Humanidades

Os macacos vivenciam o mundo visual da mesma forma que as pessoas
Esse resultado surpreendente sugere que os macacos tem dois na­veis de processamento exatamente como os humanos, um dos quais deve ser consciente.
Por Yale University - 29/03/2021


Pixabay

Quando os humanos olham para uma paisagem visual como um pa´r do sol ou um belo mirante, experimentamos algo - temos uma percepção consciente de como éa cena. Essa consciência do mundo visual ao nosso redor écentral para nossa existaªncia cotidiana, mas os humanos são a única espanãcie que experimenta o mundo conscientemente? Ou outros animais não humanos tem o mesmo tipo de experiência consciente que nós?

Cientistas e fila³sofos tem feito versaµes dessa pergunta hámilaªnios, mas encontrar respostas - ou mesmo maneiras apropriadas de fazer a pergunta - se mostrou difa­cil. Mas uma equipe de pesquisadores de Yale desenvolveu recentemente uma maneira engenhosa de tentar resolver esse enigma.

Escrevendo em 29 de mara§o no Proceedings of the National Academy of Sciences , eles argumentam que uma espanãcie não humana - o macaco rhesus - também tem uma percepção consciente do mundo ao seu redor.

"As pessoas se perguntam hámuito tempo se os animais vivenciam o mundo da maneira que nós, mas tem sido difa­cil descobrir uma boa maneira de testar essa questãoempiricamente", disse Moshe Shay Ben-Haim, pa³s-doutorado em Yale e primeiro autor do papel.

Os pesquisadores sabem hámuito tempo que as pessoas podem ser influenciadas por pistas subliminares inconscientes - esta­mulos visuais apresentados fora de nosso limite para a percepção consciente, disse Laurie Santos, professora de psicologia em Yale que écoautora saªnior do estudo junto com seu colega Steve Chang, professor associado de psicologia e neurociaªncia, e Ran Hassin da Universidade Hebraica.

"Temos a tendaªncia de mostrar padraµes diferentes de aprendizagem quando apresentados a esta­mulos subliminares do que quando experimentados conscientemente, ou esta­mulos supraliminais", disse ela.

Se os macacos mostrassem o mesmo padrãode "dupla dissociação" que os humanos, isso significaria que os macacos provavelmente vivenciam os esta­mulos apresentados supraliminalmente da mesma forma que as pessoas - como uma experiência visual consciente.

Ben-Haim, Santos e sua equipe pensaram em uma nova maneira de explorar se os macacos também exibem uma diferença no aprendizado quando os esta­mulos são experimentados de forma consciente ou não.

Em uma sanãrie de experimentos, eles fizeram macacos e humanos adivinharem se uma imagem-alvo apareceria no lado esquerdo ou direito de uma tela. Antes de o alvo aparecer, os participantes receberam uma dica visual - uma pequena estrela - no lado oposto de onde o alvo apareceria posteriormente. Os pesquisadores variaram se a sugestãofoi apresentada supraliminarmente ou subliminarmente. Quando a sugestãofoi apresentada por alguns segundos, os participantes humanos aprenderam com sucesso que o alvo apareceria no local oposto ao da sugestão. Mas quando a deixa foi apresentada subliminarmente - rápido o suficiente para escapar da percepção consciente das pessoas - os participantes mostraram um padrãodiferente de desempenho; eles continuaram a escolher o lado que foi subliminarmente indicado, falhando em aprender a regra de que a deixa previa o lado oposto.

Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que os macacos mostraram exatamente os mesmos padraµes de resposta que as pessoas: como os humanos, os macacos foram capazes de olhar com sucesso para o local alvo quando as pistas eram apresentadas conscientemente, mas mostraram o padrãoreverso para pistas subliminares. Esse resultado surpreendente sugere que os macacos tem dois na­veis de processamento exatamente como os humanos, um dos quais deve ser consciente.

"Esses resultados mostram que pelo menos um animal não humano exibe tanto a percepção inconsciente quanto a percepção visual consciente do tipo humano", disse Ben-Haim. "Agora temos um novo manãtodo não verbal para avaliar se outras criaturas não humanas experimentam a percepção visual da mesma maneira que os humanos."

 

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