Humanidades

A Meca¢nica da Tentação e Procrastinação
Se vocêplaneja cortar o açúcar de sua dieta, certo? Os modelos econa´micos fazem previsaµes sobre quando as pessoas fara£o ou não certas aa§aµes e quando a procrastinação e a tentaa§a£o nos vencera£o.
Por Whitney Clavin - 31/05/2021


O novo professor de economia da Caltech, Charlie Sprenger, estãoabrindo buracos nesses modelos. Ele projeta experimentos para testar como as pessoas se comportam quando confrontadas com várias decisaµes, desde escolhas alimentares atéa implementação de programas de vacinação e muito mais. Seus experimentos mostraram que os modelos econa´micos padrãode comportamento não são consistentes com a forma como as pessoas agem em ambientes da vida real, e essas descobertas sugerem a necessidade de novas estratanãgias de pola­tica pública. Por exemplo, quais são as melhores maneiras de encorajar as pessoas a fazerem escolhas alimentares sauda¡veis?


Charlie Sprenger


Sprenger diz que não queria ser professor de economia. Por acaso, ele ensinou economia enquanto trabalhava para o Corpo da Paz depois da faculdade, mas foi são depois de trabalhar como assistente de pesquisa no Federal Reserve que se sentiu inspirado a seguir a carreira de pesquisa econa´mica.

Sprenger obteve seu bacharelado em economia pela Stanford University em 2002 e um mestrado pela University College London em 2005. Ele obteve seu PhD em economia pela UC San Diego em 2011 e, em seguida, atuou no corpo docente de economia em Stanford (2011–14) e UC San Diego (2015-20) antes de ingressar no corpo docente do Caltech no ano passado.

Na³s nos encontramos com Sprenger durante o Zoom para aprender mais sobre as escolhas que fazemos e como a pesquisa econa´mica pode influenciar o processo de tomada de decisão.

Como vocêfinalmente decidiu que queria ser economista?

Cresci perto de Santa Cruz, Califa³rnia, em uma pequena cidade chamada Felton, e nunca sonhei em ser economista. Eu me formei na faculdade em 2002 e não havia empregos. Foi uma anãpoca desafiadora. Então, eu fui para o Corpo da Paz e pode parecer que eu tinha um plano porque lecionei microeconomia, macroeconomia e finana§as na Universidade Nacional de Benin por dois anos, mas foi exatamente esse o trabalho que eles me deram. Gostei, mas não diria que despertou minha paixa£o pelo ensino. Mais tarde, enquanto trabalhava no Federal Reserve como assistente de pesquisa, tive minha primeira indicação de como poderia ser uma carreira em economia. Tive muita sorte que um de meus mentores disse "acabei de ler", então meu trabalho algumas semanas era apenas ler artigos e produzir revisaµes de literatura.

Em que tipo de projetos vocêtrabalhava naquela anãpoca?

Estive envolvido em um projeto que envolvia um trabalho experimental, que éo que faa§o hoje. Aquele momento em que vocêestãocoletando dados, desenvolvendo modelos para analisa¡-los e projetando experimentos de acompanhamento correspondentes, foi realmente emocionante para mim. Vocaª faz perguntas de pesquisa relevantes e interessantes. Vocaª projeta o ambiente empa­rico que permite responder a essa pergunta de pesquisa e, então, realmente implementa o experimento. Ser um economista experimental éuma boa combinação de atividades porque vocêtem algum trabalho tea³rico puro, algum trabalho loga­stico, que ésempre divertido - definir e executar experimentos - e então vocêtem algum trabalho empa­rico, que envolve a realização de análises estata­sticas sobre os dados conjuntos que vocêcoleta. a‰ uma variedade. Vocaª não vai se cansar de ser um economista experimental.

Em que tipo de pesquisa econa´mica vocêestãofocado agora?

Eu faa§o economia comportamental e experimental, e meus tópicos são principalmente preferaªncias de tempo e risco, ou como as pessoas tomam decisaµes em longos períodos de tempo, e como elas tomam decisaµes sob incerteza. Como economista comportamental, minha missão éfornecer uma cra­tica do modelo econa´mico padra£o, postulando padraµes de escolha não padronizados plausa­veis que se desviam do modelo padra£o. Então, proponho novas racionalizações para esses desvios.

O que o modelo padrãodiz sobre o comportamento?

