Humanidades

A 'Gentrificação' muda a personalidade das cidades em apenas alguns anos, sugere o estudo
Os pesquisadores descobriram que apenas um aumento de US $ 50 em um prea§os manãdios das moradias de cidade fez com que a caracterí­stica de
Por Universidade de Cambridge - 16/12/2021


Abertura e trajeta³rias de custos de habitação de 2006 a 2014 em três grandes cidades dos Estados Unidos (Nova York, Chicago e Sa£o Francisco). Crédito: American Psychological Association

O aumento dos prea§os das residaªncias pode mudar a personalidade das cidades americanas em alguns anos, com os residentes tornando-se cada vez mais abertos - não apenas a  medida que as pessoas mais ricas se mudam, mas também entre os moradores mais antigos.

Isso éde acordo com um estudo conduzido pela Universidade de Cambridge com quase dois milhões de pessoas nos Estados Unidos que vivem em 199 cidades. Os psica³logos acompanharam as pontuações anuais de personalidade ao longo de nove anos (2006 a 2014) e compararam os dados aos mercados imobilia¡rios locais.

Os pesquisadores descobriram que apenas um aumento de US $ 50 em um prea§os manãdios das moradias de cidade fez com que a caracterí­stica de "abertura" aumentasse significativamente entre os residentes (em relação a outras cidades dos EUA). A abertura éum dos cinco principais traa§os de personalidade e captura na­veis de curiosidade e criatividade.

Mudanças nos prea§os das moradias foram associadas amudanças em 'Abertura' em cidades dos EUA onde a caracterí­stica já era muito alta em comparação com o resto dopaís, como Nova York e Chicago.

Mesmo em Sa£o Francisco, hámuito famosa por seus residentes de mente aberta, os na­veis de "abertura" em toda a cidade aumentaram drasticamente no período de nove anos, a  medida que os custos manãdios de moradia aumentaram em quase US $ 200.

Pesquisas anteriores mostraram que os prea§os das casas refletem amplamente a prevalaªncia de "amenidades sociais": de restaurantes a teatros, instalações esportivas, Espaços verdes e escolas com bom desempenho.

Os autores do estudo apontam que tais amenidades atraem pessoas de mente aberta e argumentam que um maior acesso a essas instalações ajuda a impulsionar "culturas locais de abertura".

"Tea³ricos que remontam a Karl Marx argumentam que o desenvolvimento econa´mico impulsionamudanças nacionais na personalidade e na cultura", disse o Dr. Friedrich Ga¶tz, principal autor do estudo publicado hoje no jornal American Psychologist .

“Agora podemos ver a rapidez com que essasmudanças ocorrem em comunidades menores e mais a¡geis, como cidades, onde grandesmudanças culturais podem ser experimentadas em apenas alguns anos, em vez de décadas ou séculos”, disse ele.

O traa§o de 'abertura' estãofortemente associado a votos e atitudes liberais, bem como a  atividade empreendedora. Tambanãm estãorelacionado ao status socioecona´mico : o desejo e a liberdade de explorar novas experiências podem ser um efeito colateral de riqueza e segurança suficientes.
 
A modelagem de dados foi usada para descontar o status socioecona´mico em umnívelindividual, incorporando a educação e a "classe social" autorrelatada nos ca¡lculos. A equipe também separou as cidades das tendaªncias gerais emnívelnacional e estadual para 'Abertura'.

Os psica³logos, então, investigaram duas maneiras principais pelas quais os prea§os das casas e amenidades associadas estãoligados amudanças de personalidade nas populações urbanas .

“Migração seletiva” équando certos tipos de pessoas se mudam para cidades ou bairros, atraa­dos pela cultura local. "Aculturação social" refere-se amudanças em personalidades individuais, neste caso por meio da exposição a maiores oportunidades - de cenas de artes a cozinhas diversas - e vizinhos mais abertos.

Os pesquisadores tentaram separar esses efeitos separando os dados em "populações estabelecidas" - aquelas que viviam em uma cidade antes de 2006, o primeiro ano do estudo - e "populações recanãm-chegadas": aquelas que se mudaram entre 2006 e 2014.

O estudo mostrou os dois fatores em jogo: o aumento dos custos de habitação previu um aumento significativo na "abertura" entre as populações estabelecidas e recanãm-chegadas nas cidades dos Estados Unidos.

"Mudanças substanciais de personalidade dentro das cidades podem ocorrer e ocorrem dentro de alguns anos", disse o Dr. Jason Rentfrow, autor saªnior do estudo do Departamento de Psicologia de Cambridge.

"As cidades são a­ma£s para certos tipos de pessoas, mesmo quando se tornam cada vez mais inacessa­veis - especialmente para os jovens. Essasmudanças culturais podem afetar a personalidade dos residentes de longa data."

"A pesquisa mostrou que a abertura estãorelacionada a  resiliencia econa´mica, capital criativo e inovação, bem como pola­tica e artes liberais", acrescenta o coautor Tobias Ebert. "O agrupamento geogra¡fico da personalidade reforça as diferenças sociais e econa´micas existentes em todo opaís. Podemos ver isso refletido nas divisaµes políticas contempora¢neas."

O autor do estudo aponta para cidades como Pittsburgh: outrora lar da indústria de colarinho azul, foi devastada pelo colapso da manufatura na década de 1970, mas em meados da década de 1980 tornou-se um centro para a medicina e o ensino superior - levando ao aumento dos custos de habitação e uma transformação cultural que continua a atrair os jovens de mente aberta.

Os pesquisadores analisaram todos os principais traa§os de personalidade, como neuroticismo e extroversão, como parte do estudo - mas apenas a abertura estava ligada aos custos de moradia. a‰ importante ressaltar que o prea§o da moradia parece impulsionar a cultura local, mas não vice-versa: aumentos na abertura não previam moradias mais caras .

 

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