Humanidades

A diversidade no policiamento pode melhorar as interações entre policiais e civis, dizem pesquisadores de Princeton
As descobertas , apresentadas na capa da edia§a£o de 12 de fevereiro da revista Science , sugerem que o aumento da diversidade dentro dos departamentos de pola­cia pode diminuir os maus-tratos feitos pela pola­cia a s comunidades minorita¡rias.
Por B. Rose Huber - 13/02/2021


Ilustração deEgan Jimenez, Escola de Relações Paºblicas e Internacionais de Princeton

Os recentes assassinatos de negros americanos reacenderam os apelos por uma reforma do policiamento, incluindo propostas para diversificar os departamentos de pola­cia, que historicamente eram compostos principalmente de oficiais brancos do sexo masculino. No entanto, poucos estudos examinaram se o destacamento de policiais de minorias e mulheres realmente muda as interações entre policiais e civis ou reduz os casos de tiroteios e denaºncias de ma¡ conduta.

Um estudo estreou em 7 de fevereiro na Reunia£o Anual de 2021 da Associação Americana para o Avana§o da Ciência  aproveita os dados recanãm-coletados do Departamento de Pola­cia de Chicago para mostrar que o destacamento de policiais de diferentes origens, de fato, produz grandes diferenças na forma como a pola­cia trata os civis.

Os pesquisadores relacionam milhões de missaµes dia¡rias de patrulha com dados demogra¡ficos de policiais para mostrar que policiais negros e hispa¢nicos fazem muito menos paradas e prisaµes e usam menos força do que policiais brancos, especialmente contra civis negros, quando enfrentam circunsta¢ncias comuns. Os oficiais hispa¢nicos também se envolvem em menos atividades de fiscalização. Oficiais mulheres de todas as raças também usam menos força do que os homens.

As descobertas , apresentadas na capa da edição de 12 de fevereiro da revista Science , sugerem que o aumento da diversidade dentro dos departamentos de pola­cia pode diminuir os maus-tratos feitos pela pola­cia a s comunidades minorita¡rias.  

“Um primeiro passo para avaliar o impacto das políticas de diversidade étestar se oficiais com perfis demogra¡ficos diferentes realmente fazem seu trabalho de maneira diferente, mantendo as circunsta¢ncias constantes”, disse o coautor do estudo Jonathan Mummolo , professor assistente de pola­tica e relações públicas na Escola de Princeton de Relações Paºblicas e Internacionais . “Usando dados raros de microna­vel sobre quando e onde milhares de oficiais são destacados ao longo do tempo, somos capazes de fazer essas comparações e encontramos disparidades substanciais no comportamento dos oficiais, mesmo quando enfrentamos lugares, hora¡rios e civis compara¡veis.” 

Mummolo foi coautor do artigo com Bocar Ba da University of California, Irvine ; Reitor Knox da Wharton School da Universidade da Pensilva¢nia ; e Roman Rivera da Columbia University . Mummolo e Knox publicaram vários estudos juntos nos últimos anos, examinando ta¡ticas e reformas de policiamento nos Estados Unidos.

Dadas as recentes chamadas generalizadas de reformas na aplicação da lei, especialmente após a morte de George Floyd em 2020, os pesquisadores queriam determinar como o destacamento de policiais de diferentes identidades raciais, anãtnicas e de gaªnero pode afetar o tratamento de civis.

Eles usaram dados novos de alta resolução sobre a atividade do pessoal da pola­cia em Chicago, que tem um hista³rico de tensaµes raciais entre os residentes e a pola­cia. Esses dados de microna­vel indicavam não apenas que uma prisão havia acontecido, mas também onde, por quem, em que horas, com que acusação, além de muitas caracteri­sticas do civil e do oficial envolvido. Chicago proporcionou uma oportunidade inestima¡vel de estudar a diversidade no policiamento, pois tanto a cidade quanto o departamento são altamente diversificados.

Os pesquisadores se basearam em dados reunidos por meio de anos de solicitações de registros abertos, que inclua­am raça e etnia, habilidades lingua­sticas, atribuições dia¡rias de turnos e progressão na carreira de cerca de 7.000 oficiais. Em seguida, vincularam esses arquivos a registros com data e hora e geolocalização das prisaµes desses policiais, paradas de tra¢nsito e uso da força contra civis de 2012-15. Esses dados inclua­ram 2,9 milhões de turnos de oficiais e 1,6 milhões de “eventos” de fiscalização. Devido a dados limitados, os pesquisadores analisaram apenas oficiais negros, hispa¢nicos e brancos, que representaram 97% da amostra.  

Os pesquisadores então criaram um conjunto de dados documentando as circunsta¢ncias e resultados de cada turno de oficial, para permitir comparações de oficiais de diferentes perfis demogra¡ficos trabalhando em lugares e hora¡rios muito semelhantes. Isso permitiu que vissem como oficiais de diferentes origens se comportavam em circunsta¢ncias semelhantes.

Eles descobriram que oficiais negros fizeram substancialmente menos paradas, prisaµes e uso da força por turno do que oficiais brancos, reduções iguais a 29%, 21% e 32% do comportamento manãdio dos oficiais brancos em toda a cidade. As descobertas são semelhantes para oficiais hispa¢nicos e mulheres, embora as diferenças sejam mais modestas.

“Esses padraµes estãonotavelmente alinhados com as esperanças dos proponentes da diversificação racial, que visa reduzir o policiamento abusivo e o encarceramento em massa, especialmente em comunidades negras”, disse Mummolo.

Embora os pesquisadores não consigam discernir o preconceito ou a intenção com base nesses dados, uma explicação para as diferenças pode ser o preconceito racial, eles disseram. Estudos adicionais com dados adicionais são necessa¡rios para compreender os mecanismos por trás dessas diferenças no comportamento policial.

O estudo também enfatiza que os efeitos da diversidade no policiamento são mais complexos do que muitas vezes se reconhece. Embora este estudo tenha enfocado raça, etnia e gaªnero, os policiais são seres humanos multidimensionais. Isso significa que a implementação de reformas de pessoal eficazes provavelmente exigira¡ pensar além dessas categorias. No entanto, o estudo fornece uma estrutura para outros estudiosos avaliarem e reavaliarem os efeitos da diversidade no policiamento na Amanãrica.

 

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