Humanidades

Melhor preditor de taxas de prisão? A 'loteria de nascimento da história'
O socia³logo de Harvard Robert J. Sampson e Ph.D. O candidato Roland Neil acompanhou as prisaµes na vida de mais de 1.000 americanos enquanto eles saa­am da adolescaªncia e se tornavam jovens adultos em um período de 23 anos.
Por Harvard University - 21/05/2021


Pixabay

Cientistas sociais tem uma longa fixação por cara¡ter moral, informações demogra¡ficas e status socioecona´mico quando se trata de analisar crimes e taxas de prisão. As medidas se tornaram marcadores tradicionais usados ​​para quantificar e prever a criminalização, mas deixam de fora um indicador crucial: o que estãoacontecendo no mundo em mudança ao redor de seus sujeitos.

Um estudo longitudinal sem precedentes, publicado hoje no American Journal of Sociology , busca tornar essa história mais completa e mostrar que, quando se trata de prisaµes, pode se resumir a quando alguém ée não quem anã, uma teoria a que os pesquisadores se referem como a loteria de nascimento da história.

O socia³logo de Harvard Robert J. Sampson e Ph.D. O candidato Roland Neil acompanhou as prisaµes na vida de mais de 1.000 americanos enquanto eles saa­am da adolescaªncia e se tornavam jovens adultos em um período de 23 anos. Este foi um período de tempo que viu algumas das maioresmudanças sociais na memória recente, e os resultados indicam como essasmudanças, que inclua­ram o aumento do encarceramento em massa, ta¡ticas agressivas de policiamento e a queda repentina do crime que ficou conhecido como o "grande decla­nio do crime americano" - ajudou a definir como esses adolescentes e jovens adultos entraram em contato com o sistema de justia§a criminal.

"O que estamos tentando fazer éobservar as coortes de nascimento que atingiram a maioridade em anãpocas diferentes durante essasmudanças sociais ", disse Sampson, professor de Ciências Sociais de Henry Ford II. "O cena¡rio éaproximadamente o último quarto de século ou algo assim. Na³s nos concentramos nisso porque éuma anãpoca de grandesmudanças sociais nos Estados Unidos. O encarceramento em massa vem a  cabea§a de muitas pessoas, mas também vimos um aumento na violência antes isso e depois um grande decla­nio na violência durante a maior parte dos últimos 25 anos. Vimosmudanças tremendas nas prática s de policiamento e, mais recentemente, aumentaram as preocupações com a brutalidade policial e os assassinatos policiais. "

O que Sampson e Neil tentaram fazer foi vincular essasmudanças a como écrescer quando se trata de criminalização, especialmente prisão - o gatilho que gera um registro criminal em primeiro lugar. Ele lana§a uma nova luz sobre os padraµes de prisão de pessoas que atingiram a maioridade em diferentes anãpocas da guerra contra as drogas, encarceramento em massa e queda da violência a partir da década de 1990.
 
Os pesquisadores basearam seu trabalho em um estudo longitudinal multi-coorte de 1.057 criana§as que foram originalmente matriculadas em um estudo do Instituto Nacional de Justia§a denominado Projeto de Desenvolvimento Humano nos Bairros de Chicago, um estudo sobre como fama­lias, escolas e bairros afetam criana§as e adolescentes desenvolvimento. Os indivíduos mais velhos rastreados nasceram entre 1980 e meados da década de 1980 e tinham 9, 12 e 15 anos de idade no ini­cio do estudo. Os mais jovens do estudo nasceram em 1995. Todos os participantes foram acompanhados de 1995 a 2018.

Todos os participantes do estudo, originalmente todos de Chicago, foram acompanhados ao longo de quase 25 anos, a  medida que atingiam a maioridade. Eles foram selecionados aleatoriamente com base em uma amostra representativa que reflete a diversidade da Amanãrica urbana contempora¢nea. Negros e latinos representaram, cada um, mais de um tera§o da amostra, enquanto os participantes brancos representaram 20%. Mais de um tera§o dos indivíduos veio de fama­lias de imigrantes. Os pesquisadores também coletaram informações por meio de entrevistas com responsa¡veis ​​e participantes ao longo de várias rodadas de coleta de dados. Isso permitiu que Sampson e Neil aprofundassem as caracteri­sticas dos participantes, suas fama­lias e as condições da vizinhana§a na infa¢ncia.

Eles usaram dados baseados em registros de antecedentes criminais que foram coletados atéo final de 2018 para todos os participantes, permitindo-lhes estudar a prisão ao longo de um período de 23 anos. A análise mostrou grandes diferenças nos padraµes de prisão entre as quatro coortes de idade em partes substanciais de suas vidas "Quera­amos saber não apenas se havia diferenças nas taxas de prisão para as diferentes coortes, mas por que havia diferenças", disse Neil. "Essas diferenças refletem diferenças fundamentais em quem essas pessoas eram, ou diferenças no que aconteceu no ini­cio de suas vidas? Ou refletiram diferenças no contexto mais amplo em que estavam envelhecendo?"

