Humanidades

Contando pedestres para fazer os pedestres contarem
O novo trabalho de Andres Sevtsuk estima o tra¡fego de pedestres nas cidades - portanto, planejadores e desenvolvedores podem estudar o fluxo de pessoas, não apenas de vea­culos.
Por Peter Dizikes - 17/04/2021


Contando os pedestres na área de Kendall Square em Cambridge, Massachusetts, o professor associado do MIT, Andres Sevtsuk, produziu um novo modelo de fluxos de pedestres em redes de ruas que podem ser usados ​​para o planejamento da cidade. Créditos: Imagem: Christine Daniloff, MIT

Uma parte importante do campus do MIT se sobrepaµe a  Kendall Square, a área movimentada em East Cambridge onde estudantes, residentes e funciona¡rios de tecnologia correm entre as aulas, reuniaµes e refeições. Para onde eles estãoindo? Existe uma maneira de dar sentido a essa agitação dia¡ria de pedestres?

Na verdade, existe: O professor associado do MIT, Andres Sevtsuk, fez da Kendall Square a base de um modelo recanãm-publicado de movimento de pedestres que poderia ajudar planejadores e desenvolvedores a compreender melhor o fluxo do tra¡fego de pedestres em todas as cidades.

O trabalho de Sevtsuk enfatiza a funcionalidade dos elementos de um bairro, acima e além de sua forma física, tornando o modelo um que poderia ser usado de Cambridge a  Cidade do Cabo.

“Este modelo nos permite estimar quantas viagens de pedestres podem ocorrer”, diz Sevtsuk. “Ele também prevaª a distribuição de viagens. Isso depende diretamente do que estãodispona­vel perto dos pedestres e de quantos destinos eles podem acessar a panã. ”

O modelo de Sevtsuk pode ajudar a preencher uma lacuna no planejamento urbano. a‰ normal que um relatório de avaliação de impacto de tra¡fego (TIA) seja necessa¡rio para novos desenvolvimentos, estimando o tra¡fego de automa³veis que o projeto provavelmente criara¡. Mas não existe um padrãoequivalente para o tra¡fego de pedestres, deixando a maioria dos funciona¡rios e planejadores que tomam decisaµes sobre projetos urbanos com maior incerteza.

Resumindo, a contagem de pedestres pode ajudar na contagem de pedestres.

“Ha¡ toda essa história de tratar o tra¡fego [de automa³veis] numericamente”, diz Sevtsuk, “Cada investimento em estradas éacompanhado por uma análise de custo-benefa­cio. Mas esses benefa­cios são voltados para a movimentação de carros. As pessoas em volta da mesa que tem números são engenheiros de tra¡fego. As cidades tem a³timos dados sobre redes veiculares, mas sabemos muito pouco sobre cala§adas na maioria das cidades. ”

O artigo que apresenta o modelo, “Estimating Pedestrian Flows on Street Networks”, foi publicado no Journal of the American Planning Association . Sevtsuk, o aºnico autor, éCharles e Ann Spaulding Professor Associado de Desenvolvimento de Carreira de Ciência Urbana e Planejamento no MIT e diretor do City Form Lab do MIT.

Rua principal movimentada

O pra³prio modelo baseia-se na análise de rede, considerando a maioria das viagens de pedestres como viagens funcionais entre várias origens e destinos: residaªncias, escrita³rios, estações de metra´, restaurantes e outras amenidades. Sevtsuk colocou um raio ma¡ximo na maioria das viagens e permitiu uma “taxa de desvio” de até15 por cento, o que significa que as viagens de pedestres no modelo podem ir além do caminho mais curto para ir de um ponto a outro.

Para adquirir dados para o modelo, Sevtsuk obteve dados denívelde propriedade da cidade e fez com que os observadores contassem os pedestres em 60 segmentos de rua em Kendall Square para fins de calibração (antes da pandemia de Covid-19) durante duas horas do dia: um período do meio-dia a partir de 12h00 a s 14h00 e hora¡rio do rush noturno das 16h00 a s 20h00

Entre outras coisas, Sevtsuk e seus assistentes de pesquisa descobriram que a média desses segmentos de rua da Kendall Square tinha 872 pedestres durante o período do meio-dia e 1.711 durante a noite. A rua principal de Kendall Square - que possui uma estação de metra´, muitos edifa­cios do MIT e escrita³rios do Google e Amazon, entre outras empresas - teve uma média de 11.311 viagens de pedestres durante o período noturno de quatro horas.

“Precisamos de dados do mundo real para calibrar o modelo e éisso que nos coloca em uma estimativa de estimativas precisas em todas as ruas”, diz Sevtsuk. “A amostra representativa são precisa ocorrer em algumas ruas. Mas uma vez calibrado nessas 60 ruas, as estimativas são boas para ir para muito mais ruas - centenas ou milhares de ruas podem ser estimadas. ”

Uma ferramenta para a prancheta também

Como enfatiza Sevtsuk, o modelo pode ser aplicado a quase qualquer ambiente urbano, e não apenas a locais que se assemelham fisicamente a  Praça Kendall. Com destinos para caminhar e condições de rua decentes para conecta¡-los, as pessoas caminhara£o por todos os tipos de bairros.  

“As estimativas não são apenas comparativas de alguns lugares semelhantes”, diz Sevtsuk. “Eles são viagens estimadas diretamente de edifa­cios específicos para outros edifa­cios específicos nas proximidades, dependendo de seus usos.”

a‰ verdade que o estudo gerou uma sanãrie de observações especa­ficas sobre a Kendall Square, onde cerca de 40 por cento dos trabalhadores e estudantes parecem ir todos os dias para um restaurante.

Mas de forma mais ampla, enfatiza Sevtsuk, o modelo também pode ser integrado ao planejamento urbano para ajudar a moldar os desenvolvimentos ainda na prancheta de várias maneiras - para estimar os fluxos de pedestres, para ajudar nas decisaµes de zoneamento e para garantir que as frentes de varejo estejam em seus lugares com fluxo significativo de pedestres, entre outras coisas.

“O que éparticularmente útil éque pode ser aplicado não apenas a áreas existentes como Kendall, mas também a locais recanãm-planejados”, observa Sevtsuk. “Mesmo se estivanãssemos planejando uma nova área, apenas sabendo qual seráa configuração construa­da do empreendimento futuro e quais usos do solo ele pode conter, podemos ter uma previsão fundamentada sobre como seráo fluxo de pedestres.”

 

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