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O temperamento infantil prevaª personalidade mais de 20 anos depois
O temperamento refere-se a diferenças individuais de base biológica na maneira como as pessoas emocional e comportamentalmente respondem ao mundo.
Por Institutos Nacionais de Saúde - 20/04/2020

cortesia

Pesquisadores que investigam como o temperamento molda os resultados do curso da vida adulta descobriram que a inibição comportamental na infa¢ncia prediz uma personalidade reservada e introvertida aos 26 anos. ansiedade e depressão) na idade adulta. O estudo, financiado pelo National Institutes of Health e publicado em Proceedings da National Academy of Sciences , fornece evidaªncias robustas do impacto do temperamento infantil nos resultados dos adultos.

"Embora muitos estudos associem o comportamento da primeira infa¢ncia ao risco de psicopatologia, as descobertas em nosso estudo são únicas", disse Daniel Pine, MD, autor do estudo e chefe da Seção NIMH de Desenvolvimento e Neurociaªncia Afetiva. "Isso ocorre porque nosso estudo avaliou o temperamento muito cedo na vida, vinculando-o a resultados que ocorreram mais de 20 anos depois por meio de diferenças individuais nos processos neurais".

O temperamento refere-se a diferenças individuais de base biológica na maneira como as pessoas emocional e comportamentalmente respondem ao mundo. Durante a infa¢ncia, o temperamento serve de base para a personalidade posterior. Um tipo especa­fico de temperamento, chamado inibição comportamental (BI), écaracterizado por comportamento cauteloso, medroso e evita¡vel em relação a pessoas, objetos e situações desconhecidos. Verificou-se que o BI érelativamente esta¡vel entre a primeira infa¢ncia e a infa¢ncia, e as criana§as com BI correm maior risco de desenvolver distúrbios de abstinaªncia social e ansiedade do que as criana§as sem BI.

Embora essas descobertas indiquem os resultados a longo prazo do temperamento inibido na infa¢ncia, apenas dois estudos atéo momento acompanharam criana§as inibidas desde a primeira infa¢ncia atéa idade adulta. O estudo atual, conduzido por pesquisadores da Universidade de Maryland, College Park, Universidade Cata³lica da Amanãrica, Washington, DC e Instituto Nacional de Saúde Mental, recrutou sua amostra de participantes aos 4 meses de idade e os caracterizou para BI aos 14 anos. meses (quase dois anos antes dos estudos longitudinais publicados anteriormente). Além disso, ao contra¡rio dos dois estudos publicados anteriormente, os pesquisadores inclua­ram uma medida neurofisiola³gica para tentar identificar diferenças individuais no risco de psicopatologia posterior.

Os pesquisadores avaliaram os bebaªs para BI aos 14 meses de idade. Aos 15 anos, esses participantes retornaram ao laboratório para fornecer dados neurofisiola³gicos. Essas medidas neurofisiola³gicas foram usadas para avaliar a negatividade relacionada a erros (ERN), que éuma queda negativa no sinal elanãtrico registrado no cérebro que ocorre após respostas incorretas em tarefas computadorizadas. A negatividade relacionada a erros reflete o grau em que as pessoas são sensa­veis a erros. Um sinal de negatividade maior relacionado a erro foi associado a condições internalizantes, como ansiedade, e uma negatividade menor relacionada a erro foi associado a condições externalizantes, como impulsividade e uso de substâncias. Os participantes retornaram aos 26 anos para avaliações de psicopatologia, personalidade, funcionamento social e resultados de educação e emprego.

"a‰ incra­vel que tenhamos conseguido manter contato com esse grupo de pessoas ao longo de tantos anos. Primeiro, seus pais e agora eles continuam interessados ​​e envolvidos no trabalho", disse o autor do estudo, Nathan Fox. D., do Departamento de Desenvolvimento Humano e Metodologia Quantitativa da Universidade de Maryland.

Os pesquisadores descobriram que a BI aos 14 meses de idade previa, aos 26 anos, uma personalidade mais reservada, menos relacionamentos roma¢nticos nos últimos 10 anos e menor funcionamento social com amigos e familiares. O BI aos 14 meses também previu na­veis mais altos de psicopatologia internalizadora na idade adulta, mas apenas para aqueles que também apresentaram maiores sinais de negatividade relacionados aos erros aos 15 anos. O BI não estava associado a  externalização da psicopatologia geral ou a resultados de educação e emprego.

Este estudo destaca a natureza duradoura do temperamento precoce nos resultados dos adultos e sugere que marcadores neurofisiola³gicos, como a negatividade relacionada a erros, podem ajudar a identificar indivíduos com maior risco de desenvolver psicopatologia internalizadora na idade adulta.

"Estudamos a biologia da inibição comportamental ao longo do tempo e éclaro que ele tem um efeito profundo que influencia o resultado do desenvolvimento", concluiu o Dr. Fox.

Embora este estudo replique e amplie pesquisas anteriores nessa área, são necessa¡rios trabalhos futuros com amostras maiores e mais diversificadas para entender a generalização desses achados.

 

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