Humanidades

Estudo lana§a luz sobre a vida pré-colombiana em área pouco estudada do sudoeste da Amaza´nia
As descobertas, publicadas na revista Proceedings of National Academy of Sciences , mostram evidaªncias de pessoas usando fogo e melhorando sua paisagem para agricultura e pesca hámais de 3.500 anos.
Por University of Central Florida - 07/06/2021


Como parte deste estudo, os pesquisadores encomendaram uma ilustração da artista Kathryn Killackey. A ilustração éuma representação da paisagem pré-colombiana de cerca de 3.500 anos atrás, com base em sua reconstrução, e detalha como eles acreditam que a regia£o seria na anãpoca. Crédito: Kathryn Killackey

Um novo estudo coautorizado por pesquisadores da University of Central Florida mostra que os povos pré-colombianos de uma área culturalmente diversa, mas não bem documentada da Amaza´nia na Amanãrica do Sul, alteraram significativamente sua paisagem milhares de anos antes do que se pensava.

As descobertas, publicadas na revista Proceedings of National Academy of Sciences , mostram evidaªncias de pessoas usando fogo e melhorando sua paisagem para agricultura e pesca hámais de 3.500 anos. Isso vai contra a noção frequentemente sustentada de uma Amaza´nia intocada durante os tempos pré-colombianos, antes da chegada dos europeus no final do século XV.

O estudo, que foi conduzido com especialistas da Universidade Northumbria do Reino Unido, também fornece mais pistas sobre o passado das diversas, mas não bem documentadas, culturas que vivem na área conhecida como Llanos de Mojos, no nordeste da Bola­via.

"Esta regia£o tem uma das mais diversas la­nguas do mundo, o que reflete modos de vida e herana§a cultural distintos", diz o coautor do estudo John Walker, professor associado do Departamento de Antropologia da UCF. "Na³s sabemos algo sobre os últimos 3.000 a 4.000 anos de, digamos, Europa ou Mediterra¢neo, mas não temos algumas dessas mesmas informações para as pessoas aqui. Isso torna esta história incra­vel esperando para ser escrita."

Parte da maneira como os pesquisadores esperam escrever essas histórias édescobrir as prática s econa´micas do passado distante.

A paisagem plana e aºmida dos Llanos de Mojos éusada para pecua¡ria hoje, mas os arqueólogos observaram hános as evidaªncias de vesta­gios de campos elevados pré-colombianos e aa§udes de peixes para aquicultura. Esses remanescentes indicavam que a terra já foi usada para agricultura e pesca. Os arqueólogos simplesmente não sabiam quando ou em quanto tempo essas atividades começam - atéagora.

Pesquisas anteriores apontaram para uma data de cerca de 300 dC, ou cerca de 1.700 anos atrás. No entanto, o novo estudo combinou experiência de várias disciplinas, como antropologia, paleoetnobota¢nica e paleoecologia, para indicar que o manejo intensivo da terra começou muito antes, por volta de 1.500 aC, ou cerca de 3.500 anos atrás.

"Esta descoberta éimportante porque fornece evidaªncias de que a Amaza´nia não éuma selva intocada, mas foi moldada e projetada por inda­genas milhares de anos antes da chegada dos espanha³is", diz Walker.

Esta éuma informação nova tanto para a história das culturas amaza´nicas, que não foram estudadas tanto quanto em outros casos, como os maias ou incas, quanto para a área, que muitas vezes épensada como um mundo intocado antes da chegada dos o espanhol.
 
Neil Duncan, o principal autor do estudo e paleoetnobota¢nico no Departamento de Antropologia da UCF, éespecializado no estudo de vesta­gios arqueola³gicos e paleoambientais de plantas para aprender como humanos e plantas interagiam no passado.

Com a ajuda da equipe de pesquisa, Duncan extraiu núcleos de terra de dois metros e meio de dois locais separados por cerca de 20 quila´metros em Llanos de Mojos.

Ao examinar esses núcleos, Duncan encontrou fita³litos de milho e aba³bora datando de 1380 aC e 650 aC, ou cerca de 3.000 anos atrás. Os fita³litos sãopartículas microsca³picas de sa­lica do tecido vegetal, e as descobertas sugerem que se tratava de plantas cultivadas nos numerosos campos elevados que pontilham a área.

Colegas da Northumbria University, no Reino Unido, examinaram os núcleos de carva£o, pa³len e diatoma¡ceas, que são algas unicelulares indicativas de ambientes aqua¡ticos.

Ambos os testemunhos mostraram tendaªncias semelhantes de condições de seca inicial nas camadas mais antigas da terra, seguidas por condições aºmidas aumentadas e uso de queima de madeira, evidenciado pela presença de altas concentrações de diatoma¡ceas e de carva£o, respectivamente. Os pesquisadores afirmam que a queima de lenha pode ser usada para cozinhar, fazer cera¢mica, aquecer e muito mais.

"Esta éa primeira vez que conseguimos mostrar no passado como as pessoas administravam suas terras e recursos ha­dricos em um sistema acoplado", disse Bronwen Whitney, professora associada de geografia e ciências ambientais que liderou a pesquisa da Northumbria Equipe da universidade. Whitney éespecialista emmudanças ambientais hista³ricas, principalmente na Amanãrica do Sul e Central.

“A intensificação do manejo de plantas, fogo e águaocorreu ao mesmo tempo, o que enfatiza como a agricultura ou a pesca eram igualmente importantes para as pessoas da regia£o”, diz Whitney.

Tambanãm digno de nota éque asmudanças nos dois núcleos para uma gestãomais intensiva da terra aconteceram em períodos diferentes, dizem os pesquisadores.

Um núcleo, conhecido como núcleo da Mercedes, mostrou a mudança para condições mais aºmidas e aumento do uso de fogo a partir de 1.500 aC, ou cerca de 3.500 anos atrás. O outro, extraa­do de um local a cerca de 13 milhas ao sul e conhecido como núcleo Quinato-Miraflores, mostrou a mudança ocorrendo por volta de 70 AC, ou cerca de 2.100 anos atrás.

Como asmudanças climáticas em larga escala teriam afetado ambas as áreas ao mesmo tempo, a diferença de tempo entre os dois núcleos sugere que os humanos estavam propositalmente projetando a terra, incluindo drenar a águaem algumas áreas, retaª-la em outras e usar a¡rvores como combusta­vel.

“Então, o que estãoacontecendo na paisagem éque estãoficando mais aºmido, e achamos que algumas dessas a¡rvores estãosendo inundadas e, portanto, não estãotão bem representadas”, diz Duncan. "E se as coisas estãoficando mais aºmidas, não devera­amos ver mais carva£o. Portanto, a interpretação éque são vera­amos essas grandes quantidades de carva£o se fossem humanos fazendo alguma queima muito intencional e intensiva."

Os pesquisadores dizem que os pra³ximos passos são investigar a função, história e papel dos aa§udes de peixes da área e aplicar novas técnicas para datar diretamente os terraplenagens e reconstruir uma história agra­cola mais detalhada para a regia£o.

Como parte deste estudo, os pesquisadores encomendaram uma ilustração da artista Kathryn Killackey. A ilustração éuma representação da paisagem pré-colombiana de cerca de 3.500 anos atrás, com base em sua reconstrução, e detalha como eles acreditam que a regia£o seria na anãpoca.

 

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