§as também nos levaram para conhecer seus bairros para fornecer informações em primeira ma£o sobre o que gostavam e o que não gostavam em sua regia£o. Uma imagem muito clara logo surgiu: as criana§as eram planejadores atenciosos e voltados para o futuro.

O exerca­cio de mapeamento mostrou que as criana§as pensavam em suas próprias necessidades, mas também nas de outros moradores da cidade e de seus familiares. Eles esperavam que as cidades tivessem pelo menos as amenidades ba¡sicas de uma cidade amiga da criana§a.

As criana§as queriam servia§os e instalações de saúde que estimulassem a mente e o corpo, como bibliotecas, ambientes naturais e locais de reunia£o - 78% das criana§as classificaram os parques infantis como importantes.

Enquanto 66% inclua­ram um supermercado em seu projeto, 59% inclua­ram um hospital, 48% um carro de bombeiros e 41% um café- como uma criana§a observou, sua ava³ e ava´ o usariam.
 
Segurança e diversão para todos

As criana§as também viram uma cidade segura como importante, com 56% colocando carros de pola­cia em seu mapa para simbolizar a proteção contra ladraµes, pessoas "travessas" e baªbadas e motoristas em alta velocidade. Eles consideravam postes de luz, faixas de pedestres e sema¡foros como infraestrutura de segurança essencial.

Nas caminhadas pela vizinhana§a, as criana§as frequentemente apontavam para lugares esteticamente agrada¡veis ​​- áreas com flores coloridas ou Espaços lúdicos com sementes de kōwhai que podem ser transformadas em helica³pteros de mentira.

As criana§as também nos alertaram sobre cogumelos, arbustos espinhosos, vidros nas cala§adas ou outros tipos de lixo que poderiam machucar os animais. Uma criana§a revelou que “odiava a pilha de lixo [...] porque pode ir para a águae matar todos os animais que comem”.

Ao incluir as necessidades frequentemente negligenciadas de coisas não humanas, como criaturas marinhas e plantas, as criana§as demonstraram uma consciência das ligações entre proteção ambiental, conservação e habitabilidade.

Cidades como lugares felizes

As criana§as não são criaram cidades amigas das criana§as, mas também cidades que atendem a todas as pessoas, animais e plantas. Suas cidades-modelo eram seguras, social e fisicamente conectadas, com destinos, servia§os e amenidades disponí­veis que pessoas de todas as idades e habilidades poderiam chegar com segurança.

Mais importante talvez, eles criaram cidades com elementos fa­sicos e sociais projetados para fazer as pessoas felizes.

Ao criar esses mundos para nossa pesquisa, as criana§as mostraram conexões profundas, inclusivas e emocionais. Vimos que eles cuidavam do meio ambiente local e sentiam responsabilidade por todas as coisas vivas e não vivas.

Mas as vozes das criana§as ainda são apenas um sussurro nos debates urbanos e pola­ticos. a‰ uma pena, porque a forma como os jovens são tratados pela sua cidade influencia inevitavelmente as suas oportunidades de vida. Seu bem-estar como criana§as pequenas tem implicações a³bvias para estar e se sentir bem mais tarde na vida.

Nossa pesquisa identifica a necessidade de comunidades, planejadores e formuladores de políticas urbanas garantirem que criana§as pequenas possam participar e ajudar a aproveitar ao ma¡ximo suas cidades de forma segura e inclusiva.

O desafio para todos nosédesenvolver as ferramentas certas para integrar pontos de vista, experiências e sugestaµes de criana§as pequenas . Podemos, então, passar a projetar cidades mais intuitivas e cuidadosas - aquelas nas quais todos nos beneficiara­amos em viver.

 

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