Humanidades

Tremendo no Pleistoceno: novas análises das condições pré-hista³ricas do clima mapeiam as adaptações humanas ao frio
Neste trabalho, que acaba de ser publicado no Journal of Human Evolution , as temperaturas que os humanos tiveram de suportar na Europa durante várias dessas fases climáticas foram estimadas com a ajuda de mapas de paleotemperatura.
Por CENIEH - 12/03/2021


Homina­deos de 400.000 anos em uma paisagem de inverno. Crédito: J. Rodra­guez

Jesaºs Rodra­guez e Ana Mateos, cientistas do Centro Nacional de Investigacia³n sobre la Evolucia³n Humana (CENIEH), trabalhando com o gea³grafo Christian Willmes da Universidade de Cola´nia (Alemanha), analisaram as condições climáticas vividas pelos humanos na Europa Ocidental durante o Pleistoceno Manãdio , avaliando suas possa­veis adaptações ao frio por meio de um modelo de termorregulação que simula a perda de calor do indiva­duo durante o sono.

O Pleistoceno Manãdio (125.000-780.000 anos atrás) foi marcado por oscilações peria³dicas entre um clima semelhante ao de hoje e fases muito mais frias. Neste trabalho, que acaba de ser publicado no Journal of Human Evolution , as temperaturas que os humanos tiveram de suportar na Europa durante várias dessas fases climáticas foram estimadas com a ajuda de mapas de paleotemperatura. Com base nesses mapas, gerados por Willmes, foram obtidas as temperaturas de um total de 68 locais com presença humana documentada entre 360.000 e 470.000 anos atrás.

Os resultados desta investigação demonstram que o ser humano teve de suportar temperaturas muito baixas durante este período e, surpreendentemente, não são durante as fases glaciais, mas também em anãpocas mais amenas, mesmo em locais da Pena­nsula Ibanãrica como Ambrona ou Atapuerca. "Que os humanos foram capazes de suportar condições tão adversas édifa­cil para nosimaginarmos se tivermos em mente que as evidaªncias para o uso do fogo na Europa durante este período são extremamente escassas. Na verdade, muitos pesquisadores pensam que eles não foram capazes de gerar e usar o fogo habitualmente ”, explica Rodra­guez.

Lutando contra o frio sem fogo

Para avaliar a eficácia de outras estratanãgias de combate ao frio, os pesquisadores usaram um modelo matema¡tico que simula a perda de calor durante o sono e o aplicaram a um indiva­duo do sexo masculino e uma do sexo feminino do sa­tio Sima de los Huesos em Atapuerca (Burgos). “Isso nos permitiu avaliar os efeitos isolantes de uma cobertura de pele, de uma espessa camada de gordura subcuta¢nea e de produzir calor interno pelo metabolismo, além de permitir a perda de calor pela ação do vento”, diz Mateos.

A exposição ao frio, principalmente a  noite, representaria um verdadeiro desafio para a termorregulação. Ha¡ um limite para a resposta metaba³lica que as temperaturas frias a  noite provocam, mas onde os mecanismos fisiola³gicos não chegam, os comportamentos humanos podem preencher a lacuna, como diz Mateos: "Eles poderiam suportar temperaturas noturnas muito baixas se dormissem cobertos de peles, especialmente se eles fizessem isso como um grupo em um local onde estivessem protegidos do vento. "

 

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