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Canto inaudível para humanos é usado por anfíbios para se defender de predadores, indica estudo
pesquisadores registram, pela primeira vez na América do Sul, por rã endêmica da Mata Atlântica
Por André Julião (AGÊNCIA FAPESP) - 11/04/2024


Foto: HENRIQUE NOGUEIRA

Estudo publicado na revista Acta Ethologica registrou, pela primeira vez na América do Sul, o uso de ultrassom por anfíbios. Trata-se também do primeiro registro de uso dessa frequência sonora para defesa contra predadores, o chamado canto de agonia.

“Alguns potenciais predadores dos anfíbios, como morcegos, roedores e pequenos primatas, conseguem emitir e ouvir sons nessa frequência, inaudível para humanos. Uma de nossas hipóteses é que o canto de agonia seja direcionado para algum deles, mas é possível que a ampla frequência seja generalista, para espantar o maior número possível de predadores”, conta Ubiratã Ferreira Souza, primeiro autor do trabalho, realizado como parte de seu mestrado no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) com bolsa da FAPESP.

Outra hipótese é que o canto seja usado para atrair outro predador, que por sua vez atacaria o animal que estivesse em vias de predar o anfíbio, no caso, a rã-do-folhiço (Haddadus binotatus), espécie endêmica da Mata Atlântica.

Os pesquisadores gravaram o canto de agonia em duas ocasiões. Quando analisado por um software especial, o som apresentou frequências de 7 a 44 quilohertz, sendo que a partir dos 20 quilohertz ele é inaudível para humanos.

Durante o canto, a rã-do-folhiço faz uma série de movimentos típicos de defesa contra predadores. O animal levanta a parte frontal do corpo e abre a boca jogando a cabeça para trás. Depois, fecha a boca parcialmente, emitindo assim o canto com parte da frequência audível por nós, de 7 a 20 quilohertz, e parte inaudível, de 20 a 44 quilohertz.

“Uma vez que o Brasil tem a maior diversidade de anfíbios do mundo, com mais de 2 mil espécies descritas, não seria de admirar que outras rãs também emitam sons nessa frequência”, avalia Mariana Retuci Pontes, coautora do estudo e doutoranda no IB-Unicamp, com bolsa da FAPESP.

 

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