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O que a queda no mercado de ações significa para investidores individuais
Amedida que os mercados reagem a  crise do COVID-19. Perguntamos a James Choi, da Yale SOM, que examinou as implicaçaµes da pesquisa acadaªmica para finana§as pessoais, o que dizem os estudos sobre como responder a uma queda do mercado.
Por James Choi - 21/03/2020


Uma exibição na Bolsa de Nova York no final das negociações em 12 de mara§o de 2020. Foto: Bryan R. Smith / AFP via Getty Images.

Em circunsta¢ncias normais, como os investidores individuais devem reagir a fortes quedas no mercado de ações?

A sabedoria "inteligente" convencional éque apenas investidores ingaªnuos vendem suas participações aciona¡rias quando o mercado se aquece. Warren Buffett uma vez defendeu ser "medroso quando outros são gananciosos e gananciosos quando outros são medrosos". Em outras palavras, desacelerações do mercado são as oportunidades de investimento mais atraentes, portanto vocênão deve vender quando o mercado quebra.

Meu pensamento sobre isso foi alterado por um artigo de Alan Moreira e Tyler Muir, ex-colegas do Yale SOM, "Portfa³lios gerenciados pela volatilidade". Quedas acentuadas no mercado são acompanhadas por aumentos acentuados na volatilidade do mercado, e a volatilidade permanece previsivelmente alta por um curto período depois. Curiosamente, os retornos manãdios das ações não aumentam muito, se éque existem, durante períodos de volatilidade previsivelmente alta. Portanto, a compensação esperada que vocêrecebe por suportar uma unidade de risco éextraordinariamente baixa logo após uma quebra no mercado.

Isso significa que vocêpode obter melhores retornos ajustados ao risco se reduzir sua posição no mercado de ações quando a volatilidade atingir o pico, mas rapidamente voltara¡ quando a volatilidade se acalmar. (A meia-vida dos picos de volatilidade éde cerca de cinco meses.)

Um artigo recente de Scott Cederburg e seus co-autores destacou que édifa­cil para um investidor real lucrar com a estratanãgia de negociação acima, devido a  instabilidade na relação entre volatilidade recente e retornos futuros, por isso deve ser encarada com cautela. No entanto, acho que, para picos de volatilidade extrema como experimentamos durante a crise do COVID-19, érazoa¡vel que investidores inteligentes reduzam suas posições em ações.

Como a natureza dessa crise muda seu conselho?

Nãoacho que tenhamos informações sobre essa crise que indiquem que seja diferente de outras crises do ponto de vista do investimento. a‰ importante ter em mente que éimprova¡vel que esta crise, por mais dolorosa que seja a curto prazo, tenha efeitos econa´micos catastra³ficos a longo prazo. A gripe espanhola de 1918 foi muito mais devastadora economicamente porque atingiu pessoas em idade de trabalhar, enquanto os dados do COVID-19 indicam que a mortalidade estãofortemente concentrada entre os idosos. O mercado de ações dos EUA se saiu muito bem em 1918 e 1919.

O dano econa´mico puro do COVID-19 (sem contar o custo humano de vidas perdidas) resulta em grande parte da cessação da atividade econa´mica devido a tentativas de retardar sua propagação. Suponha que isso faz com que os lucros corporativos agregados caiam para 0 nos pra³ximos dois anos antes de voltarem aos na­veis do ano passado. (Lembre-se de que os lucros corporativos dos EUA não caa­ram para 0, mesmo em 2008 ou 2009.) Com uma taxa de desconto de 10% nos lucros, isso deve fazer com que o mercado de ações caia apenas 17%. Com uma taxa de desconto de 5% nos lucros, a queda no valor éde apenas 9%.

Seu conselho édiferente para quem estãose aproximando da aposentadoria?

Aqueles que estãopra³ximos da aposentadoria devem ter, na linha de base, portfa³lios de investimento mais conservadores. Nãoseria razoa¡vel que essas pessoas reduzam temporariamente suas alocações para zero. Os investidores mais jovens devem ter carteiras de investimento mais agressivas; modelos acadaªmicos padrãosugerem que os portfa³lios financeiros deveriam normalmente ter 100% de ações atéos 40 anos. (O conselho ta­pico de portfa³lio dado pelo setor financeiro émuito mais conservador do que o recomendado pelos modelos acadaªmicos.) Embora os investidores mais jovens possam considerar reduzir suas posições em ações, eu recomendaria não assumir essas posições até0.Estudos em vários doma­nios diferentes indicam que os modelos preditivos que recomendam ajustes extremos se saem mal em média, porque o futuro érealmente difa­cil de prever com muita precisão

 

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