Os pesquisadores descobriram que era o último. Em muitos casos, por exemplo, mesmo pessoas que compartilharam o mesmo tipo de traa§os de cara¡ter, cresceram em fama­lias semelhantes e vieram de origens econa´micas semelhantes tinham chances muito maiores ou menores de serem presas, dependendo dos anos durante os quais tinham entre 17 e 23 anos. anos de idade, as idades de pico para prisão.

Por exemplo, as coortes mais jovens (as nascidas na década de 1990) atingiram a maioridade durante um mundo radicalmente diferente e, de certa forma, mais paca­fico do que as coortes mais velhas, que nasceram na década de 1980. Na verdade, as chances de prisão para as coortes mais velhas eram quase o dobro - 96% mais altas - do que para as coortes mais jovens, de acordo com o estudo.

"A explicação para isso não pode ser reduzida apenas aos suspeitos usuais - experiências de infa¢ncia, estrutura familiar, demografia, classe social, educação familiar - ou caracteri­sticas individuais", disse Sampson.

a‰ aa­ que entra a loteria do nascimento da história, ou seja, a fortuna de quando nasceram élevada em consideração nas chances de prisão. A análise mostrou o quanto significativo alguns anos demudanças sociais podem fazer quando se trata de taxas de prisão, observando o que costuma ser citado como as duas principais explicações para o crime: desvantagem socioecona´mica e baixo autocontrole.

"Simplificando, nossos resultados mostram que quando somos importantes tanto e talvez mais do que quem somos ou mesmo o que fizemos. Na medida em que a prisão éo resultado demudanças sociais substanciais nas prática s de justia§a criminal e nas normas sociais que fortemente diferenciar a experiência de vida de sucessivas coortes de nascimento, independentemente das diferenças individuais ou familiares, a ideia da propensão de um indiva­duo para o crime precisa de reconsideração "

Sampson


Aproximadamente 70 por cento das criana§as nascidas na década de 1980 em fama­lias desfavorecidas foram presas por volta dos 20 anos, enquanto apenas cerca de um quarto das criana§as desfavorecidas nascidas em meados da década de 1990 foram presas na mesma idade. Para participantes de origens mais favorecidas, asmudanças foram moderadas. Olhando para essas mesmas coortes, o estudo descobriu que aqueles nascidos na década de 1980 com maior autocontrole tiveram aproximadamente as mesmas taxas de prisão que aqueles nascidos na década de 1990 com baixo autocontrole.

"Deva­amos realmente olhar não para o que era virtuoso ou errado com os indivíduos de uma determinada coorte, mas sim para o que écerto ou errado com o ambiente social mais amplo durante o período hista³rico em que eles atingiram a maioridade", disse Sampson. "Este estudo estãomostrando que asmudanças hista³ricas são incorporadas a esses registros criminais."

A mudança nos padraµes de aplicação da lei explicou cerca de metade das diferenças de coorte na criminalização, com a conduta desordenada e as prisaµes por drogas caindo substancialmente no período estudado. No entanto, os pesquisadores deixam claro que essas diferenças não foram motivadas apenas pelo policiamento agressivo.

Eles acreditam quemudanças comportamentais causadas pormudanças sociais maiores também levaram a menos prisaµes para coortes mais jovens. Por exemplo, de meados dos anos 90 a 2018, partes da Chicago urbana passaram por revitalização, gentrificação, repovoamento e viram um influxo de imigrantes. Nos anos mais recentes, o surgimento de tecnologias como smartphones, videogames, internet e ma­dias sociais também transformou a vida dos jovens, potencialmente reduzindo o tempo gasto em situações de risco para prisão.

"Simplificando, nossos resultados mostram que quando somos importantes tanto e talvez mais do que quem somos ou mesmo o que fizemos. Na medida em que a prisão éo resultado demudanças sociais substanciais nas prática s de justia§a criminal e nas normas sociais que fortemente diferenciar a experiência de vida de sucessivas coortes de nascimento, independentemente das diferenças individuais ou familiares, a ideia da propensão de um indiva­duo para o crime precisa de reconsideração ", disse Sampson.

O estudo apontou limitações potenciais, como o estudo ser limitado a pessoas originalmente de Chicago e olhando apenas para 20 anos de vida de uma pessoa.

Os pesquisadores esperam expandir sua teoria e os dados que coletaram sobre as desigualdades de coorte na criminalização. Eles planejam fazer novas entrevistas e continuar a adicionar registros que construa­ram para aprofundar os dados.

 

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