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Jogando um lena§ol quente sobre nossa compreensão do gelo e do clima
A reconstrua§a£o das temperaturas dasuperfÍcie global, da¡ aos pesquisadores uma melhor compreensão de um momento-chave na história do clima da Terra - quando ele passou de um estado de “estufa” para um estado de “casa de gelo”.
Por Jim Shelton - 29/09/2020


(© stock.adobe.com)

As temperaturas nas latitudes mais altas da Terra eram quase tão altas depois do desenvolvimento das camadas de gelo polares da Anta¡rtica quanto antes da glaciação, de acordo com um novo estudo conduzido pela Universidade de Yale. A descoberta abala a compreensão ba¡sica da maioria dos cientistas de como o gelo e o clima se desenvolvem ao longo de longos períodos de tempo.

O estudo, baseado na reconstrução das temperaturas dasuperfÍcie global, da¡ aos pesquisadores uma melhor compreensão de um momento-chave na história do clima da Terra - quando ele passou de um estado de “estufa” para um estado de “casa de gelo”. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences na semana de 28 de setembro.

“ Este trabalho preenche um capa­tulo importante, em grande parte não escrito, na história da temperatura dasuperfÍcie da Terra”, disse  Pincelli Hull , professor assistente de estudos terrestres e planetarios em Yale e autor saªnior do estudo.

Charlotte O'Brien, ex-Instituto de Estudos Biosfanãricos de Yale (YIBS) Donnelley Postdoctoral Fellow que agora épa³s-doutoranda associada na University College London, éa autora principal do estudo.

Durante o período Eoceno (de 56 a 34 milhões de anos atrás), as temperaturas nas latitudes mais altas da Terra eram muito mais altas do que são hoje. A formação de mantos de gelo polares começou perto do final do período Eoceno - e foi associada por muitos cientistas ao ini­cio do resfriamento global durante o período Oligoceno (33,9 a 23 milhões de anos atrás).

“ Isso desafia nossa compreensão ba¡sica de como funciona o clima, bem como a relação entre o clima e o volume de gelo ao longo do tempo”,

 O'Brien

Embora tenha havido muito foco cienta­fico no desenvolvimento da glaciação da Anta¡rtica, houve relativamente poucos registros de temperatura dasuperfÍcie do mar para o período do Oligoceno.

Os pesquisadores geraram novos modelos de temperatura dasuperfÍcie do mar para o Oligoceno em dois locais oceânicos no Atla¢ntico tropical ocidental e no Atla¢ntico sudoeste. Eles combinaram os novos dados com outras estimativas de temperatura dasuperfÍcie do mar existentes para as anãpocas Oligoceno e Eoceno, além de dados de modelagem climática.

O resultado foi uma reconstrução de como as temperaturas dasuperfÍcie evolua­ram em um momento-chave da história do clima da Terra, quando ela passou de um estado de estufa para um estado de gelo com a glaciação da Anta¡rtica.

“ Nossa análise revelou que as temperaturas dasuperfÍcie da 'casa de gelo' do Oligoceno eram quase tão altas quanto as do clima 'estufa' do final do Eoceno”, disse O'Brien.

O estudo estimou que as temperaturas médias globais dasuperfÍcie (GMSTs) durante o Oligoceno eram de aproximadamente 71 a 75 graus Fahrenheit, semelhantes aos GMSTs do final do Eoceno de cerca de 73 graus Fahrenheit. Para contextualizar, em 2019 a média do GMST era de 58,7 graus Fahrenheit, de acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration.

“ Isso desafia nossa compreensão ba¡sica de como funciona o clima, bem como a relação entre o clima e o volume de gelo ao longo do tempo”, disse O'Brien.

O falecido professor de Yale, Mark Pagani, foi co-autor do estudo. Outros co-autores foram a cientista pesquisadora saªnior de Yale Ellen Thomas, os ex-pesquisadores de Yale James Super e Leanne Elder, e o professor da Universidade Purdue, Matthew Huber.

A National Science Foundation e o programa YIBS Donnelley Environmental Fellowship financiou a pesquisa.

 

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