Humanidades

A neuroimagem revela como a ideologia afeta a percepção racial
Como a ideologia pola­tica das pessoas pode afetar sua percepa§a£o de raça?
Por Cornell University - 04/03/2021


Pixabay

Como a ideologia pola­tica das pessoas pode afetar sua percepção de raça?

Pesquisa anterior de Amy Krosch, professora assistente de psicologia na Faculdade de Artes e Ciências, mostrou que brancos que se identificam como pola­ticos conservadores tendem a ter um limiar mais baixo para ver rostos mestia§os de negros e brancos como negros.

Mais frequentemente do que os liberais, Krosch descobriu, os conservadores pola­ticos brancos mostram uma forma de discriminação social denominada "hipodescente" - categorizando indivíduos multirraciais como membros do grupo racial "socialmente subordinado".

Em uma nova pesquisa publicada em 22 de fevereiro na Philosophical Transactions of Royal Society B , Krosch usou neuroimagem para mostrar que esse efeito parece ser impulsionado pela maior sensibilidade dos conservadores brancos a  ambiga¼idade de rostos mestia§os em vez de uma sensibilidade a  negritude dos rostos ; essa sensibilidade apareceu em uma regia£o neural frequentemente associada a reações afetivas.

Tomados em conjunto, os resultados do estudo sugerem que os conservadores pola­ticos brancos podem supercategorizar rostos mestia§os como negros, não por causa de uma aversão a  negritude, mas por causa de uma reação afetiva a  mistura racial em geral, disse Krosch. O estudo aparece em uma edição especial sobre Neurociênciapola­tica.

"Saba­amos de nosso trabalho anterior que os conservadores tendem a categorizar mais rostos mestia§os como sua raça 'socialmente subordinada', ou de acordo com os hipodescentes", disse Krosch, "um princa­pio intimamente relacionado a s nota³rias regras de 'uma gota', usadas para subjugar indivíduos com qualquer herana§a não branca, negando-lhes plenos direitos e liberdades sob a lei desde os primeiros dias da escravida£o americana atéa Era dos Direitos Civis. "

No novo estudo, disse Krosch, ela e outros pesquisadores queriam descobrir por que esse éo caso: "Especificamente, quera­amos saber se conservadores e liberais diferem na maneira como literalmente veem, pensam ou sentem sobre mestia§os rostos."

Os rostos de raças mistas variam em pelo menos duasDimensões cra­ticas, escreveu Krosch: "Os conservadores e os liberais diferem em sua sensibilidade ao conteaºdo racial ou ambiga¼idade racial de tais rostos? Essas questões são difa­ceis de separar em investigações comportamentais, mas podem ser cra­ticas para o entendimento a ligação entre ideologia e hipodescente. "
 
No novo estudo, os pesquisadores usaram neuroimagem funcional (fMRI) - um proxy para o fluxo sangua­neo em regiaµes do cérebro - para examinar o papel dos mediadores neurais da ideologia pola­tica em hipodescentes discriminata³rios em relação a rostos mestia§os.

Quarenta e um participantes brancos auto-identificados relataram ideologia pola­tica em uma escala de 11 pontos antes da neuroimagem. Membros desse grupo ideologicamente diverso de indivíduos foram apresentados a imagens de rosto geradas por computador que variavam de 100% branco a 100% negro em incrementos de 10%, enquanto a neuroimagem captava a atividade cerebral.

"De interesse prima¡rio era uma regia£o neural especa­fica - a a­nsula - por causa de sua releva¢ncia em investigações independentes de ideologia, raça e ambiga¼idade", escreveu Krosch. A a­nsula desempenha um papel fundamental no processamento emocional, e a a­nsula anterior estãoassociada ao processamento da ambiga¼idade, portanto, também pode estar associada a  ideologia pola­tica e a  hipodescaªncia, escreveu ela.

Nos resultados, os conservadores exibiram um limiar mais baixo para ver rostos mestia§os como negros e isso estava relacionado a  sua maior sensibilidade a  ambiga¼idade racial na a­nsula anterior. Os conservadores também tomaram decisaµes mais rápido do que os liberais. Juntos, esses resultados indicam que os conservadores podem sentir aversão a  ambiga¼idade racial de qualquer tipo que os faz resolver a ambiga¼idade racial "rapidamente e da maneira mais culturalmente acessa­vel ou de afirmação de hierarquia - isto anã, de acordo com o hipodescente", escreve Krosch.

Notavelmente, conservadores e liberais não diferiram em suas respostas a  ambiga¼idade ou enfrentam a negritude em regiaµes do cérebro relacionadas ao processamento visual denívelinferior ou cognição social. “Em vez de perceber visualmente ou pensar sobre rostos mestia§os de maneira diferente, os conservadores podem manter uma fronteira mais ra­gida em torno da brancura (em comparação com os liberais) por causa da maneira como se sentem sobre a ambiga¼idade racial ”, escreveu Krosch.

Esses resultados aumentam a compreensão do papel da ideologia pola­tica na categorização racial, escreveu Krosch.

"Eles também ajudam a explicar como e por que os indivíduos multirraciais são frequentemente classificados como membros de seu grupo racial mais subordinado - um fena´meno que aumenta sua vulnerabilidade a  discriminação e exacerba as desigualdades raciais existentes", escreveu Krosch. "Dadas as inaºmeras consequaªncias sociais da categorização de grupos minorita¡rios e o grande número de pessoas que são potencialmente vulnera¡veis ​​a  categorização tendenciosa, compreender os processos pelos quais a ideologia reforça o status quo racial éextremamente importante."

 

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