Humanidades

As crises do século 21 exigem um novo entendimento econa´mico, dizem os principais economistas
De acordo com o novo pensamento, uma sanãrie de choques econa´micos massivos deixaram a teoria econa´mica tradicional em pedaço s e o antigo paradigma macroecona´mico estãoem sua saa­da.
Por Oxford - 20/01/2021


O antigo modelo de 'macroeconomia' foi construa­do para um mundo esta¡vel, livre de grandes choques econa´micos. Se já vivemos em tal mundo, não vivemos mais - Shutterstock

Economistas importantes, incluindo o ganhador do Nobel Joseph Stiglitz, o ministro da Economia da Argentina, Martin Guzman, bem como acadaªmicos de Oxford, Yale, Columbia e UCLA, estãopedindo hoje uma mudança profunda em como os economistas entendem a economia em geral. De acordo com o novo pensamento, uma sanãrie de choques econa´micos massivos deixaram a teoria econa´mica tradicional em pedaço s e o antigo paradigma macroecona´mico estãoem sua saa­da. 

O professor David Vines de Oxford diz: 'O antigo modelo de' macroeconomia 'foi construa­do para um mundo esta¡vel, livre de grandes choques econa´micos. Se já vivemos em tal mundo, não vivemos mais. '

O antigo modelo de 'macroeconomia' foi construa­do para um mundo esta¡vel, livre de grandes choques econa´micos. Se já vivemos em tal mundo, não vivemos mais

Professor David Vines

Resumindo o projeto Rethinking Macroeconomics na  Oxford Review of Economic Policy , os economistas de Oxford, Professor David Vines e Dr. Samuel Wills, pedem uma mudança nas suposições que sustentaram a teoria econa´mica por décadas - e que não atendem aos desafios de hoje. Eles argumentam que um paradigma mais aberto e diverso estãoemergindo, que estãomuito mais bem equipado para lidar com os desafios contempora¢neos, como a crise financeira global, asmudanças climáticas e o COVID. 

O professor Vines e o Dr. Wills argumentam que o antigo paradigma macroecona´mico estãosendo substitua­do por uma abordagem que estãomenos vinculada a suposições tea³ricas idealizadas, leva os dados do mundo real mais a sanãrio e anã, portanto, muito mais adequada para lidar com os desafios do século XXI .  

O Dr. Wills diz: 'Essa mudança [no pensamento] rompe com mais de um século de pensamento macroecona´mico e tem implicações abrangentes para o pensamento e a prática econa´mica.'

Essa mudança [no pensamento] rompe com mais de um século de pensamento macroecona´mico e tem implicações abrangentes para o pensamento e a prática econa´mica

Dr. Samuel Wills

O professor Vines acrescenta: “Um modelo econa´mico que não consegue lidar com choques sanãrios écomo uma ciência médica que não estuda surtos de doenças graves; éprova¡vel que nos decepcione nos momentos mais cra­ticos. O modelo econa´mico de idade já nos falhou mal na 21 st século'.

Desde a crise financeira global de 2008, que não era vista pela maioria dos macroeconomistas, o campo passou por uma década difa­cil. Sua reputação não foi ajudada pela lenta e fraca recuperação da crise de 2008, que a maioria dos observadores agora concorda que foi agravada pelas políticas de austeridade em todo o mundo. 

A macroeconomia tem sido dominada por uma abordagem central nas últimas duas décadas: o modelo 'Novo Equila­brio Geral Estoca¡stico Dina¢mico Keynesiano' (NK-DSGE). Embora esta continue a ser a estrutura geralmente aceita da profissão, os contribuintes desta edição da  Oxford Review of Economic Policy  argumentam que não émais adequada.

De acordo com a edição de hoje da revista, o modelo NK-DSGE não éadequado para entender grandes choques econa´micos. No cerne do modelo antigo estãoa suposição de que todos os distúrbios são tempora¡rios e a economia eventualmente retorna a um "equila­brio" esta¡vel, no qual continua a crescer. Essa suposição torna-a inadequada para o estudo de grandes crises e transições que vaªem o desemprego se multiplicar e os sistemas financeiros em crise.

O professor Vines insiste: 'A velha suposição ba¡sica de que a economia retorna a um ponto de equila­brio éum grande desvio da realidade. Se queremos uma economia a  altura dos desafios do século XXI, écrucial que a disciplina compreenda a possibilidade de maºltiplos equila­brios econa´micos. '

A velha suposição ba¡sica de que a economia retorna a um ponto de equila­brio éum grande desvio da realidade ... écrucial que a disciplina entenda a possibilidade de maºltiplos equila­brios econa´micos

Professor Vines

O modelo NK-DSGE também éconstrua­do sobre bases idealizadas. O modelo antigo éconstrua­do sobre um conjunto de suposições sobre como as pessoas agem na economia e por quaª: pressupaµe que as pessoas estãosempre bem informadas, racionais e dedicam toda a sua atenção e esfora§o a um objetivo especa­fico.  

O Dr. Wills afirma, 'Esta camisa de força anala­tica significa que o velho paradigma se recusa a reconhecer que todos nosagimos sob a incerteza sobre o futuro quando tomamos decisaµes econa´micas e que nossas decisaµes são, portanto, sempre moldadas por nossas melhores suposições, hábitos e regras de polegar.'   

O professor Vines e o Dr. Wills nomearam o paradigma macroecona´mico emergente de 'MEADE': Multiple Equilibrium and DiversE (em reconhecimento ao economista vencedor do praªmio Nobel James Meade). A nova abordagem estuda como maºltiplos equila­brios econa´micos podem surgir e usa uma ampla gama de diferentes tipos de modelos para entender o que os formuladores de políticas podem fazer.  

O professor Vines diz: 'Este novo paradigma tem raa­zes muito mais profundas no mundo real: ele enfatiza a necessidade de modelos baseados em compreensaµes empa­ricas detalhadas de como a economia realmente anã, ao invanãs de como deveria ser teoricamente.  

'Assim como os médicos apenas constroem uma compreensão completa de como um corpo estãofuncionando usando uma sanãrie de ferramentas de diagnóstico baseadas empiricamente, os economistas devem desenvolver uma compreensão completa de como as economias funcionam usando uma ampla gama de ferramentas e modelos com base empa­rica .

'Colocar muito peso no modelo antigo e excessivamente idealizado atrapalhou a macroeconomia; agora os indicadores estãoapagando e queremos acelerar essa mudança. ' 

 

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