Humanidades

Barreiras duras e poder brando: estudo avalia percepções externas sobre muros de fronteira
E seja separando americanos e mexicanos, israelenses e palestinos, alema£es orientais e alema£es ocidentais, ou quaisquer outros dois grupos, a divisão pola­tica dos muros de fronteira émanchete em todo o mundo.
Por Alina Ladyzhensky - 29/01/2022


Pixabay

Quando se trata de ser divisivo, não fica mais literal do que uma parede. As paredes existem como um meio de separação, criando uma sensação de segurança ao manter algo osou mais tipicamente alguém osdo lado de fora. E seja separando americanos e mexicanos, israelenses e palestinos, alema£es orientais e alema£es ocidentais, ou quaisquer outros dois grupos, a divisão pola­tica dos muros de fronteira émanchete em todo o mundo.

Observando as fortes reações que muitas pessoas tem em relação aos muros de fronteira , as pesquisadoras da Penn Diana Mutz e Beth Simmons se perguntaram se os muros carregavam um significado mais universal na mente humana, independentemente da nacionalidade de uma pessoa. E, como se vaª, eles fazem isso oscom implicações reais para a influaªncia internacional e o poder brando.

Mutz, o professor Samuel A. Stouffer de Ciência Pola­tica e Comunicação e diretor do Instituto para o Estudo de Cidada£os e Pola­tica da Escola Annenberg de Comunicação e do Departamento de Ciência Pola­tica da Escola de Artes e Ciências, estava interessado no psicologia pola­tica da distância e da separação. Simmons, professor da Universidade Andrea Mitchell da Penn Integrate Knowledge em Direito, Ciência Pola­tica e a‰tica Empresarial na Penn Carey Law, tinha um projeto em andamento envolvendo as consequaªncias do aumento da infraestrutura de fronteira nacional em todo o mundo.

Esses interesses de pesquisa relacionados convergiram quando Mutz e Simmons desenvolveram um experimento para avaliar como os muros de fronteira influenciam a maneira como os indivíduos consideram umpaís estrangeiro ose, crucialmente, de uma maneira que evite sentimentos pola­ticos altamente polarizados sobre as políticas de fronteira onde vivem.

“Pareceu-nos intuitivo e consistente com muitas pesquisas psicológicas que as paredes denotam hostilidade, um desejo de estar separado do que estãodo outro lado”, diz Mutz. “Pensamos que a melhor maneira de desembaraçar a pola­tica das percepções seria projetar um experimento que forçasse os entrevistados a pensar além de seu pra³prio contexto pola­tico”.

Suas descobertas, "A psicologia da separação: muros fronteiria§os, poder brando e vizinhana§a internacional", foram publicadas recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences . O estudo revelou que a presença de muros rebaixava a avaliação dos participantes sobre ospaíses lima­trofes e implicava relações internacionais hostis.

As impressaµes negativas consistentes que os participantes tiveram depaíses com infraestrutura de fronteira, dizem os coautores, são importantes para os formuladores de políticas terem em mente. Essas descobertas falam diretamente sobre o impacto potencial das políticas de segurança nas fronteiras no "poder brando" de umpaís, o tipo de influaªncia, tanto sobre os lideres quanto sobre o paºblico, que umpaís ganha quando visto favoravelmente por outrospaíses. O poder brando édeterminado por percepções estrangeiras da atratividade da cultura, políticas externas e valores de uma sociedade.
 
Trabalhando com uma equipe de estudantes de pós-graduação, os coautores reuniram imagens da internet no Tajiquistão e no Quirguistão, doispaíses sobre os quais eles achavam que os entrevistados provavelmente saberiam muito pouco. Mutz e Simmons queriam que os participantes não conhecessem os locais envolvidos, para que seus julgamentos não fossem influenciados pelo conhecimento prévio da reputação daquelepaís.

Com a ajuda de Waldo Aguirre e Anna Gamarnik do departamento de TI da Annenberg, eles criaram um pequeno documenta¡rio sobre a cultura e a história do Tajiquistão. Foi apresentada aos entrevistados uma das três versaµes do filme e, em seguida, solicitados a avaliar suas impressaµes sobre ospaíses retratados. Em uma versão, o narrador menciona que o Tajiquistão faz fronteira com o Quirguistão, mostrado como um vale entre duas montanhas. Em outra versão, o va­deo refere-se a uma “parede de fronteira”, com a imagem de uma parede apresentada. A terceira versão também mostra um muro e menciona explicitamente que o vizinho Quirguistão o construiu originalmente.

Eles conduziram o experimento em trêspaíses com experiências recentes variadas de infraestrutura de fronteira: os Estados Unidos, onde os muros fronteiria§os são extensos, mas parciais e politicamente controversos; Irlanda, onde as barreiras fronteiria§as foram desmanteladas desde o final da década de 1990; e a Turquia, cuja fronteira faz fronteira com uma guerra civil na Sa­ria e que fechou quase totalmente suas fronteiras sul e leste.

Além de os participantes terem uma percepção negativa dospaíses com muros fronteiria§os, os resultados mostraram que o governo dopaís responsável pela construção do muro foi visto de forma especialmente desfavora¡vel. E enquanto os muros aumentavam a percepção da segurança das fronteiras de umpaís, isso reduzia a percepção de segurança das pessoas que moram la¡.

Como observam os autores, essas reações foram consistentes independentemente das visaµes políticas dos participantes, dos contextos pola­ticos de seuspaíses de origem e de sua distância de uma fronteira internacional.

"As pessoas na Irlanda, nos Estados Unidos e na Turquia responderam da mesma maneira a  presença de um muro, e todos tinham em baixa estima opaís que o construiu", diz Simmons. "Na³s assumimos que aqueles que favorecem os muros em seu pra³prio contexto pola­tico domanãstico seriam menos propensos a tirar essas mesmas inferaªncias. Nãofoi isso que descobrimos."

Sentimentos positivos sobre os atributos "leves" de umpaís podem aumentar a influaªncia militar de umpaís e outras fontes de poder. O dano potencial que os muros fronteiria§os podem causar a  imagem de uma nação pode, posteriormente, corroer seu poder brando.

Isso não significa que os estados nunca devam erguer muros de fronteira, dizem os pesquisadores. "Mas éimportante avaliar a possibilidade de que algumas medidas simba³licas de segurança - das quais o muro pode ser uma - podem reduzir a atratividade de um estado mais do que aumentar a segurança nacional."

 

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