Humanidades

Aproveitando a ciência e a tecnologia contra os principais problemas do mundo
Da proliferaça£o nuclear a smudanças climáticas, Richard K. Lester utiliza talentos de pesquisa para mapear um caminho em direa§a£o a um planeta sustenta¡vel.
Por Leda Zimmerman - 09/04/2022


Forjar laa§os interdisciplinares e reunir pessoas criativas em torno de um objetivo comum provaram habilidades valiosas a  medida que Richard Lester assumiu posições de responsabilidade cada vez maior no Instituto, incluindo seu papel atual como reitor associado. Créditos: Foto: Gretchen Ertl

Olhando para trás em quase meio século no MIT,  Richard K. Lester , reitor associado e professor da indústria sideraºrgica do Japa£o, vaª uma “trajeta³ria profissional um tanto excaªntrica”.

Mas, embora seu caminho tenha sido irregular, houve uma linha claramente definida, diz Lester: o surgimento de novas ciências e novas tecnologias, o potencial desses desenvolvimentos para abalar o status quo e resolver alguns dos problemas mais importantes da sociedade, e o que os resultados podem significar para o lugar da Amanãrica no mundo.

Talvez nenhuma tarefa no portfa³lio de Lester capture melhor esse tema do que a nova competição do MIT  Climate Grand Challenges  . Liderada por Lester e Maria Zuber, vice-presidente de pesquisa do MIT, e lana§ada no auge da pandemia no vera£o de 2020, esta iniciativa foi projetada para mobilizar toda a comunidade de pesquisa do MIT para lidar com “os problemas realmente difa­ceis e desafiadores que atualmente estãono caminho. de uma resposta global eficaz a  emergaªncia climática”, diz Lester. “O foco estãonaqueles problemas onde o progresso requer o desenvolvimento e aplicação de conhecimentos de fronteira nas ciências naturais e sociais e tecnologias de ponta. Esta éa comunidade do MIT lutando contra as cercas em áreas onde temos uma vantagem comparativa.”

Este éum projeto de paixa£o para ele, principalmente porque envolveu colegas de quase todos os departamentos do MIT. Depois que quase 100 ideias iniciais foram submetidas por mais de 300 professores, 27 equipes foram nomeadas finalistas e receberam financiamento para desenvolver planos abrangentes de pesquisa e inovação em áreas como descarbonização de indaºstrias complexas; previsão e adaptação de riscos; promover a equidade climática; e remoção, gestãoe armazenamento de carbono. Em abril, um pequeno subconjunto desse grupo se tornara¡ projetos emblema¡ticos de vários anos, aumentando o trabalho das unidades existentes do MIT que estãorealizando pesquisas climáticas. Lester estãoradiante diante desses problemas extraordinariamente complexos. “Este éum esfora§o de baixo para cima com propostas empolgantes e onde o Instituto estãocomprometido coletivamente oséo MIT no seu melhor.”

Nuclear para o núcleo

Essa iniciativa traz uma ressonância particular para Lester, que continua profundamente engajado na engenharia nuclear. “O papel da energia nuclear écentral e precisara¡ se tornar ainda mais central se quisermos enfrentar o desafio clima¡tico”, diz ele. Ele também reconhece que, para que as tecnologias de energia nuclear ostanto de fissão quanto de fusão osdesempenhem um papel vital na descarbonização da economia, elas não devem apenas vencer “no tribunal da opinia£o pública, mas no mercado”, diz ele. “Ao longo dos anos, minha pesquisa procurou elucidar o que precisa ser feito para superar esses obsta¡culos.”

Na verdade, Lester vem fazendo campanha durante grande parte de sua carreira por uma agenda de inovação nuclear dos EUA, um compromisso que assume maior urgência a  medida que os contornos da crise climática se agua§am. Ele defende o rápido desenvolvimento e teste de tecnologias nucleares que possam complementar as fontes de energia renova¡veis, mas intermitentes, do sol e do vento. Sejam reatores poderosos, de grande escala, refrigerados a sal fundido ou reatores pequenos, modulares, de águaleve, baterias nucleares ou novos projetos de fusão promissores, a pola­tica energanãtica dos EUA deve abraçar a inovação nuclear, diz Lester, ou arriscar perder a corrida de alto risco para um futuro sustenta¡vel.

Transformando-se em uma disciplina

A introdução de Lester a  ciência nuclear foi pura casualidade.

Nascido na cidade industrial inglesa de Leeds, ele cresceu em uma familia musical e tocava piano, violino e viola. “Foi uma grande parte da minha vida”, diz ele, e por um tempo, a música acenou como uma carreira. Ele caiu em uma concentração de engenharia química no Imperial College, em Londres, depois de conseguir um emprego em uma fa¡brica de produtos químicos após o ensino manãdio. “Ha¡ uma certa aleatoriedade na vida e, no meu caso, isso se reflete na minha escolha de curso, que teve um impacto muito grande na minha carreira final.”

