Novo livro de Alan Lightman explora os enigmas das origens, infinitos e outras perplexidades trazidas a nospela ciência moderna.

Alan Lightman éprofessor de prática das humanidades no MIT. Créditos: Imagem da capa cortesia da Pantheon
Em 1929, o astra´nomo Edwin Hubble, usando dados do Observatório Mount Wilson, na Califa³rnia, descobriu que o universo estãose expandindo. Esta foi “provavelmente a descoberta ca³smica mais importante de todos os temposâ€, escreve Alan Lightman em seu novo livro, “Prova¡veis ​​Impossibilidades: Reflexaµes sobre Comea§os e Finaisâ€. Certamente éum dos mais instigantes.
A descoberta de Hubble complica a forma como entendemos o espaço e o tempo. Vocaª pode imaginar um universo que se expande infinitamente? E se estãose expandindo, deve ter um ponto de partida no tempo. Mas o que existia antes disso e como as coisas comea§aram?
“a‰ alucinante se o universo for finito e também alucinante se o universo for infinitoâ€, diz Lightman, que éprofessor de prática das humanidades no MIT. “a‰ alucinante se houve um começo nos tempos, e também éalucinante se nunca houve um começo nos temposâ€.
Se vocêdescobrir que sua própria mente estãosendo distorcida por esses problemas, o novo livro de Lightman sinaliza uma mensagem: Vocaª não estãosozinho. “Prova¡veis ​​impossibilidadesâ€, publicado este maªs pela Penguin RandomHouse, éum companheiro para leitores que gostam de refletir sobre como o universo evoluiu, como a vida na Terra começou ou como alguns elementos químicos podem criar consciência.
Ao fazer isso, o livro de Lightman luta com uma característica ligeiramente paradoxal da ciência Nos últimos 125 anos, especialmente, a pesquisa emparica teve um sucesso sensacional. Mas isso não levou a algo como uma compreensão completa do universo. Em vez disso, reorganizou as fronteiras do conhecimento, algumas das quais, como a física qua¢ntica, repelem nossa intuição. Â
Afinal, a evidência emparica apa³ia fortemente a ideia do Big Bang e se alinha bem com a teoria da inflação, a noção de que houve uma expansão e um resfriamento precoce fenomenalmente rápido do universo. Mas a questãodo que causou o Big Bang pode residir no reino qua¢ntico. A evidência sugere que o conteaºdo de nosso universo foi condensado em um fragmento subata´mico de matéria; talvez alguma ação qua¢ntica tenha criado essa partacula, levando a sua expansão subsequente.
No livro, Lightman fala com o cosmologista da Universidade Tufts Alexander Vilenkin, que se refere a forma como aspartículas subatômicas parecem aparecer repentinamente em vários lugares ao mesmo tempo, e observa: "Nenhuma causa énecessa¡ria para criar um universo a partir do tunelamento qua¢ntico." Ou seja, um evento qua¢ntico aleata³rio pode ter gerado a matéria que habitamos agora.
Nossas intuições não podem compreender isso completamente, mas a ciência nos permite raciocinar por meio de suas implicações. Como Lightman explora no livro, o fasico Andrei Linde da Universidade de Stanford, um dos pioneiros da pesquisa sobre inflação, propaµe que existe uma “inflação caa³tica eternaâ€, na qual muitos universos estãofrequentemente sendo gerados. Alan Guth, o fasico do MIT cujo trabalho foi vital para o desenvolvimento da teoria da inflação, também acredita que estamos em um multiverso. Como Lightman discute no livro, o cosmologista Sean Carroll de Guth e Caltech tem tentado formalizar uma conta correspondente do tempo, na qual a direção do tempo estãoligada a crescente desordem de um universo em expansão e seria revertida nas circunsta¢ncias opostas.
Um ponto-chave aqui éque lidar com perguntas aparentemente sem resposta não éum ponto final; éum estamulo para o pensamento produtivo.
“A ciência moderna tem sido capaz de pegar questões que antes eram consideradas puramente filosãoficas e aborda¡-las por meio de experimentos, observações e teoriasâ€, diz Lightman. “Talvez seja inevita¡vel que, depois de [gerar] perguntas grandes o suficiente, vocêva¡ além de sua capacidade de testa¡-las.â€
O pra³prio Lightman estãoconforta¡vel com a ideia de que alguma forma de evento qua¢ntico desencadeou o desenvolvimento do nosso universo.
“Antes de nosso universo comea§ar com nosso Big Bang, 13,8 bilhaµes de anos atrás, provavelmente havia algum tipo de espaço e tempo qua¢nticos, embora possa não ter havido nada que possamos relacionar com o espaço e o tempo em nosso mundoâ€, diz Lightman. “E com as flutuações no campo de energia, [talvez] alguns pequenos universos surgiram, a maneira como podemos criarpartículas de energia em um laboratório. Alguns desses universos tinham as condições iniciais certas para se expandir, e um deles se tornou o nosso universo. Isso éo que eu acho que aconteceu, mas eu diria a uma pessoa para ler sobre física qua¢ntica para apreciar a estranheza da natureza e suas possibilidades. â€
Lightman tem um PhD em física, estudou com Kip Thorne no Caltech e fez pesquisas em astrofasica antes de se concentrar em sua escrita. Mas em "Prova¡veis ​​impossibilidades", Lightman também se ramifica na biologia - examinando, por exemplo, o trabalho de Jack Szostak, da Universidade de Harvard, um lider em pesquisas sobre as origens da vida. Lightman também toca nos mistanãrios da consciência, citando a visão do fila³sofo Colin McGinn de que, como Lightman escreve, "nunca podemos compreender a consciência porque nunca podemos sair de nossas mentes para fazer a análise."
No geral, Lightman diz: “Acho que serámais fa¡cil entender como um organismo vivo emergiu de substâncias químicas primitivas do que como a própria consciência emerge de um cérebro material. … Em termos de uma forma de vida unicelular muito, muito primitiva, acho que definitivamente seremos capazes de fazer isso nos pra³ximos 50 anos ou mais. â€
Atéagora, “Prova¡veis ​​impossibilidades†recebeu elogios dos revisores. O livro é“um belo argumento contra a velha noção da era roma¢ntica de que a ciência mata o assombro. Nas ma£os de Lightman, a ciência são o multiplica â€, escreveu o jornalista cientafico Sam Kean em uma cratica no The American Scholar .
Lightman espera que os leitores sejam atraados tanto pelos profundos mistanãrios de nossas origens quanto pela engenhosidade dos pesquisadores de hoje.
“Embora sejamos bilhaµes de vezes maiores do que os a¡tomos, podemos fazer experimentos e elaborar equações e teorias que descrevem o mundo do a¡tomoâ€, diz Lightman. “E somos capazes de sondar o universo distante e entender o que aconteceu a bilhaµes de anos-luz de distância e construir uma teoria de como o universo chegou atéaqui, muito além de nossas expectativas sensoriais limitadas. a‰ um triunfo da mente que entendemos tanto quanto entendemos. â€