Humanidades

Influaªncia social das escolas, segundo o educador Joa£o Penteado
No ini­cio do século XX, pedagogo liderou movimento por educação liberta¡ria
Por Cemem - 10/03/2021


Joa£o Penteado (esq.) e alunos da Escola Moderna de SP em mara§o de 1913 - Imagem: Reprodução

Joa£o Penteado (1876 os1965) foi um pedagogo de tendaªncia anarquista que liderou a implantação das Escolas Modernas em Sa£o Paulo. A experiência da educação liberta¡ria na capital paulista durou de 1912 a 1918, quando o governo determinou o fechamento das escolas após a greve opera¡ria de 1918.

A ideia da Escola Moderna era promover a emancipação moral e intelectual com base no ensino racionalista, que buscava uma metodologia de aprendizado pela qual o sujeito em formação fosse guiado por processos de experimentação e observação do mundo, como forma de promover autonomia sobre suas relações e sobre o meio que os cerca.

Em artigo intitulado “As escolas e sua influaªncia social oso ensino oficial e o ensino racionalista,” publicado na edição n. 2 do jornal anarquista A Vida, que circulou em 31 de dezembro de 1914, Penteado expa´s seu pensamento sobre a educação oficial e as razões pelas quais lutava por uma formação humana livre de dogmas.  

Inicialmente Penteado assinalou: “[...] As escolas, fontes alimentadoras dos caudais de ideias que tão poderosamente influem nos destinos das sociedades humanas osdevem, por certo, merecer a mais acurada, a mais cariciosa, a mais desveladora dedicação por parte dos reformadores sociais, dos que sonham um destino diferente para a humanidade osporque énelas, justamente nelas, nos seus bancos e nos seus livros, que se preparam as novas gerações [...]”.

Ele dizia que “[...] énas escolas onde reside o segredo da força mantenedora dos preconceitos patria³ticos, das convenções sociais, das superstições e dos dogmas religiosos [...]”. Penteado enfatizava “[...] Daa­ pois, a razãoporque o Estado e a igreja disputam entre si a primazia no mister da instrução popular e tem as suas vistas constantemente voltadas para a questãodo ensino procurando sempre aumentar, e de maneira considera¡vel, as instituições destinadas a  formação de mentalidades que melhor se adaptem a  vida de degeneração e perversidade das sacristias e dos quartanãis que a  atmosfera sadia da liberdade e da felicidade resultantes da emancipação da consciência e do pensamento [...]”.

Quando Penteado escreveu seu documento, ocorria na Europa a primeira Guerra Mundial (1914 os1918), envolvendo grandes potaªncias. O pedagogo citou a batalha como resultado de uma educação dogma¡tica. “[...] Essa luta monstruosa em que se lana§am os povos da velha e mais culta parte do mundo civilizado, tiveram começo, primeiramente nas escolas oficiais, por meio da infiltração do nefasto patriotismo, que inocula no espa­rito da juventude de uma nação ou de uma raça o sentimento de repulsa, de despeito e de a³dio pelos indivíduos de outra raça. As escolas preparam e as casernas, por seu turno, completam a obra terra­vel, auxiliada pela imprensa vendida ao serviço dos promotores das guerras internacionais, que são os chefes de Estado e os banqueiros [...]”.     

Passados cem anos do movimento da Escola Moderna, por uma educação não doutrina¡ria, observa-se na pa¡gina do Ministanãrio da Educação o projeto ideola³gico do governo de implementar, até2023, 216 escolas ca­vico-militares no a¢mbito do Programa Nacional das Escolas Ca­vico Militares (Pecim), da qual também participa o Ministanãrio da Defesa.

Documentos sobre as Escolas Modernas podem ser pesquisador no Centro de Documentação e Mema³ria (CEDEM), da Unesp.

Onde pesquisar:

CEDEM
On-line: www.cedem.unesp.br
Presencial: Sede do Centro de Documentação e Mema³ria (CEDEM), da Unesp
Praça da Sanã, 108, 1 andar osSa£o Paulo (SP)
E-mail: pesquisa@cedem.unesp.br
Tel.: 11-31161701

 

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