Em seu segundo ano, Lester conseguiu fazer um pequeno experimento no reator de pesquisa da universidade, sobre os efeitos da radiação em materiais. “Fiquei viciado e comecei a pensar em estudar engenharia nuclear.” Mas havia poucos programas de pós-graduação nas universidades brita¢nicas na anãpoca. Então a serendipidade atacou novamente. O instrutor do curso de humanidades de Lester no Imperial já havia ensinado no MIT e sugeriu que Lester desse uma olhada no programa nuclear de la¡. “Sempre serei grato a ele (e, indiretamente, ao programa de Humanidades do MIT) por abrir meus olhos para a existaªncia desta instituição onde passei toda a minha vida adulta”, diz Lester.

Ele chegou ao MIT com a ideia de mitigar os danos das armas nucleares. Foi uma anãpoca em que a corrida armamentista nuclear “era uma ameaça existencial na vida de todos”, lembra ele. Ele direcionou seus estudos de pós-graduação em proliferação nuclear. Mas ele também encontrou um estudo eletrizante do meteorologista do MIT, Jule Charney. “O professor Charney produziu uma das primeiras avaliações cienta­ficas dos efeitos sobre o clima do aumento das concentrações de CO 2  na atmosfera, com estimativas quantitativas que não mudaram fundamentalmente em 40 anos.”

Lester mudou de direção. “Vim para o MIT para trabalhar em segurança nuclear, mas permaneci no campo nuclear por causa das contribuições que ele pode e deve fazer para lidar com asmudanças climáticas”, diz ele.

Pesquisa e pola­tica

Seu caminho a seguir, acreditava Lester, envolveria a aplicação de sua experiência em ciência e tecnologia a problemas pola­ticos cra­ticos, fundamentados em preocupações imediatas do mundo real e visando impactos pola­ticos amplos. Mesmo como membro do NSE, ele se juntou a colegas de muitos departamentos do MIT para estudar as prática s industriais americanas e o que era necessa¡rio para torna¡-las globalmente competitivas, e então fundou o  Industrial Performance Center  (IPC) do MIT. Trabalhando no IPC com equipes interdisciplinares de professores e alunos sobre as fontes de produtividade e inovação, sua pesquisa o levou a váriospaíses em diferentes esta¡gios de industrialização, incluindo China, Taiwan, Japa£o e Brasil.

O amplo trabalho de Lester rendeu livros (incluindo o best-seller da MIT Press “ Made in America ”), posições de consultoria com governos, corporações e fundações e colaborações inesperadas. “Meus interesses sempre foram bastante amplos, e estar no MIT possibilitou me juntar a acadaªmicos lideres mundiais e estudantes extraordina¡rios não apenas em engenharia nuclear, mas em muitos outros campos, como ciência pola­tica, economia e administração”, diz ele. .

Forjar laa§os interdisciplinares e reunir pessoas criativas em torno de um objetivo comum provou ser uma habilidade valiosa quando Lester assumiu posições de responsabilidade cada vez maior no Instituto. Ele não gostou exatamente da perspectiva de um trabalho de escrita³rio, no entanto. “Evitei religiosamente funções administrativas atésentir que não poderia continuar evitando-as”, diz ele.

Hoje, como reitor associado, ele cuida das atividades internacionais do MIT osuma tarefa assustadora devido ao crescente escruta­nio das parcerias de pesquisa globais das universidades de pesquisa e educação de estudantes estrangeiros. Mas mesmo em meio a essas tarefas exaustivas, Lester continua dedicado ao seu departamento domanãstico. “Ser engenheiro nuclear éuma parte central da minha identidade”, diz ele.

Para os alunos que entram no campo nuclear quase 50 anos depois dele, que estãocompreensivelmente “ansiosos para consertar tudo o que parece errado imediatamente”, ele tem uma mensagem: “Seja paciente. As coisas difa­ceis, as que realmente valem a pena, levara£o muito tempo para serem feitas.” Deixar a crise climática para trás levara¡ duas gerações, acredita Lester. Os alunos atuais comea§ara£o o trabalho, mas também sera£o necessa¡rios os esforços da geração de seus filhos antes que ele seja feito. "Então, precisamos que vocêseja enanãrgico e criativo, éclaro, mas faz o que fizer, também precisamos que vocêseja paciente e tenha 'aderaªncia' - e talvez também uma baºssola moral que faltou a  nossa geração."

 

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