Humanidades

Depressão, ansiedade, solida£o estãoatingindo seu pico em estudantes universita¡rios
Um ponto positivo potencial da pesquisa foi que o estigma em torno da saúde mental continua a desaparecer.
Por Kat J. McAlpine - 20/02/2021


Dra. Sarah Ketchen Lipson épesquisadora de saúde mental da Universidade de Boston e coinvestigadora principal da pesquisa nacional da Healthy Minds Network. Crédito: Cydney Scott, Boston University

Uma pesquisa feita por um pesquisador da Universidade de Boston com quase 33.000 estudantes universita¡rios em todo opaís revela que a prevalaªncia de depressão e ansiedade em jovens continua a aumentar, agora atingindo seus na­veis mais altos, um sinal dos fatores de estresse crescentes devido a  pandemia do coronava­rus, agitação pola­tica , e racismo sistemico e desigualdade.

"Metade dos alunos no outono de 2020 foi testada positivamente para depressão e / ou ansiedade", disse Sarah Ketchen Lipson, psica³loga da Universidade de Boston pesquisadora de saúde e coinvestigadora principal da pesquisa nacional publicada em 11 de fevereiro de 2021, que foi administrada online durante o semestre do outono de 2020 por meio da Rede de Mentes Sauda¡veis. A pesquisa revela ainda que 83 por cento dos estudantes disseram que sua saúde mental afetou negativamente seu desempenho acadêmico no maªs passado, e que dois tera§os dos estudantes universita¡rios estãolutando contra a solida£o e se sentindo isolados - uma prevalaªncia alta de todos os tempos que reflete o peda¡gio da pandemia e do distanciamento social necessa¡rio para controla¡-la.

Lipson, professor assistente de direito, pola­tica e gestãode saúde da Escola de Saúde Paºblica da BU, diz que as descobertas da pesquisa ressaltam a necessidade de professores e professores universita¡rios estabelecerem mecanismos que possam acomodar as necessidades de saúde mental dos alunos.

"O corpo docente precisa ser flexa­vel com os prazos e lembrar aos alunos que seu talento não éapenas demonstrado pela capacidade de obter uma nota alta durante um semestre desafiador", diz Lipson.

Ela acrescenta que os instrutores podem proteger a saúde mental dos alunos tendo as tarefas para as 17h, em vez da meia-noite ou 9h, hora¡rios que Lipson diz que podem encorajar os alunos a irem para a cama mais tarde e perder um sono valioso para cumprir esses prazos.

Especialmente em salas de aula menores, onde um ausaªncia de aluno pode ser mais percepta­vel do que em palestras maiores, os instrutores que perceberem que alguém faltou a s aulas devem entrar em contato com o aluno diretamente para perguntar como ele esta¡.

"Mesmo em turmas maiores, onde o alcance 1: 1 émais difa­cil, os instrutores podem enviar e-mails para toda a classe reforçando a ideia de que eles se preocupam com seus alunos não apenas como alunos, mas como pessoas, e divulgando informações sobre os recursos do campus para saúde mental e bem-estar". Lipson diz.
 
E, crucialmente, diz ela, os professores devem ter em mente que o fardo da saúde mental não éo mesmo em todos os grupos demogra¡ficos dos alunos. “Estudantes negros e estudantes de baixa renda tem maior probabilidade de sofrer a perda de um ente querido devido ao COVID”, diz Lipson. Eles também são "mais propensos a enfrentar problemas financeiros". Todos esses fatores podem impactar negativamente a saúde mental e o desempenho acadêmico "maneiras profundas", diz ela.

Em umnívelsuperior dentro de faculdades e universidades, diz Lipson, os administradores devem se concentrar em fornecer aos alunos servia§os de saúde mental que enfatizem a prevenção, enfrentamento e resiliencia. Os dados da pesquisa do outono de 2020 revelaram uma "lacuna de tratamento" significativa, o que significa que muitos alunos com teste positivo para depressão ou ansiedade não recebem servia§os de saúde mental.

“Frequentemente, os alunos são procuram ajuda quando se encontram em uma crise de saúde mental, exigindo recursos mais urgentes”, diz Lipson. "Mas como podemos criar sistemas para promover o bem-estar antes que eles atinjam esse ponto?" Ela tem uma sugestão: "Todos os alunos devem receber educação em saúde mental, de preferaªncia como parte do curra­culo obrigata³rio."

Tambanãm éimportante observar, diz ela, que os desafios crescentes de saúde mental não são exclusivos do ambiente universita¡rio - em vez disso, os resultados da pesquisa são consistentes com uma tendaªncia mais ampla de decla­nio da saúde mental em adolescentes e jovens adultos. “Acho que a saúde mental estãopiorando [em toda a população dos Estados Unidos] e, além disso, agora estamos coletando mais dados sobre essas tendaªncias do que antes”, diz Lipson. “Sabemos que o estigma da saúde mental estãodiminuindo e essa éuma das principais razões pelas quais somos capazes de coletar melhores dados. As pessoas estãosendo mais abertas, tendo mais dia¡logo sobre isso e somos capazes de identificar melhor que as pessoas estãolutando. "

A piora da saúde mental dos americanos, de forma mais ampla, diz Lipson, pode ser devido a uma confluaªncia de fatores: a pandemia, o impacto da ma­dia social e a mudança de valores sociais que estãose tornando mais extrinsecamente motivados (uma carreira de sucesso, ganhar mais dinheiro, obter mais seguidores e curtidas), ao invanãs de motivado intrinsecamente (ser um bom membro da comunidade).

O peso esmagador das pressaµes financeiras hista³ricas éum fardo adicional. “A da­vida do aluno étão estressante”, diz Lipson. "Quanto mais da­vidas vocêtem, mais vocêestãopredisposto a sentir ansiedade. E pesquisas indicam que o suica­dio estãodiretamente ligado ao bem-estar financeiro."

Com mais de 22 milhões de jovens matriculados em faculdades e universidades dos Estados Unidos, "e com os anos de vida universita¡rios tradicionais coincidindo com a idade de ini­cio das doenças mentais ao longo da vida", Lipson enfatiza que o ensino superior éum ambiente crucial onde a prevenção e o tratamento podem fazer uma diferença.

Um ponto positivo potencial da pesquisa foi que o estigma em torno da saúde mental continua a desaparecer. Os resultados revelam que 94 por cento dos alunos dizem que não julgariam alguém por procurar ajuda para saúde mental , o que Lipson diz ser um indicador que também se correlaciona com a probabilidade de os alunos procurarem ajuda durante uma crise pessoal (embora, paradoxalmente, quase metade dos alunos afirma perceber que os outros podem ter uma opinia£o negativa sobre eles se procurassem ajuda).

“Somos mais severos conosco e mais cra­ticos de nosmesmos do que com as outras pessoas - chamamos isso de estigma percebido versus pessoal”, diz Lipson. "Os alunos precisam perceber que seus colegas não estãojulgando vocaª."

 

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