O modelo econa´mico neocla¡ssico, ou ba¡sico, quando se trata de decisaµes por longos períodos de tempo, realmente se resume a uma exigaªncia de consistaªncia. Diz que suas ações são consistentes com seus planos. Digamos que estejamos falando sobre o pagamento de seus impostos. Vocaª acorda todos os dias e pergunta: "Devo declarar meus impostos hoje ou não?" Isso vem com algum custo. Vocaª tem que pegar toda a sua papelada, tem que fazer isso, mas tem alguns benefa­cios porque estãofora do seu prato. O modelo econa´mico padra£o, para uma primeira aproximação, diz, mais ou menos, que vocêfara¡ as coisas quando planejou. Agora, vocêpode planejar fazer isso no final da temporada de declaração de impostos, ou pode planejar fazaª-lo mais cedo, mas mais ou menos vocêfara¡ quando planejou.

O problema éque realmente não háespaço no modelo econa´mico padrãopara a procrastinação. Grande parte da minha pesquisa nos últimos 10 anos tem sido sobre a investigação da procrastinação e a tentativa de projetar experimentos para estimar com precisão os parametros dos modelos que permitem a procrastinação. E então penso em incentivos para procrastinadores. Um dos projetos sobre o assunto diz respeito a programas de vacinação contra a poliomielite no Paquistão. Os trabalhadores que distribuem as vacinas podem procrastinar, por isso estamos trabalhando para criar incentivos personalizados para esses trabalhadores.

Vocaª pode nos contar sobre outro exemplo de um de seus experimentos?

Posso falar sobre um estudo publicado na Review of Economic Studies in 2020, que tem a ver com escolhas alimentares. Basicamente, ta­nhamos um serviço de entrega de comida em Chicago e Los Angeles, onde forneca­amos mantimentos para indiva­duos. Demos a eles um ora§amento de 10 da³lares e os deixamos escolher entre 20 alimentos para serem entregues em uma data posterior. Dez desses alimentos são considerados sauda¡veis, como frutas e vegetais, e 10, não sauda¡veis, como doces e embalagens. Mas quando aparecemos em suas casas, trouxemos itens adicionais que eles poderiam trocar por aqueles que haviam escolhido anteriormente.

O que descobrimos não étão surpreendente: as pessoas regularmente trocavam algo como uma maçã por uma barra de chocolate. Isso soa como um experimento simples, mas na verdade não havia muitas evidaªncias empa­ricas confia¡veis ​​desse tipo de comportamento de preferaªncia por tentação antes. O que descobrimos éinconsistente com o modelo padra£o, que diz que se vocêplanejasse comer alimentos sauda¡veis, vocêo faria. Ha¡ um a¢ngulo natural de pola­tica nisso, que étirar vantagem do fato de que as pessoas sabem que não va£o seguir seus planos. Isso échamado de dispositivo de compromisso. Vocaª pode dizer: "Ei, Charlie, não me traga esses alimentos extras e não traga a barra de chocolate Snickers para minha casa."

No entanto, uma questãoque estamos explorando ése as pessoas realmente reconhecem que são procrastinadoras ou que são vitimas da tentação. Suspeitamos que as pessoas que tem os maiores problemas com isso não acham que tem um problema. Portanto, os dispositivos de confirmação podem não funcionar. Pode haver outras estratanãgias para manter o eu futuro no caminho certo.

O que fez vocêdecidir vir para o Caltech?

Caltech éum dos melhores lugares do mundo para o tipo de trabalho que faa§o. Ha¡ um enorme corpo de pesquisadores experimentais e comportamentais. Vocaª tem pessoas que estiveram aqui desde o ini­cio do campo, como Charlie Plott [William D. Hacker Professor de Economia e Ciência Pola­tica]; e vocêtem a próxima geração de pesquisadores, pessoas como Tom Palfrey [PhD '81, Flintridge Foundation Professor de Economia e Ciências Pola­ticas], Antonio Rangel [BS '93, Bing Professor de Neurociaªncia, Biologia Comportamental e Economia] e Colin Camerer [Robert Kirby Professor de Economia Comportamental]. E então vocêtem um corpo docente jaºnior incra­vel. Além disso, estou muito interessado em teorias subjacentes para a tomada de decisão e, no Caltech, existe um grupo talentoso de teóricos que complementa os economistas experimentais e comportamentais. EU'

 

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