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Mudanças abruptas no passado do clima da Terra ocorreram de forma sa­ncrona
Um estudo das universidades de Cambridge e Melbourne descobriu que o ini­cio dasmudanças climáticas anteriores foi sincronizado em uma área que se estende do artico a s latitudes baixas.
Por Erin Martin-Jones - 21/08/2020


Espeleotemas na Caverna Corchia, Ita¡lia Central - Crédito: Ellen Corrick, Universidade de Melbourne

"Estas descobertas fornecem a confirmação de uma suposição persistente, mas, atéagora, infundada de que asmudanças climáticas entre os tra³picos e o artico foram sincronizadas"

Eric Wolff

O ašltimo Pera­odo Glacial, entre 115.000 e 11.700 anos atrás, foi pontuado por uma sanãrie demudanças climáticas severas: períodos quentes em que as temperaturas na Groenla¢ndia aumentaram em 8-16 ° C ao longo de uma década.

Dados dos núcleos de gelo da Groenla¢ndia e da Anta¡rtica sugerem que esses eventos de aquecimento, conhecidos como Interstadiais da Groenla¢ndia, ocorreram pelo menos 25 vezes durante este período. Sua marca também foi observada em registros clima¡ticos coletados de latitudes médias a baixas, levando os cientistas a questionar se essasmudanças generalizadas foram simulta¢neas ou se o aquecimento em algumas regiaµes ficou atrás de outras.

Mas resolver essa questãotem se mostrado um desafio porque registros com datas precisas de climas anteriores são relativamente raros. E namorar éa chave. Se os cientistas pudessem identificar com exatida£o o momento relativo do aquecimento em diferentes regiaµes, eles poderiam responder se o clima mudou sincronizadamente. 

O estudo , publicado na revista Science e liderado pela estudante de doutorado Ellen Corrick da Universidade de Melbourne, usa dados clima¡ticos detalhados de estalagmites (espeleotemas) para comparar o tempo dasmudanças climáticas entre as regiaµes. As estalagmites obtem informações detalhadas sobre a temperatura regional e a precipitação a  medida que crescem, e também podem ser datadas com precisão, geralmente com resolução decadal, usando a técnica de ura¢nio-ta³rio.

Corrick compilou dados clima¡ticos de 63 registros de espeleotemas coletados em cavernas na asia, Europa e Amanãrica do Sul - um conjunto de dados que soma 20 anos de pesquisas publicadas por equipes cienta­ficas de todo o mundo. O ini­cio de muitos Interstadiais da Groenla¢ndia foi claramente reconheca­vel nos dados do espeleotema, cada evento marcado por uma mudança no conteaºdo do isãotopo de oxigaªnio esta¡vel, δ18O.

Para testar se asmudanças eram sa­ncronas, a equipe usou manãtodos estata­sticos para comparar a idade de ini­cio dos interstadiais. Depois de ter certeza de que asmudanças intrarregionais eram simulta¢neas, a equipe analisou o momento relativo dos intersticiais entre a asia, a Europa e a Amanãrica do Sul. A comparação mais ampla mostrou que, dos 25 interstadiais estudados, 23 eram sa­ncronos.

De acordo com o coautor, Professor Eric Wolff, do Departamento de Ciências da Terra de Cambridge, as descobertas “fornecem a confirmação de uma suposição persistente, mas, atéagora, infundada de que asmudanças climáticas entre os tra³picos e o artico eram sincronizadas”.

A equipe passou a comparar seus dados de espeleotema com simulações de modelos de futurasmudanças climáticas abruptas. “ Uma caracterí­stica interessante deste estudo équanto bem os resultados do modelo clima¡tico concordam com os dados da estalagmite. Isso nos da¡ mais confianção nos modelos clima¡ticos que ' vaª construa­do “, disse o coautor Professor Xu Zhang de Lanzhou Universidade China, que conduziu experimentos modelo no Instituto Alfred Wegener, na Alemanha.

As descobertas lana§am luz sobre os padraµes e o tempo dessas fases de aquecimento, também conhecidas como eventos Dansgaard-Oeschger. Mas sua causa, sejam fatores externos, como a altura do manto de gelo, gases do efeito estufa, degelo e vulcanismo, ou oscilações internas na circulação do Oceano Atla¢ntico, permanece, por enquanto, uma questãoem aberto.

 

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