Humanidades

Milhares de criana§as não veem os pais háum ano: impacto oculto do COVID nas fama­lias dos presos
Muito se ouviu sobre o impacto devastador da COVID-19 nas fama­lias, dilaceradas por restria§aµes de bloqueio. Mas a pesquisa de Oxford hoje encontrou milhares de criana§as no Reino Unido, que não vaªem seus pais háum ano.
Por Oxford - 17/03/2021


Os efeitos dessa perda de contato e interrupção nas relações familiares [entre os prisioneiros e seus filhos] provavelmente sera£o de longo prazo e afetara£o a reunificação da familia e o reassentamento após a prisão - de acordo com o relatório de Shona Minson de Oxford. Crédito: Shutterstock

Estima-se que a cada ano 300.000 criana§as na Inglaterra e no Paa­s de Gales tem um dos pais na prisão e, segundo a pesquisa, muitas não tiveram nenhum contato pessoal com esses pais desde 13 de mara§o de 2020, quando as visitas foram interrompidas em toda a propriedade da prisão. . Enquanto algumas instituições permitiam visitas no vera£o, outras não - deixando muitos milhares de criana§as sem ver os pais por um ano inteiro.

Com base em pesquisas realizadas entre abril e junho, o relatório da pesquisadora do Direito, Shona Minson , revela que antes da pandemia, apenas 4% das criana§as não tinham contato com os pais presos. Mais da metade teve pelo menos uma visita por semana e ligações dia¡rias. Mas, atémesmo as ligações telefa´nicas na prisão foram restringidas por causa da pandemia. E o relatório conclui: 'Essa perda de contato teve um impacto negativo nos relacionamentos das criana§as com seus pais presos e em sua saúde mental e bem-estar. As criana§as podem não entender por que o contato parou e podem culpar a si mesmas. '

"A perda de contato afetou negativamente os relacionamentos das criana§as com seus pais presos e sua saúde mental e bem-estar. As criana§as podem não entender por que o contato parou e se culpam"


“Isso equivale a uma interferaªncia no direito das criana§as a  vida familiar”, diz o relatório. 'Muitas dessas criana§as tiveram contato regular e positivo com seus pais antes do fechamento da prisão ... Os efeitos dessa perda de contato e interrupção das relações familiares provavelmente sera£o de longo prazo e afetara£o a reunificação da familia e o reassentamento após a prisão.'

Outras jurisdições conseguiram oferecer opções alternativas para as criana§as. Mas, embora o mundo tenha se acostumado a reuniaµes online e virtuais, tem havido pouca oferta de videochamadas para filhos de prisioneiros para compensar a falta de contato.

'Nãofoi até28 de janeiro de 2021 que o Ministanãrio da Justia§a anunciou que todas as prisaµes na Inglaterra e Paa­s de Gales tem a capacidade de fornecer chamadas de va­deo', diz o estudo, que também revela, houve uma média de pouco mais de uma chamada de va­deo telefa´nica em 10 meses para prisioneiros em grande parte dopaís - embora a Irlanda do Norte tenha organizado videochamadas quinzenais.

As criana§as mais novas, em particular, foram seriamente afetadas. O relatório afirma: 'As chamadas telefa´nicas são de uso limitado com criana§as pequenas ou não-verbais devido a  falta de fala.'

Ele continua, 'Sem a reeducação das visitas cara a cara, as criana§as parecem não reconhecer ou reconhecer a voz de seus pais quando os ouvem falando ao telefone. Havia preocupação entre todos os cuidadores de bebaªs e criana§as pequenas, de que as criana§as estivessem se esquecendo de seus pais e tivessem perdido todo o apego que haviam formado. '

"Sem o reforço das visitas cara a cara, as criana§as pequenas pareciam não reconhecer ou reconhecer a voz dos pais quando os ouviam falar ao telefone"


Mas não foram apenas as criana§as mais novas que sofreram. De acordo com o relatório, 'quase todos os participantes [cuidadores] relataram que as criana§as estavam sentindo tristeza e pesar devido a  perda de contato com seus pais.'

Descobriu-se que as criana§as sofrem de depressão e ansiedade e houve incidaªncia de automutilação e ini­cio de transtornos alimentares. Quase todos os participantes estavam preocupados com as dificuldades que as fama­lias enfrentariam quando o pai fosse libertado, pois, principalmente para criana§as pequenas, o pai era um estranho.

O relatório apela ao Governo para 'fornecer um roteiro claro e comunicado publicamente para o restabelecimento das visitas a s prisaµes e o levantamento das restrições'. E conclui, no futuro:

Filhos de presidia¡rios devem ter o mesmo status que criana§as cuidadas, para que frequentem a escola, se apropriado;

As videochamadas devem ser disponibilizadas uma vez por semana e não deve haver restrição ao número de criana§as na chamada;

Os reclusos devem ter acesso a telefones ma³veis seguros, para permitir o contacto frequente com as criana§as;

As prisaµes devem comunicar a s fama­lias as opções de visita; e

Deve-se considerar a liberação antecipada da licena§a para os pais.

 

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