Humanidades

Criana§as pobres estãosendo 'reprovadas pelo sistema' no caminho para o ensino superior empaíses de baixa renda
Uma geraça£o de criana§as talentosas, mas desfavorecidas, estãotendo o acesso ao ensino superior negado porque o sucesso acadêmico empaíses de renda média e baixa écontinuamente
Por Tom Kirk - 12/04/2021


Estudante se formando em Addis Ababa, Etia³pia - Crédito: Gift HAbeshaw via Unsplash


"Essas desigualdades no acesso ao ensino superior não tem nada a ver com capacidade: trata-se de sistemas que estãoconstantemente prejudicando as criana§as mais pobres"

Sonia Ilie

A pesquisa, que usou dados de cerca de 3.500 jovens na Etia³pia, andia, Peru e Vietna£, mostra que os alunos promissores, poranãm mais pobres, "desaparecem" durante seus anos escolares, a  medida que os desafios associados a s suas circunsta¢ncias socioecona´micas gradualmente corroem seu potencial. Entre as criana§as que mostraram na­veis semelhantes de habilidade aos 8 anos, por exemplo, as mais ricas costumam ter mais de 30 pontos percentuais mais probabilidade do que as menos ricas de ingressar em todas as formas de educação superior: incluindo universidade, escolas técnicas e formação de professores.

Mesmo quando se concentraram apenas em alunos que conclua­ram o ensino manãdio com na­veis compara¡veis ​​de aprendizagem, os pesquisadores descobriram que aqueles de origens mais ricas tinham ainda mais probabilidade de progredir para o ensino superior. Eles descrevem suas descobertas, relatadas no British Education Research Journal , como indicativas do "efeito protetor" da riqueza em relação a  vantagem acadaªmica.

O estudo foi realizado pelo Centro de Pesquisa em Acesso Equitativo e Aprendizagem (REAL) da Faculdade de Educação. A Dra. Sonia Ilie, sua autora principal, disse: “Em muitospaíses de baixa renda, o baixo status socioecona´mico éuma barreira conta­nua para o sucesso dos jovens. O que estãoclaro éque essas desigualdades no acesso ao ensino superior não tem nada a ver com capacidade: trata-se de sistemas que estãoconstantemente prejudicando as criana§as mais pobres. ”

Os dados usados ​​na pesquisa foram do Young Lives, um estudo internacional sobre pobreza infantil que acompanha duas coortes de jovens da Etia³pia, andia, Peru e Vietna£. Os pesquisadores de Cambridge se concentraram no grupo nascido em 1994/5. Young Lives inclui informações sobre educação e desempenho aos 8, 12, 15, 19 e 22 anos e, portanto, o que éimportante, inclui muitos jovens empaíses de baixa renda que podem ingressar no ensino superior após os 19 anos.

Os pesquisadores começam comparando as taxas ba¡sicas de ingresso no ensino superior entre os 25% mais pobres e os 25% mais ricos dos participantes. A diferença de pontos percentuais entre esses quartis era de 45 na andia e no Peru, 41 no Vietna£ e 17 na Etia³pia.

Em seguida, analisaram as taxas de progressão no ensino superior entre grupos de alunos cada vez mais compara¡veis. Primeiro, eles se concentraram naqueles com caracteri­sticas demogra¡ficas semelhantes (como gaªnero, etnia e se viviam em ambientes urbanos ou rurais). Em seguida, eles adicionaram progressivamente mais informações sobre sua educação para examinar os alunos que estavam na escola e atingindo certos na­veis de aproveitamento, com idades entre 8, 12 e 15 anos.

A lacuna entre a probabilidade de os alunos mais pobres e os mais ricos se matricularem no ensino superior diminuiu constantemente a  medida que cadanívelde informação era considerado. Dada a disparidade na lacuna de riqueza 'bruta', isso indica que as criana§as de origens pobres muitas vezes não progridem porque abandono ou aproveitamento insuficiente ao longo da escola prima¡ria e secunda¡ria. Tambanãm sugere que fatores como o gaªnero de uma pessoa interagem com seu status socioecona´mico para influenciar sua probabilidade de progredir para o ensino superior.

De maneira crucial, no entanto, ainda existia uma lacuna entre ricos e pobres, mesmo entre alunos que conclua­ram o ensino manãdio com na­veis compara¡veis ​​de aprendizagem. O tamanho da lacuna remanescente refletia as complexidades dos sistemas de ensino superior de cadapaís, mas mostrou que, no mesmonívelde escolaridade e aprendizagem, a riqueza exercia esse efeito protetor.

O estudo também analisou o progresso de criana§as 'promissoras'. Os pesquisadores identificaram todas as criana§as que haviam alcana§ado um certonívelde alfabetização aos 8 anos e, em seguida, usaram as pontuações em matemática e matemática para comparar as trajeta³rias educacionais dos mais ricos e dos mais pobres desse grupo.

No geral, a lacuna de realização entre as criana§as promissoras dos quartis de riqueza superior e inferior aumentou durante a escola, embora suas pontuações nos testes fossem semelhantes aos 8 anos de idade. Em última análise, muito mais criana§as promissoras do quartil mais rico entraram no ensino superior em comparação com mais pobres: a diferença de pontos percentuais entre os dois grupos era de 39 no Peru, 32 na andia e Vietna£ e 15 na Etia³pia.

“Mesmo entre as criana§as que se saem bem para comea§ar, a pobreza se torna claramente um obsta¡culo para o progresso”, disse Ilie. “O inverso também se aplica: se são ricos, mesmo as criana§as com na­veis de aprendizagem inicialmente mais baixos alcana§am os seus pares mais pobres. Isso éo que queremos dizer com efeito protetor da riqueza. ”

O estudo afirma que a primeira prioridade para abordar a lacuna de riqueza do ensino superior deve ser direcionada ao investimento na educação prima¡ria para os mais pobres. Esse já éum foco de pola­tica emergente em muitospaíses de renda mais baixa, onde criana§as desfavorecidas, mesmo que frequentem a escola, geralmente apresentam resultados de aprendizagem ruins. As razões para isso, documentadas em vários outros estudos, incluem recursos educacionais e apoio em casa limitados e dificuldades prática s com a frequência escolar.

Os resultados também indicam, no entanto, que o apoio direcionado deve continuar durante o ensino manãdio, onde as barreiras relacionadas a  riqueza persistem. Além disso, a diferença residual de riqueza, mesmo entre aqueles que concluem o ensino manãdio, destaca a necessidade de iniciativas que reduzam o custo do ensino superior para alunos desfavorecidos. O estudo sugere que as bolsas avaliadas por recursos podem ser uma solução via¡vel, mas são necessa¡rias mais evidaªncias. Tambanãm adverte que, atualmente, o financiamento baseado em impostos para o ensino superior ira¡ essencialmente 'subsidiar uma elite socioecona´mica', enquanto as propinas ira£o proibir ainda mais o acesso dos mais pobres.

A Professora Pauline Rose, Diretora do REAL Center, disse: “Se queremos equalizar as oportunidades no ponto de entrada no ensino superior, temos que intervir cedo, quando surgem as lacunas de riqueza. Este estudo mostra que intervenções e financiamento direcionados e sustentados são necessa¡rios para os alunos mais pobres, não apenas em seus primeiros anos, mas ao longo de suas carreiras educacionais. ”

 

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