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Novo estudo mostra que os efeitos da obesidade refletem os do envelhecimento
Globalmente, estima-se que 1,9 bilha£o de adultos e 380 milhões de criana§as estejam acima do peso ou obesas. Segundo a Organizaa§a£o Mundial da Saúde, mais pessoas estãomorrendo de excesso de peso do que de baixo peso.
Por Concordia University - 25/02/2020


Sylvia Santosa acredita que esta pesquisa ajudara¡ as pessoas a entender
melhor como a obesidade funciona e estimular idanãias sobre como trata¡-la.
Crédito: Concordia University

Globalmente, estima-se que 1,9 bilha£o de adultos e 380 milhões de criana§as estejam acima do peso ou obesas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais pessoas estãomorrendo de excesso de peso do que de baixo peso. Pesquisadores da Concordia estãopedindo a s autoridades de saúde que repensem sua abordagem da obesidade.

Em seu artigo publicado na revista Obesity Reviews , os pesquisadores argumentam que a obesidade deve ser considerada envelhecimento prematuro. Eles examinam como a obesidade predispaµe as pessoas a adquirir os tipos de doenças potencialmente alteradoras ou com risco de vida normalmente observadas em indivíduos mais velhos: genomas comprometidos, sistema imunológico enfraquecido, diminuição da cognição, chances aumentadas de desenvolver diabetes tipo 2, doença de Alzheimer, doença cardiovascular , câncer e outras doena§as.

O estudo foi liderado por Sylvia Santosa, professora associada de saúde, cinesiologia e fisiologia aplicada na Faculdade de Artes e Ciências. Ela e seus colegas revisaram mais de 200 artigos que analisavam os efeitos da obesidade, desde onívelda canãlula ao tecido atéo corpo inteiro. O estudo foi co-escrito por Bjorn Tam, pa³s-doutorado na Horizon, e JoséMorais, professor associado do Departamento de Medicina da Universidade McGill.

"Estamos tentando argumentar de forma abrangente que a obesidade éparalela ao envelhecimento", explica Santosa, presidente de pesquisa de nutrição cla­nica do Canada¡. "De fato, os mecanismos pelos quais as comorbidades da obesidade e do envelhecimento se desenvolvem são muito semelhantes".

Das células para os sistemas

O artigo analisa as formas pelas quais a obesidade envelhece o corpo de várias perspectivas diferentes. Muitos estudos anteriores já vincularam a obesidade a  morte prematura. Mas os pesquisadores observam que nos na­veis mais baixos do corpo humano, a obesidade éum fator que acelera diretamente os mecanismos do envelhecimento.

Por exemplo, Santosa e seus colegas examinam os processos de morte celular e a manutenção de células sauda¡veis ​​- apoptose e autofagia, respectivamente - que geralmente estãoassociadas ao envelhecimento.

Estudos demonstraram que a apoptose induzida pela obesidade foi observada em corações, fa­gados, rins, neura´nios, ouvidos internos e retinas de ratos. A obesidade também inibe a autofagia, que pode levar ao ca¢ncer, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e Alzheimer.

Nonívelgenanãtico, os pesquisadores escrevem que a obesidade influencia uma sanãrie de alterações associadas ao envelhecimento. Isso inclui o encurtamento das capas protetoras encontradas nas extremidades dos cromossomos, chamados tela´meros. Os tela´meros em pacientes com obesidade podem ser 25% mais curtos do que os observados em pacientes controle, por exemplo.
 
Santosa e seus colegas apontam ainda que os efeitos da obesidade no decla­nio cognitivo, mobilidade, hipertensão e estresse são semelhantes aos do envelhecimento.

Retirando-se donívelcelular , os pesquisadores dizem que a obesidade desempenha um papel importante na luta do corpo contra doenças relacionadas a  idade. A obesidade, eles escrevem, acelera o envelhecimento do sistema imunológico, visando diferentes células imunola³gicas, e que a redução de peso posterior nem sempre revertera¡ o processo.

Os efeitos da obesidade no sistema imunológico, por sua vez, afetam a suscetibilidade a doenças como a gripe, que geralmente afeta pacientes com obesidade a uma taxa mais alta do que indivíduos com peso normal. Eles também apresentam maior risco de sarcopenia, uma doença geralmente associada ao envelhecimento que apresenta um decla­nio progressivo da massa e força muscular.

Por fim, o artigo explica como indivíduos com obesidade são mais suscetíveis a doenças intimamente associadas ao surgimento mais tardio, como diabetes tipo 2, Alzheimer e várias formas de ca¢ncer.

Semelhana§as grandes demais para serem ignoradas

Santosa diz que a inspiração para este estudo veio a ela quando percebeu quantas criana§as com obesidade estavam desenvolvendo doenças de ini­cio no adulto, como hipertensão, colesterol alto e diabetes tipo 2. Ela também percebeu que as comorbidades da obesidade eram semelhantes a s do envelhecimento.

"Pea§o a s pessoas que listem o maior número possí­vel de comorbidades da obesidade", diz Santosa. "Então pergunto quantas dessas comorbidades estãoassociadas ao envelhecimento. A maioria das pessoas dira¡, todas elas. Certamente, algo estãoacontecendo na obesidade que estãoacelerando nosso processo de envelhecimento".

Ela acha que essa pesquisa ajudara¡ as pessoas a entender melhor como a obesidade funciona e estimular idanãias sobre como trata¡-la.

"Espero que essas observações concentrem um pouco mais a nossa abordagem na compreensão da obesidade e, ao mesmo tempo, nos permitam pensar na obesidade de maneiras diferentes. Estamos fazendo diferentes tipos de perguntas do que as que tradicionalmente são feitas".

 

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