As crena§as religiosas de homens encarcerados não melhoraram seus resultados relacionados a reinserção
O estudo descobriu que homens com crena§as religiosas esta¡veis ​​ou crescentes não tiveram melhores resultados relacionados a reentrada do que homens com crena§as religiosas decrescentes.
Crédito: Peter Griffin / domanio paºblico
Estudos sugerem que a religia£o pode ajudar os presos a lidar com a vida na prisão e que pode afetar a probabilidade de reincidaªncia. Um novo estudo longitudinal examinou como as crena§as religiosas de prisioneiros do sexo masculino afetaram sua reentrada na comunidade. O estudo descobriu que homens com crena§as religiosas esta¡veis ​​ou crescentes não tiveram melhores resultados relacionados a reentrada do que homens com crena§as religiosas decrescentes.
O estudo, realizado por pesquisadores da Pennsylvania State University e da Florida State University (FSU), aparece no Justice Quarterly , uma publicação da Academy of Criminal Justice Sciences.
"Numerosas barreiras, incluindo encontrar e manter empregos, garantir moradia, renovar laa§os com a familia e outros, impedem a religia£o de apoiar efetivamente o processo de reentrada de muitos homens encarcerados, o que pode incentivar a recaada", disse Iman Said, doutorando em sociologia e criminologia na Penn State, que liderou o estudo. "Nossas descobertas questionam os programas religiosos baseados na prisão como a única forma de reduzir a reincidaªncia e aumentar o sucesso pa³s-libertação e sugerem uma falta de relação entre as crena§as religiosas e a reincidaªncia."
Os estudos sobre religia£o e prisioneiros enfocaram a religia£o como um possível catalisador para a transformação da identidade - ajudando os indivíduos a chegar a um acordo com seu eu criminoso anterior e a se mover em direção a um eu futuro aspiracional, que os inspira a não reincidir. Outros estudos tem visto a religia£o como fonte de controle social informal, com sua influaªncia decorrente de fazer parte de um grupo religioso e ter amigos religiosos, o que pode diminuir a probabilidade de reincidaªncia.
Os estudiosos começam a mesclar esses dois caminhos, reconhecendo que os laa§os de rede costumam ser o ampeto para transformar a identidade e que a influaªncia do controle social informal depende de algum grau de agaªncia e mudança de identidade.
Neste estudo, os pesquisadores usaram dados longitudinais de homens em uma comunidade terapaªutica (um programa para homens com transtornos por uso de substâncias) em uma prisão da Pensilva¢nia, bem como informações da vida na prisão e pa³s- prisão , para explorar o impacto da religia£o na reentrada (para a análise quantitativa , 174 homens foram estudados; para a qualitativa, 51). Eles examinaram como a religia£o age sobre o comportamento dentro e fora da prisão, o efeito protetor da religia£o na reincidaªncia e a utilidade da religia£o em superar as barreiras estruturais na reentrada.
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A religiosidade foi medida por meio de entrevistas que incluaram questões sobre a frequência de participação em atividades religiosas antes, durante e depois da prisão.
A relação entre religia£o e desistaªncia (parar de ofender ou outro comportamento anti-social) pode ser complicada por barreiras estruturais a reentrada e altas taxas de uso de substâncias entre as populações encarceradas. O estudo também examinou o efeito do uso de substâncias entre as populações encarceradas e a dificuldade de reentrada e recuperação simulta¢neas, uma questãoimportante dada a prevalaªncia da religia£o nos programas de recuperação. Em vários pontos da história do sistema de justia§a criminal dos Estados Unidos, a programação baseada na férepresentou a maioria dos programas; os homens neste estudo tinham acesso regular a servia§os religiosos, programas baseados na fée um capela£o em tempo integral.
O estudo descobriu que pessoas encarceradas com crena§as religiosas esta¡veis ​​ou crescentes usavam a religia£o para reconciliar erros do passado e criar um eu futuro aspiracional; isso éconsistente com estudos que identificaram a religia£o como um catalisador potencial para a transformação de identidade. Muitos entrevistados disseram que praticavam a religia£o independentemente de programas organizados, com alguns passando o tempo lendo a Bablia ou se dedicando a autorreflexa£o, por exemplo.
Pessoas encarceradas com crena§as religiosas decrescentes tinham uma atitude mais desesperadora em relação a prisão e não confiavam em outras pessoas encarceradas. Eles tendiam a não ver a religia£o como uma experiência pessoal, mas como algo que poderia ser usado para preencher o tempo. Portanto, o papel da religia£o durante a prisão pode depender da abertura inicial dos indivíduos paramudanças positivas, sugerem os autores.
Em relação aos resultados pa³s-liberação, o potencial da religia£o para estimular a transformação da identidade reside em seu uso como um sinal para os membros da familia de que o indivaduo estãopronto para mudar e como um impulsionador que motiva o indivaduo a se ater a seus objetivos - mas mesmo isso se torna insuficiente com o tempo, o estudo descobriu.
Apesar da importa¢ncia das crena§as religiosas para motivar as pessoas encarceradas a transformar sua identidade e levar uma vida mais pra³-social, a religia£o foi insuficiente para superar as barreiras de uma reentrada e recuperação bem-sucedida, concluiu o estudo. Assim, ao contra¡rio das expectativas, os indivíduos que relataram aumento ou estabilidade das crena§as religiosas não tiveram melhores resultados de reentrada do que aqueles que relataram redução das crena§as religiosas. Muitos descobriram que não tinham tempo para assistir aos servia§os religiosos ou participar da autorreflexa£o, e muitos voltaram ao uso de substâncias.
O estudo também identificou alguns prisioneiros como não religiosos de forma esta¡vel. Esses homens eram mais propensos a serem brancos e mais jovens, a relatar o uso de opioides e a reincidir. Eles tinham naveis mais baixos de engajamento em seu programa de tratamento na prisão e tinham uma visão fatalista de sua capacidade de mudança. O aumento da idade na crise dos opioides, sugerem os autores, fez com que esses homens perdessem a féna capacidade de uma intervenção eficaz.
Embora as análises tenham mostrado que a religiosidade aumentada ou esta¡vel pode reduzir a probabilidade de reincidaªncia, essas categorias não alcana§aram significa¢ncia estatastica neste estudo. Em contraste, os homens no grupo não religioso de forma esta¡vel tinham maior probabilidade de recidiva, e essa relação era a única estatisticamente significativa. Mas em outras análises, nenhum dos homens do grupo religioso teve uma relação estatastica forte com a reincidaªncia, sugerindo que não hárelação entre religia£o e reincidaªncia.
"As descobertas do estudo tem implicações para a programação presencial", de acordo com Kim Davidson, professora assistente de criminologia e justia§a criminal da FSU, coautora do estudo. "Os programas religiosos são populares entre o paºblico e os legisladores, muitos dos quais acreditam que a religia£o pode mudar a disposição das pessoas encarceradas, resultando em uma pessoa pra³-social que reingressara¡ na sociedade com sucesso. Mas esses programas podem não melhorar a reentrada dos indivíduos na comunidade. "
Entre as limitações do estudo estãoo fato de seus dados provirem de uma instituição e de um pequeno número de participantes de uma comunidade terapaªutica, e não abordar potenciais diferenças entre religiosidade e espiritualidade.