Humanidades

Tinta vermelha em ma¡scara de ouro de 1.000 anos do Peru contanãm protea­nas do sangue humano
Agora, pesquisadores relatando no Journal of Proteome Research da ACS analisaram a tinta, descobrindo que, além de um pigmento vermelho, ela contanãm sangue humano e protea­nas de ovo de ave.
Por American Chemical Society - 27/10/2021


Uma amostra de tinta vermelha retirada de uma ma¡scara de 1.000 anos escavada em uma tumba de Sica¡n no Peru contanãm sangue humano e protea­nas de ovo de ave, além de um pigmento vermelho. Crédito: Journal of Proteome Research

Trinta anos atrás, os arqueólogos escavaram a tumba de um homem da elite de 40-50 anos da cultura Sica¡n do Peru, uma sociedade que antecedeu os Incas. O esqueleto sentado de cabea§a para baixo do homem estava pintado de vermelho brilhante, assim como a ma¡scara de ouro cobrindo seu cra¢nio separado. Agora, pesquisadores relatando no Journal of Proteome Research da ACS analisaram a tinta, descobrindo que, além de um pigmento vermelho, ela contanãm sangue humano e protea­nas de ovo de ave.

O Sica¡n foi uma cultura proeminente que existiu do século IX ao século XIV ao longo da costa norte do Peru moderno. Durante o Pera­odo Manãdio de Sica¡n (cerca de 900-1.100 DC), os metalaºrgicos produziram uma impressionante variedade de objetos de ouro, muitos dos quais foram enterrados em tumbas da classe de elite. No ini­cio da década de 1990, uma equipe de arqueólogos e conservadores liderados por Izumi Shimada escavou uma tumba onde o esqueleto de um homem de elite foi pintado de vermelho e colocado de cabea§a para baixo no centro da ca¢mara. Os esqueletos de duas jovens foram dispostas nas proximidades em poses de parto e parteira, e os esqueletos de duas criana§as agachadas foram colocados em umnívelsuperior. Entre os muitos artefatos de ouro encontrados na tumba estava uma ma¡scara de ouro pintada de vermelho, que cobria a face do cra¢nio destacado do homem. Na anãpoca, os cientistas identificaram o pigmento vermelho na tinta como cina¡brio, mas Luciana de Costa Carvalho, James McCullagh e seus colegas se perguntaram o que o povo Sica¡n tinha usado na mistura de tintas como material de ligação, que mantinha a camada de tinta presa aosuperfÍcie meta¡lica da ma¡scara por 1.000 anos.

Para descobrir, os pesquisadores analisaram uma pequena amostra da tinta vermelha da ma¡scara. A espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier revelou que a amostra continha protea­nas, então a equipe conduziu uma análise protea´mica usando espectrometria de massa em tandem. Eles identificaram seis protea­nas do sangue humano na tinta vermelha, incluindo albumina sanãricae imunoglobulina G (um tipo de anticorpo de soro humano). Outras protea­nas, como ovalbumina, vieram da clara do ovo. Como as protea­nas estavam altamente degradadas, os pesquisadores não conseguiram identificar a espanãcie exata de ovo de pa¡ssaro usada para fazer a tinta, mas um prova¡vel candidato éo pato-almiscarado. A identificação das protea­nas do sangue humano apoia a hipa³tese de que o arranjo dos esqueletos estava relacionado a um "renascimento" desejado do falecido lider Sica¡n, com a tinta contendo sangue que revestia o esqueleto do homem e a ma¡scara facial simbolizando sua "força vital, "dizem os pesquisadores.

 

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