Humanidades

Estudiosos de Stanford refletem sobre a história negra em suas vidas e trabalhos
Estudiosos das ciências humanas e sociais refletem sobre a “história negra como história americana” e seu impacto em suas vidas pessoais e profissionais.
Por Sandra Feder - 25/02/2021


Getty Images

Amedida que o Maªs da Hista³ria Negra chega ao fim, os professores de Stanford refletem sobre as contribuições cruciais dos negros americanos que devem ser estudadas e celebradas não apenas durante fevereiro, mas também ao longo do ano. Seja examinando o impacto de escritores como Toni Morrison, abolicionistas da era da Guerra Civil ou ativistas pola­ticos dos dias atuais na Gea³rgia, estudiosos das ciências humanas e sociais enfatizam que a história dos negros americanos éessencial para compreender nossa nação e nosso mundo.

Abaixo, acadaªmicos da Escola de Humanidades e Ciências falam sobre como a compreensão da história negra os moldou pessoalmente e éparte integrante de suas pesquisas e trabalhos.

Hakeem Jefferson
Professor Assistente, Ciência Pola­tica

O Maªs da Hista³ria Negra deste ano vem na esteira de uma insurreição da supremacia branca no Capita³lio dos Estados Unidos. Com este tra¡gico evento em mente, lembro-me de que os negros hámuito serviram como a consciência de nações ao redor do mundo em momentos de crise. Lembro-me de bravos abolicionistas e lutadores pela liberdade e artistas e pessoas comuns que, com tudo a perder, incluindo a própria vida, permaneceram como vanguardas e guardia£es de nossa democracia. E como um cientista pola­tico cujo trabalho tenta destacar a diversidade e complexidade da pola­tica negra, lembro-me de ativistas e organizadores negros em lugares como Gea³rgia, Texas e Arizona que estãotrabalhando agora para tornar real a promessa de democracia não apenas para os negros pessoas, mas também para todos nós.

Como uma comunidade de acadaªmicos, temos a oportunidade de unir esses esforços, e este Maªs da Hista³ria Negra nos oferece outra oportunidade de nos comprometermos novamente com a causa da democracia - uma causa que os negros nestepaís tem avana§ado por gerações e continuam avaçando hoje . A verdadeira questãoése temos coragem de apoia¡-los.

Toma¡s Jimanãnez
Professor Associado, Sociologia

A história negra éa história americana. Em cada etapa do desenvolvimento de nossa nação, os negros americanos lideraram o chamado e mostraram pelo exemplo como cumprir a promessa em nossos documentos de fundação. Cumprir essa promessa éum projeto conta­nuo. Aceitar o desafio desse projeto requer um reconhecimento das maneiras como as instituições e os indivíduos subjugaram os negros americanos por meio da ação direta, inação ou ambas. Tambanãm requer honrar as contribuições dos negros americanos em todos os aspectos da vida americana, desde a pola­tica e a ciência a  arte e espiritualidade.

Vale a pena homenagear as pessoas amplamente conhecidas que fizeram essas contribuições. Mas também devemos erguer pessoas para quem nunca havera¡ um monumento ou placa, mas que trabalharam em todas as facetas da vida americana para tornar nossopaís um lugar melhor. Eles também fizeram e continuam a fazer a história negra; para fazer história americana.

Paula ML Moya
Danily C. e Laura Louise Bell Professora de Humanidades
Professora, Inglaªs

Estudo literatura escrita por afrodescendentes não apenas por sua sabedoria, profundidade, tristeza e humor, mas também porque não fazer isso me deixaria na ignora¢ncia de uma história crucial que contribuiu fundamentalmente para fazer de nossa nação o que ela anã.

Toni Morrison anã, para mim e para muitos outros, um farol de sabedoria e verdade. Seus escritos, junto com os de Frantz Fanon, Audre Lorde, Toni Cade Bambara e James Baldwin (entre outros), me ensinaram lições importantes sobre como eu, como ser humano e também como mulher negra, posso viver com generosidade em este mundo desafiador, mas lindo. Guardo suas palavras, carrego-as em meu coração e as uso para me guiar enquanto tomo decisaµes difa­ceis sobre quem cuidar e como amar, mesmo aqueles que podem não querer me amar de volta.

Patrick Phillips
Professor,
Diretor Interino de Inglaªs , Programa de Escrita Criativa

Vejo a história dos negros americanos como outro nome para a  verdadeira história americana - para toda a nossa história como nação. E acho que mais pessoas estãofinalmente rejeitando uma versão caiada do passado, projetada para proteger os brancos de jamais enfrentar os crimes monumentais de nossos ancestrais e de reconhecer o papel central dos afro-americanos na construção da prosperidade americana.

Aprendi isso em primeira ma£o quando estava fazendo uma pesquisa para um livro sobre a história hámuito escondida de linchamento, terror da supremacia branca e roubo de terras em minha cidade natal. Ele também narra a vida de hera³icos residentes negros que, em meio a uma esmagadora injustia§a, construa­ram novas vidas na Gea³rgia pa³s-Emancipação.

Como um sulista branco, vejo o estudo da história negra como um corretivo urgente a  longa tradição de ignora¢ncia intencional e silaªncio caºmplice da Amanãrica branca. Pois, como disse James Baldwin, “não épermitido que os autores da devastação também sejam inocentes. a‰ a inocaªncia que constitui o crime. ”

Steven O. Roberts
Professor assistente, psicologia

“A história não éo passado. a‰ o presente. Carregamos nossa história conosco. Somos a nossa história. ” —James Baldwin

Na³s, como indivíduos e como um coletivo, não podemos nos entender se não entendermos a história negra. E o termo em si éimportante contextualizar. A história negra éa história dos Estados Unidos. a‰ a história da humanidade. Compreender a história negra éconhecer a força e a resiliencia necessa¡rias para afirmar a própria humanidade, como afirmado por Malcolm e a Rainha Nzinga e muitos outros. Compreender a história negra ésentir o coração e a profundidade necessa¡rios para cantar na alma, como cantado por Aretha e Cooke e muitos outros. Entender a história negra éentender o que foi e o que deveria ser.

Nãohánenhuma história como a história negra, e estou muito honrado em carregar essa história comigo.

 

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