Humanidades

Uma coisa a mudar: pense mais como criana§as
Avi Loeb diz que a curiosidade da juventude oferece um modelo atraente para a pesquisa criativa
Por Foto do arquivo Kris Snibbe / Harvard - 20/07/2019


Avi Loeb publicou quatro livros e mais de 700 artigos sobre uma ampla gama de tópicos.


A única coisa que eu mudaria no mundo seria transformar meus colegas na academia para criana§as novamente, para que eles seguissem o caminho sincero de aprender sobre o mundo.

Nascemos inocentes e humildes, imaginando o mundo a  nossa volta e tentando descobrir isso, inicialmente sem sequer ter uma linguagem para expressar nossas descobertas. Nãohámaior privilanãgio de estar vivo do que essa experiência de aprendizado. Quando criana§as, toleramos erros e assumimos riscos porque são insepara¡veis ​​do processo de expansão de nossa base de conhecimento. Esses aspectos tornam a maioria das criana§as excitantes e autaªnticas.

Mas em algum lugar ao longo do caminho, quando algumas dessas mesmas criana§as ingressam na academia e recebem o privilanãgio de permanecer no cargo, elas perdem os traa§os da inocaªncia infantil e da curiosidade sem limites. Como professores seniores, eles podem se apegar a seus egos e navegar em direções que maximizam prêmios, honras e afiliação com sociedades ou organizações de presta­gio. Para melhorar a sua reputação, os professores titulares costumam criar “ca¢maras de eco” de estudantes e pa³s-docs que estudam teses com referaªncias aos seus trabalhos e contribuições para conferaªncias. O eco alto amplifica a influaªncia do mentor na comunidade acadaªmica.

"Nãohámaior privilanãgio de estar vivo do que esta experiência de aprendizagem."


Ha¡ algo de errado nessa progressão, da curiosidade infantil a  fama acadaªmica? Ao perseguir o interesse pra³prio, muitas vezes perdemos a noção do verdadeiro objetivo da busca acadaªmica: aprender sobre o mundo. Esse conflito éaparente quando a visão popular defendida pela autoridade não estãoalinhada com a verdade.

Um inevitavelmente comete erros e assume riscos ao explorar o desconhecido. Atémesmo Albert Einstein argumentou, no final de sua carreira, pela falta de "ação fantasmaga³rica a  distância" na meca¢nica qua¢ntica e contra a existaªncia de buracos negros e ondas gravitacionais. Agora sabemos, por meio de experimentos, que essas afirmações estavam erradas. Mas o benefa­cio da ciência éque aprendemos cometendo erros. Se não nos permitirmos nos aventurar no desconhecido, assumindo que o futuro sempre se assemelhara¡ ao passado com base em nossos sentimentos, nunca faremos descobertas.

A pesquisa pode ser uma profecia auto-realiza¡vel. Ao prever o que esperamos encontrar e usar novos dados para justificar o preconceito, evitaremos criar novas realidades. A inovação exige assumir riscos, a s vezes contra¡rios aos nossos melhores instintos acadaªmicos de melhorar nossa imagem dentro de nossa comunidade de acadaªmicos. Aprender significa dar maior prioridade ao mundo ao seu redor do que a vocêmesmo. Sem a atitude humilde de uma criana§a, a inovação desacelera e a eficiência da busca acadaªmica da verdade se detanãm. Todos nosnos tornamos itens de museu esta¡ticos ao invanãs de inovadores dina¢micos.

Como Galileu raciocinou depois de olhar atravanãs de seu telesca³pio, “nas ciências, a autoridade de mil não vale tanto quanto o humilde racioca­nio de um aºnico indiva­duo”. Eu adicionaria a nota de rodapéque a s vezes a Ma£e Natureza émais gentil com idanãias inovadoras do que pessoas esta¡. Quando estudamos o mundo, hámuito o que se preocupar. Mas, ao mesmo tempo, háuma famosa citação de Nachman de Breslov: "O mundo inteiro não passa de uma ponte muito estreita, e a chave não éter medo".

O propa³sito fundamental da posse épermitir que os indivíduos assumam riscos e se aventurem em territa³rios de conhecimento inexplorados sem preocupação com a segurança de seus empregos. Honras devem ser apenas maquiagem no rosto da academia, mas a s vezes elas se tornam uma obsessão.

Apesar da noção que muitas vezes éavana§ada por livros dida¡ticos, nosso conhecimento deve ser considerado como uma pequena ilha em um vasto oceano de ignora¢ncia. A maneira mais eficiente de adicionar massa terrestre a essa ilha énão ter medo das conseqa¼aªncias da originalidade, ao se dedicar a  emoção de encontrar a verdade, independentemente de aumentar o ego ou a reputação de professores titulares.

Vivemos por um curto período de tempo em um pequeno planeta, de cem quintilhaµes de outros planetas habita¡veis ​​no volume observa¡vel do Universo. Nãovamos fingir que somos tão especiais. Vamos manter alguma modanãstia ca³smica e estudar o mundo com sinceridade, assim como as criana§as.

 

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