Humanidades

Jovens mulheres australianas em dificuldades financeiras tem duas a três vezes mais chances de sofrer violência
Nossas descobertas de um maior risco de violência para mulheres que vivem em dificuldades financeiras são uma preocupaa§a£o real, especialmente quando combinadas com a pesquisa de 2020 do Instituto Australiano de Criminologia .
Por r Alice Campbell e Janeen Baxter - 06/09/2021


Crédito: Unsplash 

Uma nova pesquisa realizada para a Caºpula Nacional sobre Segurança da Mulher nesta semana descobriu que a violência e a atividade sexual indesejada são muito mais comuns entre as mulheres jovens que estãopassando por dificuldades financeiras do que as que não estão.

Isso ocorre no momento em que o governo federal nega aos australianos presos e vivendo apenas de benefa­cios como o JobSeeker o tipo de apoio extra oferecido no ano passado, quando efetivamente dobrou o JobSeeker durante os primeiros meses da pandemia.

Nossas descobertas de um maior risco de violência para mulheres que vivem em dificuldades financeiras são uma preocupação real, especialmente quando combinadas com a pesquisa de 2020 do Instituto Australiano de Criminologia .

Essa pesquisa descobriu que das mulheres australianas que relataram violência física ou sexual de um parceiro durante os primeiros meses da pandemia de COVID-19, 65% experimentaram um aumento na gravidade ou frequência da violência, ou a experimentaram pela primeira vez.

Abuse duas a três vezes mais prova¡vel

Nossa pesquisa, usando dados de mulheres de 21 a 28 anos coletados para o Estudo Longitudinal Australiano de Saúde da Mulher de 2017 , descobriu que 14,4% haviam sofrido algum tipo de abuso nas ma£os de um atual ou ex-parceiro nos 12 meses anteriores.

A definição de abuso inclui abuso fa­sico, emocional e sexual , controle coercitivo, assanãdio e perseguição.

Entre as mulheres jovens que não relataram dificuldades financeiras, a taxa foi de 12,9%. Entre as mulheres jovens em dificuldades financeiras, era de 25,3%.

Caracterizamos as mulheres como passando por dificuldades financeiras se elas relatassem ter estado "muito" ou "extremamente" estressadas com dinheiro nos últimos 12 meses e também dissessem que era "sempre difa­cil" ou "impossí­vel" administrar sua renda.

No geral, 4,6% das mulheres jovens disseram ter sido vitimas de atividade sexual indesejada nos 12 meses anteriores.

Entre as mulheres jovens que não relataram dificuldades financeiras, a taxa foi de 4%. Entre as mulheres jovens em dificuldades financeiras, era de 9,4%.

No geral, 3,7% haviam experimentado pelo menos uma forma de abuso grave nas ma£os de um atual ou ex-parceiro nos 12 meses anteriores.

A definição inclui ser ameaa§ado ou agredido com uma arma, faca ou outra arma, ser trancado em uma sala e ser sufocado.

Entre as mulheres jovens que não relataram dificuldades financeiras, a taxa foi de 2,9%. Entre as mulheres jovens em dificuldades financeiras, era de 9,3%.

O abuso também leva a dificuldades financeiras.

Para examinar isso, comparamos as taxas de abuso entre mulheres jovens que não sofreram privações no ano anterior.

Entre as jovens mulheres australianas de 21 a 28 anos que não estavam passando por dificuldades financeiras em 2016, o risco de passar para dificuldades financeiras em 2017 foi de 5,6% para mulheres que não sofreram abusos no ano passado.

Entre as mulheres que tiveram atividade sexual indesejada, a taxa foi três vezes maior - 16,1%, em comparação com 5,6%.

Entre as mulheres que sofreram abuso severo do parceiro, a taxa foi quase quatro vezes maior - 20%, em comparação com 5,6%.

A pesquisa apresenta um caso forte para que os governos continuem a investir em programas, incluindo linhas de apoio e aconselhamento para lidar com a violência contra as mulheres, um caso reforçado pelo COVID-19.

A COVID criou novas oportunidades para as agaªncias agirem rapidamente com parcerias inovadoras e velozes, como aquelas observadas entre a pola­cia e os departamentos de saúde.

Mas, para promover uma mudança real, seránecessa¡rio olhar além de lidar com os perpetradores e apoiar as vitimas.

As causas da violência conjugal contra a mulher incluem desequila­brios de poder mais amplos, entre eles a ideia de "trabalho feminino", responsabilidades familiares desiguais, remunerar as mulheres de forma diferente e ignorar o trabalho de cuidado não remunerado.

Na Austra¡lia, as divisaµes de gaªnero institucionalizadas do trabalho no lar e no trabalho entrincheiram a desvantagem. Os dados do Forum Econa´mico Mundial mostram a pontuação geral da Austra¡lia em desvantagem de gaªnero retrocedendo.

 

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