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As evidaªncias existentes sugerem que as coberturas faciais não levam a uma falsa sensação de segurança
Usadas corretamente, as coberturas faciais podem reduzir a transmissão do va­rus como parte de um conjunto de medidas de protea§a£o, incluindo a manutena§a£o da distância física de outras pessoas e a boa higiene das ma£os.
Por Craig Brierley - 27/07/2020


Homem vestindo rosto cobrindo para proteger contra COVID-19
Crédito: Claudio Schwarz

As evidaªncias limitadas existentes sugerem que o uso de coberturas faciais para proteção contra o COVID-19 não leva a uma falsa sensação de segurança e éimprova¡vel que aumente o risco de infecção por usuários anteriores a outros comportamentos, como uma boa higiene das ma£os, afirmam pesquisadores da Universidade de Cambridge e King's College London.

"O conceito de compensação de risco, em vez da própria compensação de risco, parece ser a maior ameaça a  saúde pública, adiando intervenções potencialmente eficazes que podem ajudar a impedir a propagação da doena§a".

Theresa Marteau

Escrevendo no BMJ Analysis , os pesquisadores dizem que o conceito de 'compensação de risco' anã, por si são, a maior ameaça a  saúde pública, pois pode desencorajar os formuladores de políticas a implementar medidas potencialmente eficazes, como usar coberturas faciais.

Usar revestimentos faciais, principalmente em Espaços internos compartilhados, agora éobrigata³rio ou recomendado em mais de 160países para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2, o va­rus que causa o COVID-19. Usadas corretamente, as coberturas faciais podem reduzir a transmissão do va­rus como parte de um conjunto de medidas de proteção, incluindo a manutenção da distância física de outras pessoas e a boa higiene das ma£os.

Embora não esteja claro quanto efeito os revestimentos faciais tem, os cientistas instaram os formuladores de políticas a incentivar o uso de revestimentos faciais, porque os riscos são ma­nimos, enquanto o impacto potencial éimportante no contexto da pandemia do COVID-19.

No entanto, no ini­cio da pandemia, a Organização Mundial da Saúde alertou que o uso de coberturas faciais poderia "criar uma falsa sensação de segurança que pode levar a negligenciar outras medidas essenciais, como prática s de higiene das ma£os". Esse tipo de comportamento éconhecido como 'compensação de risco'.

Uma equipe liderada pela professora Dame Theresa Marteau, da Unidade de Pesquisa em Comportamento e Saúde da Universidade de Cambridge, examinou as evidaªncias de compensação de risco para verificar se as preocupações podem ser justificadas no contexto de revestimentos faciais para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2.

A ideia por trás da compensação de risco éque as pessoas tenham um na­vel-alvo de risco com o qual se sintam conforta¡veis ​​e ajustem seu comportamento para manter essenívelde risco. Em umnívelindividual, a compensação de riscos écomum: por exemplo, as pessoas correm por mais tempo para compensar uma refeição indulgente ansiosamente esperada e um ciclista pode usar um capacete para pedalar em alta velocidade.

Nonívelpopulacional, as evidaªncias para compensação de riscos são menos claras. Um exemplo comumente citado éo uso obrigata³rio de capacetes de bicicleta, supostamente levando a um aumento no número de lesões e fatalidades na bicicleta. Outro exemplo frequentemente citado éa introdução da profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) e vacinação contra o HPV, supostamente levando a um aumento do sexo desprotegido.

O professor Marteau e seus colegas dizem que os resultados das revisaµes sistema¡ticas mais recentes - uma técnica que envolve o exame de todas as evidaªncias disponí­veis sobre um ta³pico - não justificam as preocupações de compensação de risco para nenhum desses exemplos. De fato, para a vacinação contra o HPV, o efeito oposto foi encontrado: aqueles que foram vacinados eram menos propensos a se envolver em comportamento sexual desprotegido, medido pelas taxas de infecção sexualmente transmissa­vel.

Pelo menos 22 revisaµes sistema¡ticas avaliaram o efeito do uso de uma ma¡scara na transmissão de infecções por va­rus respirata³rios. Isso inclui seis estudos experimentais, envolvendo mais de 2.000 fama­lias no total - conduzidas em ambientes comunita¡rios que também mediram a higiene das ma£os. Embora nenhum dos estudos tenha sido desenvolvido para avaliar a compensação de risco ou o distanciamento social, seus resultados sugerem que o uso de máscaras não reduz a frequência de lavagem ou higienização das ma£os. De fato, em dois estudos, as taxas autorreferidas de lavagem das ma£os foram maiores nos grupos alocados ao uso de ma¡scaras.

A equipe também encontrou três estudos observacionais que mostraram que as pessoas tendem a se afastar daqueles que usam uma ma¡scara, sugerindo que os revestimentos faciais não afetam adversamente o distanciamento fa­sico, pelo menos por aqueles que cercam o usua¡rio. No entanto, eles dizem que, como nenhum desses estudos foi revisado por pares, eles devem ser tratados com cautela.

"O conceito de compensação de risco, em vez de compensação de risco em si, parece ser a maior ameaça a  saúde pública, adiando intervenções potencialmente eficazes que podem ajudar a prevenir a propagação da doena§a", disse o professor Marteau.

“Muitos órgãos de saúde pública estãochegando a  conclusão de que usar uma cobertura facial pode ajudar a reduzir a disseminação do SARS-CoV-2, e as poucas evidaªncias disponí­veis sugerem que seu uso não afeta negativamente a higiene das ma£os”, acrescentou. autor Dr. James Rubin do Departamento de Medicina Psicola³gica, King's College London.

Em seu artigo, a equipe argumenta que éhora de repousar a teoria da compensação de risco. O professor Barry Pless, da Universidade McGill, Montreal, Canada¡, certa vez o descreveu como "um cavalo morto que não precisa mais ser vencido". Os autores va£o mais longe, dizendo que "este cavalo morto agora precisa ser enterrado para tentar impedir a ameaça conta­nua que representa para a saúde pública, retardando a adoção de intervenções mais eficazes".

Os pesquisadores são apoiados pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde.

 

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